As
inaugurações dos túneis e da estrada da Ribeira Quente Foram dois momentos que
marcaram uma nova etapa na história desta localidade. Representam a abertura
deste povoado ao exterior, a sua libertação de um quase total isolamento.
Inauguração da galeria de avanço do 2º túnel
A
22 de junho de 1939, teve lugar na Ribeira Quente a inauguração da galeria de
avanço do 2º túnel.

Na
festa do lado da Ribeira Quente havia também ramos suspensos no ar com as palavras,
Viva Salazar.
Pelas
15 horas os foguetes anunciaram a chegada das autoridades que foram recebidas
pelo Eng.º Floriano Borges.
Ilustraram
essa cerimónia com a sua presença, o Governador Civil, Dr. Vieira Neves e sua
esposa Sr.ª D. Maria Lucélia Bragança.
A
representar a Junta Geral do distrito Dr. Duarte Manuel de Andrade de
Albuquerque Bettencourt, Dr. João Bernardino de Oliveira Rodrigues, Raul de
Mendonça e Dr. António A. De Mendonça Dias.

A
abertura da cerimónia foi feita pelo Dr. Duarte Manuel Andrade A. Bettencourt,
presidente da Junta Geral, o qual dirigiu o seu agradecimento ao Sr. Governador
Civil pela sua comparência naquela inauguração.
Proferiu
em breves palavras que a dita obra foi da competência da Comissão
Administrativa da Junta Geral, com a comparticipação do Estado, não deixando de
realçar que fora preocupação constante da Comissão a distribuição dos trabalhos
às populações do distrito de Ponta Delgada de maneira proporcional.
Ao
terminar, não deixou de recordar a condição de isolamento da Ribeira Quente
antes da realização da estrada de rodagem.

De
seguida teve a palavra o Sr. Governador Civil, deixando registadas as suas
congratulações à Administração da Junta Geral que orientou a obra e a todos
aqueles que nela desenvolveram o seu trabalho, inteligência e esforço.
Prosseguiu
a cerimónia, passando-se ao ato inaugural da obra. O Sr. Floriano Borges
recebeu do apontador a simbólica picareta que a entregou ao Dr. Vieira Neves
pedindo-lhe que fosse sua esposa, Sr.ª D. Maria Tereza Neves, a praticar o
primeiro golpe na galeria do 2º túnel.
A
espessura aproximadamente de 15cm, que separava os dois lados do túnel, fora
naquele momento aberta. Primeiro um pequeno orifício pela Sr.ª D. Maria Neves,
e depois pelos trabalhadores, que o transformaram em passagem. Esse momento
fora coroado com palmas e foguetes.
Após
este ato, o Sr. Governador Civil e os restantes convidados atravessaram o
túnel.

Entretanto,
os mestres da obra: Manuel Galante e José Pimentel foram apresentados pelo Sr.
Floriano Borges aos Sr.ºs Governador Civil e Presidente da Junta Geral, a
pedido destes.
De
seguida, as crianças cantaram o hino A Portuguesa, que fora ouvido por todos em
sentido.
À
despedida foram levantadas vivas ao Sr. Governador Civil, ao Presidente da
Junta Geral, aos Sr. Floriano Borges e ao Estado Novo.
Seguiu-se
um refresco oferecido s todos os convidados.
Inauguração da estrada Túnel da Ribeira Quente
A
11 de Agosto de 1940 o Correio dos Açores, a 14 e 16 de Agosto de 1940 o Diário
dos Açores.
Enquadrada
nas Comemorações Nacionais do Duplo Centenário da Fundação e Restauração da
Independência de Portugal, no dia 18 de Agosto de 1940, promovidas pela Junta
Geral, pelas 15:00 horas, a inauguração da estrada Túnel da Ribeira Quente
tornou-se realidade.
Naquele
dia festivo, o povo da Ribeira Quente preparou-se para receber na sua terra as
mais distintas autoridades do distrito.
Convidados
pelo Presidente da Comissão local dos Centenários e da Comissão Administrativa
da Junta Geral, Dr. Duarte Albuquerque, estavam presentes: Dr. João Correia da
Silva, Governador do distrito, substituto, General Ernesto Machado, Governador
Militar dos Açores; Capitão Jaime Adelino César Gomes, Comandante da P.S.P.;
Dr. Ernesto Hintze Ribeiro, representante do Comandante Distrital da Legião
Portuguesa; Pe. José Gomes, Ouvidor Eclesiástico; Comissão Administrativa da
Junta Geral; Municípios da ilha de São Miguel; Diretor das Finanças, Dr.
Rodrigo Rodrigues; Chefe da Secretaria da Junta Geral, Dr. Francisco Manuel
Rego Costa; representantes do Diretor Escolar; Adjunto do Delegado Provincial,
Manuel Moniz Morgado; Engenheiros Francisco Xavier Vaz Pacheco de Castro,
Clemente Soares de Medeiros, Abel Coutinho, o Eng.º Auxiliar Floriano Victor
Borges e os representantes da imprensa.
A
entrada do túnel encontrava-se vedada com uma fita com as cores nacionais, que
fora cortada pelo Sr. Dr. João Correia da Silva, simbolizando a abertura do
ramal ao trânsito.
Este
acontecimento simbólico fora antecedido pelo discurso do Presidente da Comissão
dos Centenários, prosseguindo-se a oferta de ramos de flores pelos apontadores
da obra, ao Sr. Governador do Distrito, ao Eng.º Francisco Pacheco e ao Eng.º
auxiliar Floriano Victor Borges.
O
Dr. João Correia da Silva cortou a fita simbólica, ficando o ramal aberto.
Aberta
a estrada, os automóveis com as entidades convidadas atravessaram os túneis em
direção à Ribeira Quente.
O
povoado encontrava-se devidamente embandeirado. A banda de música Harmónica Furnense, as crianças das
escolas com os respetivos professores e todo o povo da Ribeira Quente receberam
as autoridades.

Encerradas
as cerimónias, num pavilhão armado na rua principal da Ribeira Quente, discursou
em nome do povo, o professor António do Rego Soares.
Agradecendo
o grande benefício concedido pelo Estado Novo àquela terra e felicitando todos
aqueles que trabalharam para a realização daquela obra, o professor realça
também a importância do contributo daquela região em impostos para o Estado e
alerta para as consequências do facto da obra já ter terminado.
______________________________________
(12) - In jornal A Ilha, 20 de Agosto de 1940.
Fonte:
Livro de Maria de Deus Raposo Medeiros Costa “Os Túneis da Liberdade”
Sem comentários:
Enviar um comentário