Artigo
de Tomé Lopes, Presidente da Associação Portuguesa de Urologia
A
hiperplasia benigna da próstata (HBP) é uma condição com um grau de prevalência
bastante elevado. Esta doença corresponde ao aumento da zona da próstata que
envolve a uretra. A sua incidência aumenta com a idade, afetando de forma
sintomática aproximadamente 25 por cento dos homens com idade superior a 40
anos e um em cada três homens com mais de 65 anos.
A
HBP tem um impacto profundo na qualidade de vida dos doentes e é uma doença
progressiva que, caso não seja tratada, pode levar a complicações tais como a
retenção urinária, infeções urinárias, litíase (“pedras”) vesical, lesões na
bexiga, nos rins, incontinência urinária e eventualmente cirurgia.
Os
sintomas estão tecnicamente agrupados em sintomas de esvaziamento e sintomas de
armazenamento. Muitos deles são bastante conhecidos (micção fraca, hesitação no
início da micção, gotejamento terminal, sensação de não esvaziamento completo,
frequência urinária aumentada, urgência, dor/desconforto ao urinar), mas os
doentes costumam olhar para estes sintomas como sendo “normais” com o avançar
da idade, não lhes dando muita importância. Visto a HBP ser uma doença
progressiva que pode levar a complicações (nomeadamente retenções urinárias
agudas e cirurgia), é importante que os homens acima dos 50 anos visitem regularmente
o seu médico e que avisem caso sintam algum dos sintomas descritos
anteriormente.
Os
fármacos mais utilizados para tratar sintomas são da classe “alfa-bloqueantes”,
que são medicamentos que funcionam como “relaxantes musculares”. Como a
próstata é constituída na sua grande maioria por músculo liso, o
alfa-bloqueador vai fazer com que haja um relaxamento do músculo da próstata,
libertando por sua vez um pouco a uretra e fazendo com que os sintomas
melhorem. No entanto, estes medicamentos não impedem que a doença progrida e
não impedem que a próstata aumente de tamanho.
Isso
leva-nos a outro grupo de medicamentos – os inibidores da 5-alfa-redutase. Esta
classe de fármacos actua no balanço testosterona/dihidro-testosterona. Com o
passar da idade, acredita-se que este balanço desequilibra-se o que pode levar
ao aumento da próstata. Com estes medicamentos é possível travar esse
crescimento e diminuir em muito a probabilidade de complicações associadas à
HBP (ex. retenções urinárias agudas e cirurgia). Em alguns casos, estas duas
classes de medicamentos podem ser utilizados em conjunto para uma maior
eficácia.
O
diagnóstico precoce da HBP pode ser realizado através de uma análise ao sangue
para medir o PSA e com toque rectal.
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