Na
nossa rubrica memórias do passado vamos recordar uma mulher bem conhecida, quer
no nosso concelho, quer fora dele. A cidadã povoacense que vimos aqui recordar
hoje com enorme saudade era natural da freguesia do Faial da Terra. Ana Vieira,
assim a chamavam, era uma mulher cheia de energia e portadora de um coração
dócil, meigo e carinhoso.
Ana
Vieira partiu a 17 de Outubro de 2004, faleceu pouco tempo depois de ter
chegado ao nosso Centro de Saúde com uma embolia pulmonar. Faz precisamente
hoje nove anos. Foi um choque para a comunidade povoacense, em especial, para
os cidadãos da freguesia do Faial da Terra a notícia da sua morte.
Esta
mulher faialense desde criança que demonstrou apetência para agarrar qualquer
causa, fosse ela qual fosse, e a sua determinação em superar todos os desafios
que a aparecessem pelo caminho é coisa que os mais próximos não mais vão tão
cedo esquecer. Mesmo depois de constituir família esta mulher nunca deixou de
abraçar as boas causas da sua freguesia.
A
comunidade do Faial da Terra, certamente, recorda ainda hoje Ana Vieira com
enorme saudade, pois esta conterrânea que foi catequista deixou marcas fortes
no seio daqueles que tiveram o privilégio de receber a palavra de Deus e dos
bons valores transmitidos por ela. Esta mulher agarrou as causas da igreja com
enorme dedicação e devoção, de igual forma as causas profanas e tudo o que
envolvesse a sua querida terra. Em todas as etapas festivas da sua freguesia
Ana Vieira colaborava com enorme dedicação. Quem não se lembra desta mulher ir
ao “Sanguinho” buscar Rosas do Japão (Camélias Brancas) para enfeitar a sua
querida Igreja de Nª Sr.ª da Graça, que ficava linda; quem não se lembra dos
lindos presépios que ela construía com musgo e leiva que ia buscar às pastagens
que deixava um cheiro admirável da natureza; quem não se lembra na quadra
quaresmal como ela acolhia os irmãos romeiros com muito carinho e amor, pois
chegou a arrumar vinte e tal irmãos em sua casa, acendia o forno de lenha e
cozia massa sovada, confecionava bolos e depois de saciados os irmãos romeiros
com o calor que se mantinha no forno secava os xailes e as roupa molhadas no
cimo das achas de lenha. Esta irmã faialense arrumava romeiros de todos os
ranchos que pelo Faial da Terra passavam. Após a sua morte estes irmãos
romeiros não se esquecem do quanto ela fez por eles em vida e ainda este ano
foram à campa dela rezar e depositar uma coroa de flores em sua memória, como a
querer dizer “obrigado nossa irmã por teres olhado por nós, por ter-nos
amparado quando chegava-mos cansados, gelados e com fome da nossa caminhada
penitencial”, depois de sair do cemitério os irmãos romeiros foram ao lar da
sua mãe entregar alguns terços como forma de agradecimento pelas obras de
caridade da sua querida filha Ana Vieira para com eles.
Depois
da Páscoa vinha as festividades em honra do Espírito Santo, com as coroações e
mordomias e, aqui mais uma vez Ana Vieira sempre enérgica e alegre ia ajudar no
enfeite das Domingas, ia ajudar na confeção de bolos e comidas, na organização
da procissão, enfim esta mulher fazia de tudo um pouco, incluindo a confeção de
vestuário para as festas, as fitas das coroas e das bandeiras do Espírito
Santo. De relembrar que o artesanato era o seu forte, pois fazia bandeiras do
Espírito Santo para os carros, as almofadas para o menino Jesus, fez duas
bandeiras para a Banda Filarmónica de Ponta Garça, fez uma bandeira para o
império do Espírito Santo da Lomba do Alcaide e muitas outras coisas. As
pessoas diziam que Ana Vieira possuía umas mãos de fada mágicas, de uma
habilidade e pormenor invejável.
Ana
Vieira uma povoacense que merece o nosso reconhecimento e tributo!
Também
não queremos deixar de referir que num gesto de enorme nobreza e reconhecimento
a população do Faial da Terra, catequistas e família todos em conjunto
ofereceram a lápide para a sua campa.
Que
descanse em paz!
A
sua querida irmã: “Só peço a Deus todo poderoso que a Ana Vieira descanse em
paz eternamente!”
Um
Olhar Povoacense agradece à sua irmã a disponibilidade no envio de informação
sobre a história desta nossa grande conterrânea, bem como das fotos. Certamente
muito mais haveria a dizer sobre Ana Vieira, mas quem teve o prazer de a
conhecer e conviver com ela terá bem guardado em sua mente e coração todo o seu
percurso de vida.
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