Artigo escrito por
Dr. Pedro Varandas, membro da direção da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e
Saúde Mental
A
anorexia nervosa é uma doença de natureza psicológica relacionada com
comportamento alimentar anómalo e perturbação grave da imagem corporal.
Inicia-se em regra na adolescência e afeta fundamentalmente raparigas, numa
proporção igual ou superior a dez relativamente aos rapazes. Estudos apontam
para a existência de 4 a 5 casos por cada 1000.
A
sua frequência na população feminina e o início na adolescência permitem-nos
associar as dificuldades da vivência corporal com os problemas ligados à
autonomia, identidade e papel sexual que ocorrem nessa altura.
Nas
adolescentes há comportamentos pontuais que não devem alarmar desde logo os
pais, avós e professores. No entanto devem estar atentos aos seguintes sinais
de alerta: acentuada perda de peso ou recusa em manter o peso acima do limite
mínimo esperado para a idade e altura; intenso medo de engordar mesmo quando se
é magra; distorção da imagem corporal ao nível do peso, tamanho ou forma; e nas
mulheres ausência de pelo menos três menstruações consecutivas.
Há
também que estar atento a períodos longos de tristeza e irritabilidade (algumas
semanas) e também ao vestuário pois muitas adolescentes anoréticas usam roupas
largas para esconder o corpo. Nas adolescentes obesas é importante perceber se
manifestam um grande mal-estar. Se o uso de dietas alimentares for recomendado
é necessário vigiar para que não se ultrapassem as metas inicialmente
propostas.
Atitudes a tomar
Contrariamente
a outras situações de crise que ocorrem na adolescência, o problema da anorexia
exige uma intervenção longa em situação efetiva de doença, o que implicará um
longo tempo de acompanhamento e tratamento que pode demorar anos.
Naturalmente
que para as famílias e para a própria representa um grande desgaste em termos
psicológicos. Contudo, o aparecimento de um só sintoma não deve motivar
comportamentos de pânico e de procura indiscriminada de ajuda.
Logo
que detetado algum sinal de alarme na adolescente, os pais deverão serenamente
disponibilizar-se para discutir a situação. Se a família não for capaz de, por
si, reverter a situação, então deve procurar ajuda e aconselhamento médico.
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