Uma das questões
que me coloco a mim próprio em momentos de crise na minha vida como gestor,
formador, coach, líder, pai, marido, etc., é se de facto tenho o luxo de poder
desistir.
Hoje
em dia, muitas pessoas à nossa volta baixam os braços perante as adversidades
que se lhes colocam.
Parece
que a hipnose coletiva da crise as torna cada vez mais letárgicas e as afunda
sistematicamente num pântano bastante escuro.
Parece
que hoje estou com a veia poética ativa…
Mas
isso não torna a questão menos válida e pertinente nas nossas vidas.
Se
tivesse o luxo de poder desistir, como é que reagiria à crise que atualmente
corre por aí?
Será
que pode desistir do seu papel como marido?
Será
que pode desistir do seu papel como gestor ou vendedor?
Esta
é precisamente a questão sobre a qual gostaria que se debruçasse um pouco.
Como
já se deve ter apercebido, ao colocar a si mesmo estas questões, muitas coisas começam
a mexer-se dentro de si.
E
não estou a falar da zona abdominal.
Estou
a falar do que sente e da forma como vê as coisas.
Se
aplicássemos isto às vendas, muitos dos vendedores que atualmente estão a
abrandar a sua atividade comercial fariam precisamente o inverso.
Lutariam
ainda mais do que estão habituados para abrir mais portas, para criar mais
relações, para preparar melhor as suas reuniões comerciais, para gerir melhor
os seus processos de venda, enfim, para se aplicarem ainda mais no que, de
facto, não pode falhar!
No
outro dia, numa grande empresa com cujas equipas de vendas estamos a terminar
um projeto de formação e coaching comercial, colocaram-me a seguinte questão:
Depois
de batalharmos em conjunto nas soluções possíveis, chegámos a várias hipóteses
aplicáveis.
Uma
delas foi expandir para outras áreas de negócio a nossa penetração no negócio
do cliente.
Ou
seja, se antes vendíamos somente um determinado produto, mostrar ao nosso
revendedor que existem outras linhas de negócio que pode também vender e que,
ao fazê-lo, poderá ele próprio combater a quebra das vendas.
Pense
comigo, em crise todo o trabalho do comercial fica ainda mais em causa.
Se
antes já era difícil que nos abrissem a porta num cliente, hoje em dia essa
situação está ainda pior.
Não
existindo orçamento para comprar, o nosso cliente dificilmente perderá tempo a
receber-nos, dado que não irá fazer negócio.
No
entanto, a maioria dos comerciais continua a abordar as empresas com a habitual
frase:
“Não
é para vender nada, é só para Vos conhecer e ver se podemos trabalhar em
parceria”.
Como
é óbvio, isto hoje em dia dificilmente resulta numa porta aberta.
O
que temos implementado nas empresas com as quais estamos atualmente a trabalhar
para combater a presente situação comercial passa por, em algumas das
vertentes, afinar este processo de preparação.
Estipular,
por exemplo, que quando vamos a um cliente, todas as suas dores que o nosso
produto ou serviço pode resolver têm de estar identificadas e trabalhadas na ótica
do nosso cliente.
Esta
é uma parte do caminho, mas, como devem imaginar, não chega.
Outro
aspeto em que nos focamos, também nesta vertente, tem a ver com a argumentação
de abordagem face ao canal de entrada que estamos a abordar.
Concordará
comigo que vender a um departamento de produção não é o mesmo que vender a um
departamento financeiro.
Na
produção abordamos normalmente o assunto pela vertente operacional.
Num
departamento financeiro ou de compras, as preocupações do nosso cliente não
serão por certo estas, mas sim como vai pagar, a quantos meses, com que
dinheiro, e se isso vai ou não provocar uma rutura de tesouraria.
Portanto,
o argumento a ser desenhado tem de ir ao encontro das necessidades ou
preocupações de cada canal de entrada.
Finalmente,
quando nos sentamos com o nosso cliente, devemos ir bem preparados e com tudo o
que é necessário para o convencer de que, de facto, seremos uma mais-valia para
o seu negócio.
No
entanto, o que notamos é que quanto mais experientes somos, maior tendência
existe para nos desleixarmos relativamente às pequenas coisas que, de facto,
fazem o sucesso de qualquer venda.
O
que é que eu fazia no início da carreira como vendedor e que agora se calhar já
não faço?
Vai
ver que um regresso às bases pode trazer bastante valor acrescentado às suas
vendas.
Por:
José de Almeida
Fotos: Google imagens
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