As
inaugurações dos túneis e da estrada da Ribeira Quente Foram dois momentos que
marcaram uma nova etapa na história desta localidade. Representam a abertura
deste povoado ao exterior, a sua libertação de um quase total isolamento.
Inauguração da galeria de avanço do 2º túnel
A
22 de junho de 1939, teve lugar na Ribeira Quente a inauguração da galeria de
avanço do 2º túnel.
Descreve-nos
a imprensa da época que, à entrada do túnel em construção e sob o plano
inclinado que dava acesso à comunicação com a galeria de avanço, encontrava-se
desenhada com flores naturais a seguinte dedicatória: Bem Vindo.
Na
festa do lado da Ribeira Quente havia também ramos suspensos no ar com as palavras,
Viva Salazar.
Pelas
15 horas os foguetes anunciaram a chegada das autoridades que foram recebidas
pelo Eng.º Floriano Borges.
Ilustraram
essa cerimónia com a sua presença, o Governador Civil, Dr. Vieira Neves e sua
esposa Sr.ª D. Maria Lucélia Bragança.
A
representar a Junta Geral do distrito Dr. Duarte Manuel de Andrade de
Albuquerque Bettencourt, Dr. João Bernardino de Oliveira Rodrigues, Raul de
Mendonça e Dr. António A. De Mendonça Dias.
Marcaram
também a sua presença os senhores, Dr. Francisco Vaz Pacheco de Castro, diretor
das Obras Públicas; Floriano Augusto Borges, condutor chede de secção; Dr.
Francisco Rego Costa, secretário da Junta Geral; Dr. Egas de Castro, Alberto
Benevides e os representantes da imprensa: Manuel José Dias pelo Correio dos
Açores; Manuel Inácio de Melo pela Ilha; Aníbal Bicudo pelo Diário dos Açores;
o engenheiro Barradas, avaliador da Caixa Geral de Depósitos, Dr. Frederico
Moniz Pereira e o fotógrafo Kurt Michaelis.
A
abertura da cerimónia foi feita pelo Dr. Duarte Manuel Andrade A. Bettencourt,
presidente da Junta Geral, o qual dirigiu o seu agradecimento ao Sr. Governador
Civil pela sua comparência naquela inauguração.
Proferiu
em breves palavras que a dita obra foi da competência da Comissão
Administrativa da Junta Geral, com a comparticipação do Estado, não deixando de
realçar que fora preocupação constante da Comissão a distribuição dos trabalhos
às populações do distrito de Ponta Delgada de maneira proporcional.
Ao
terminar, não deixou de recordar a condição de isolamento da Ribeira Quente
antes da realização da estrada de rodagem.
Encerrando
o seu discurso, felicitou o diretor das Obras Públicas Eng.º Francisco Pacheco
de Castro e o autor do projeto, Sr. Floriano Borges, estendendo os elogios aos
seus dirigentes e a todos os funcionários das Obras Públicas.
De
seguida teve a palavra o Sr. Governador Civil, deixando registadas as suas
congratulações à Administração da Junta Geral que orientou a obra e a todos
aqueles que nela desenvolveram o seu trabalho, inteligência e esforço.
Prosseguiu
a cerimónia, passando-se ao ato inaugural da obra. O Sr. Floriano Borges
recebeu do apontador a simbólica picareta que a entregou ao Dr. Vieira Neves
pedindo-lhe que fosse sua esposa, Sr.ª D. Maria Tereza Neves, a praticar o
primeiro golpe na galeria do 2º túnel.
A
espessura aproximadamente de 15cm, que separava os dois lados do túnel, fora
naquele momento aberta. Primeiro um pequeno orifício pela Sr.ª D. Maria Neves,
e depois pelos trabalhadores, que o transformaram em passagem. Esse momento
fora coroado com palmas e foguetes.
Após
este ato, o Sr. Governador Civil e os restantes convidados atravessaram o
túnel.
Do
lado da Ribeira Quente, esperavam-lhes um número considerável de povo e os
professores primários da freguesia, Sr.ª D. Maria José Botelho e o Sr. Artur
Brilhante que se faziam acompanhar dos respetivos alunos, os quais ofereceram,
a sua Excelência, o Governador Civil e sua esposa, ao Presidente da Junta
Geral, ao Diretor das Obras Públicas e ao chefe da obra, ramos de flores num
gesto simbólico de gratidão.
Entretanto,
os mestres da obra: Manuel Galante e José Pimentel foram apresentados pelo Sr.
Floriano Borges aos Sr.ºs Governador Civil e Presidente da Junta Geral, a
pedido destes.
De
seguida, as crianças cantaram o hino A Portuguesa, que fora ouvido por todos em
sentido.
À
despedida foram levantadas vivas ao Sr. Governador Civil, ao Presidente da
Junta Geral, aos Sr. Floriano Borges e ao Estado Novo.
Seguiu-se
um refresco oferecido s todos os convidados.
Inauguração da estrada Túnel da Ribeira Quente
A
11 de Agosto de 1940 o Correio dos Açores, a 14 e 16 de Agosto de 1940 o Diário
dos Açores.
Enquadrada
nas Comemorações Nacionais do Duplo Centenário da Fundação e Restauração da
Independência de Portugal, no dia 18 de Agosto de 1940, promovidas pela Junta
Geral, pelas 15:00 horas, a inauguração da estrada Túnel da Ribeira Quente
tornou-se realidade.
Naquele
dia festivo, o povo da Ribeira Quente preparou-se para receber na sua terra as
mais distintas autoridades do distrito.
Convidados
pelo Presidente da Comissão local dos Centenários e da Comissão Administrativa
da Junta Geral, Dr. Duarte Albuquerque, estavam presentes: Dr. João Correia da
Silva, Governador do distrito, substituto, General Ernesto Machado, Governador
Militar dos Açores; Capitão Jaime Adelino César Gomes, Comandante da P.S.P.;
Dr. Ernesto Hintze Ribeiro, representante do Comandante Distrital da Legião
Portuguesa; Pe. José Gomes, Ouvidor Eclesiástico; Comissão Administrativa da
Junta Geral; Municípios da ilha de São Miguel; Diretor das Finanças, Dr.
Rodrigo Rodrigues; Chefe da Secretaria da Junta Geral, Dr. Francisco Manuel
Rego Costa; representantes do Diretor Escolar; Adjunto do Delegado Provincial,
Manuel Moniz Morgado; Engenheiros Francisco Xavier Vaz Pacheco de Castro,
Clemente Soares de Medeiros, Abel Coutinho, o Eng.º Auxiliar Floriano Victor
Borges e os representantes da imprensa.
A
entrada do túnel encontrava-se vedada com uma fita com as cores nacionais, que
fora cortada pelo Sr. Dr. João Correia da Silva, simbolizando a abertura do
ramal ao trânsito.
Este
acontecimento simbólico fora antecedido pelo discurso do Presidente da Comissão
dos Centenários, prosseguindo-se a oferta de ramos de flores pelos apontadores
da obra, ao Sr. Governador do Distrito, ao Eng.º Francisco Pacheco e ao Eng.º
auxiliar Floriano Victor Borges.
O
Dr. João Correia da Silva cortou a fita simbólica, ficando o ramal aberto.
Aberta
a estrada, os automóveis com as entidades convidadas atravessaram os túneis em
direção à Ribeira Quente.
O
povoado encontrava-se devidamente embandeirado. A banda de música Harmónica Furnense, as crianças das
escolas com os respetivos professores e todo o povo da Ribeira Quente receberam
as autoridades.
Relata
o jornal A Ilha, que o “povo da Ribeira Quente está ali de fato domingueiro,
bota calçada, mantilha desdobrada, sorriso aberto com uma alegria que não tem
similar. Uma banda de música executa uma marcha a preceito e as crianças das
escolas com os respetivos estandartes, estendem os braços em continência…”(12).
Encerradas
as cerimónias, num pavilhão armado na rua principal da Ribeira Quente, discursou
em nome do povo, o professor António do Rego Soares.
Agradecendo
o grande benefício concedido pelo Estado Novo àquela terra e felicitando todos
aqueles que trabalharam para a realização daquela obra, o professor realça
também a importância do contributo daquela região em impostos para o Estado e
alerta para as consequências do facto da obra já ter terminado.
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(12) - In jornal A Ilha, 20 de Agosto de 1940.
Fonte:
Livro de Maria de Deus Raposo Medeiros Costa “Os Túneis da Liberdade”
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