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terça-feira, 4 de novembro de 2014

GRITO COM ECO EXIGE RESPOSTA

É velho o problema da deslocação de doentes e acompanhantes. Dentro dos Açores e para fora dos Açores. Para quem vive em algumas ilhas, dotadas de hospitais, o problema são as deslocações para o Continente (o português e o estrangeiro). Mas para quem vive noutras ilhas, o drama começa logo quando têm de deslocar-se dentro da Região para os chamados Hospitais de referência.

Estar doente não é fácil, nem comum. Comum é ser saudável. Acompanhar um doente é um dever familiar ou social que nunca pode ser transformado num calvário ou numa antecâmara de fome ou desespero. Mas é isto que acontece desde há muito tempo nos Açores. E como é uma coisa que se pode mudar, apenas invertendo algumas prioridades, não pode servir de justificação para uma Região que se diz Autónoma o facto de ser mais ou menos assim noutros lados. E não pode, essencialmente porque somos uma Região pequena onde nos conhecemos e onde se pode, facilmente, delimitar barreiras entre o que é justo e necessário e o que é abuso e aproveitamento.

Na passada semana, uma cidadã açoriana, de quem temos licença para citar o nome, Paula Margarida Tavares, vítima de doença oncológica, lançou um dramático apelo, em carta aberta a deputados e governantes regionais, que circulou nas redes sociais e na imprensa diária, nomeadamente no Diário dos Açores e no Correio dos Açores, para que fosse revisto e modificado o sistema de apoios às deslocações de doentes e acompanhantes.

Um grito que deveria fazer perder o sono aos nossos políticos e que os devia fazer corar de vergonha sempre que recebem subsídios de deslocação, em viagens onde têm dormida e alimentação garantida.

Para quem se desloca em tratamento, e estamos a falar de idas ao Continente, o subsídio máximo é de 25 euros e cêntimos por pessoa, doente e acompanhante. Não há nenhuma pensão, por mais rasca que seja, inferior a 30 euros por dia. Logo, dos 50 euros para duas pessoas, restam 20 para comer. Não dá para uma refeição para dois. Nem dá para uma deslocação, nem que seja de metro ou autocarro, porque táxis só pagam alguns, desde o aeroporto à pensão e desde a pensão local de tratamento. Mas há mais, se for uma filha a acompanhar o pai e vice-versa, ou um filho a acompanhar a mãe, têm de ficar no mesmo quarto, porque nenhum apoio permite que durmam em quartos separados. Mas se houver um internamento do doente, o acompanhante fica só e só ele recebe os 25 euros. Já nem dá para um quarto. E como come? Por isso, muitos doentes com internamentos prolongados gastam tudo o que pouparam numa vida para depois ouvirem os políticos apregoarem a solidariedade para com os deslocados.

O grito que se ouviu na passada semana não pode ficar isolado e sem eco. Exige uma resposta. Não podemos considerar favor aquilo que é um direito. E daqui lançamos o repto a deputados e governantes: Desistam de 3 milhões para uma Casa da Autonomia que se pode tornar numa fábrica de vaidades pessoais e políticas mais ou menos dinásticas e apliquem-nos a melhorar as condições da deslocação dos doentes e acompanhantes. Facilitem a burocracia e invistam na fiscalização das verdadeiras necessidades. Desistam de um dos dois ferries que andam para aí de concurso em concurso e olhem para quem empobrece só porque ficou doente. E há muito mais que se poderia dizer como alternativa.

Não apregoem o primado da pessoa e dos desfavorecidos quando querem promover os seus interesses políticos. Há gritos com eco que têm de ter resposta!

Fonte: Atlântico Expresso / Por: Santos Narciso

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