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PÃO POR DEUS era uma das tradições mais arreigadas na alma do povo de S. Miguel
e dos Açores, em geral, a qual teve a sua origem no sufragar as almas, as
chamadas esmolas perdidas, por serem fora de casa e distribuídas no maior
recato. Sobretudo nas freguesias rurais, mas também na cidade, viam-se, no dia
1 de Novembro, grupos de crianças que andavam de porta em porta, pedindo Pão
por Deus, recolhendo em saquinhas, dinheiro e guloseimas e, por vezes mesmo,
alguns géneros alimentícios; afinal, todos davam o que tinham por casa. Era
grande o reboliço dos grupos e, lugares havia, em que iam mesmo entoando: Pão
por Deus, fia a Deus/Seja tudo pelo Amor de Deus!
Antigamente
todas as pessoas iam pedir o “Pão por Deus” porque havia muita pobreza e havia
mesmo necessidade de pedir. Normalmente as pessoas punham as mesas com o que
tinham em casa (comida e bebida), e quando chegavam os pobres, entravam e
comiam à vontade e à saída ainda lhes davam mais alguma coisa.
Hoje,
já só pedem as crianças para não se perder a tradição. E mesmo assim, só nas
terras mais pequenas. Depois, almoça-se, conta-se o que está dentro da saquinha
e vai-se ao cemitério acompanhar os pais ou avós para pôr flores nas campas dos
familiares já falecidos.
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