A
Eurodeputada Sofia Ribeiro afirmou que “o sistema de produção da pecuária
extensiva é a única forma de preservar a ligação ancestral entre o Homem e os
Animais”. A Deputada social-democrata falava, no I Congresso Luso-Espanhol
de Pecuária Extensiva, em Sevilha, esta sexta-feira, 9 de novembro.
“O sistema
de produção extensiva, com uma relação ancestral de mais de 10 mil anos,
permitiu garantir às populações um acesso estável aos alimentos”, começou
por referir Sofia Ribeiro, explicando que "apenas este sistema é o
garante de uma produção sustentável, que defende as raças autóctones, que
promove a ocupação e a manutenção do território, do desenvolvimento e
dinamização das zonas rurais, a criação de postos de trabalho, promovendo novas
atividades económicas associadas e geradora de cadeias curtas de abastecimento,
reduzindo a pegada ambiental".
“Compreendo
a tentação dos produtores em quererem a estabulação dos seus animais, pelo
comodismo, pela facilidade, pelo maior rendimento, mas o caminho deverá ser
exatamente o contrário”, confessou a social-democrata.
Para Sofia
Ribeiro, a tendência ao nível dos apoios na Política Agrícola Comum (PAC)
caminha cada vez mais para uma produção sustentável, que respeite o meio
ambiente, mas também as questões sociais. "Sustentabilidade não é ter o
máximo de lucro. É ter lucro, não esquecendo os direitos sociais, laborais,
bem-estar animal e uma utilização eficiente dos recursos naturais. Desta
forma surgiu o greening e a cross-compliance(condicionalidade),
que se desenvolveram e surgem na nova proposta da PAC como o
"Eco-scheme" (esquema ecológico) sendo mais um alerta para aquilo que
será uma realidade já dentro de pouco tempo”, observou.
A
Eurodeputada mencionou ainda que “quem recebe pagamentos da PAC tem de
ajudar a conservar o meio ambiente e contribuir para a diminuição das emissões
de gases e efeito de estufa, algo que define como um “triângulo virtuoso”
entre “a viabilidade económica, a responsabilidade social e a
responsabilidade ambiental".
“Para
termos sucesso neste desígnio”, acrescentou a deputada,
“importa apostar na formação dos agricultores, na inovação e na
tecnologia”. Ambos permitirão tirar “um maior potencial produtivo
das explorações, sem colocar os recursos naturais sob pressão”. “Paralelamente,
temos de educar o consumidor para um consumo alimentar mais sustentável,
evitando o desperdício alimentar e, por conseguinte, menor desperdício de
recursos e menor necessidade de produção de alimentos ̶ este é o nosso desafio coletivo”, finalizou.
A primeira
edição do Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva juntou, durante dois
dias, cerca de 500 congressistas em Sevilha. O evento pretendeu promover intercâmbios de
experiências entre produtores e técnicos para a otimização de recursos, bem
como, paralelamente, fazer uma análise de mercado do ponto de vista das
exigências do consumidor; conhecer as tendências no consumo de carne, os
desafios sanitários e as novas tecnologias do setor produtivo. A segunda edição
do Congresso está já agendada para 2020, em Beja.
Povoação,
domingo, 11 de novembro de 2018.
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