Passaram-se
anteontem 5 anos sobre o falecimento prematuro de Veríssimo Borges. Não fora a
evocação ontem, no Correio dos Açores, por um seu amigo e companheiro de luta,
Teófilo Braga de seu nome, e a data passaria despercebida, como julgo que
passou, infelizmente para muitas pessoas e injustamente para a memória de
Veríssimo Borges e para todos aqueles que colocam a causa pública e o bem comum
acima dos seus interesses pessoais.
Conheci
Veríssimo Borges nas reuniões do S.O.S.-Lagoas, o movimento ambientalista que,
em meados dos anos 90, agitou a consciência ecológica dos Açorianos para o
grave problema do assoreamento e eutrofização das nossas lagoas, como
consequência direta da monocultura intensiva da vaca, e que incomodou os
poderes da época e muitos interesses instalados, como até então nunca se tinha
verificado. Além do Veríssimo Borges, recordo-me da militância e do ativismo de
nomes como o Rui Alcântara, Carlos de Bulhão Pato, Carlos Elias Rodrigues,
Ricardo Rodrigues, o próprio Teófilo Braga e Hermenegildo Galante, entre outros
e recordo as várias reuniões de sensibilização em que participei, com destaque
para uma nas escola secundária das Laranjeiras, em que sovei o Prof. Vasco
Garcia, à data deputado europeu empenhadíssimo nos fundos para as arroteias,
mas que de repente se recordara da sua formação de biólogo e jurava ser
ambientalista, e outra, o célebre abraço à lagoa das Furnas, que teve
transmissão direta via internet, julgo que, por obra e graça de Pierre Sousa
Lima, que então dava os primeiros passos e foi um dos pioneiro nos Açores,
nestas coisas da W.W.W.
Veríssimo
Borges não era apenas uma das figuras mais inteligentes, mais marcantes e
incisivas daquele movimento. Ele foi, juntamente com Teófilo Braga, um dos
precursores da consciencialização ecológica e do ativismo ambientalista nos
Açores e fez disso uma causa à qual se manteve fiel até aos seus últimos dias.
Veríssimo
Borges nunca se rendeu ao politicamente correto, nunca se aproveitou do
mediatismo que a causa e o movimento lhe conferiram, para daí tirar outros
dividendos, resistiu sempre à sedução partidária a que outros sucumbiram e
mesmo na opção política que fez, já na fase terminal da sua vida, foi honesto,
sereno, generoso e humilde!
Veríssimo
Borges foi um testemunho vivo de que a honestidade, a coragem, o carácter e a
frontalidade são valores que não se negoceiam e de que o bem público e o
interesse comum são causas que valem uma vida e se sobrepõem a todas as demais.
Que
a sua memória não se apague e que o seu exemplo nos sirva de inspiração.
Obrigado
Veríssimo!
Por:
Luís Quental
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