Luís Diniz Pacheco nasceu
a 20 de Julho de 1930 na Vila da Povoação e desde muito cedo se apaixonou pela
pintura. A arte de pintar aprendeu-a sozinho, com o tempo foi aperfeiçoando o
seu talento, incentivado em muito pelos forasteiros que visitavam a nossa Vila
da Povoação.
Aos 16 anos começou a
trabalhar como empregado de balcão no Café Jardim, nas suas horas vagas pintava
cartazes para o cinema local em jeito de publicidade, desenhou e pintou muitos
cenários para peças de teatro que se faziam na época na nossa vila, foi durante
muitos anos pintor da construção civil, foi sacristão e contínuo do Externato
Maria Isabel do Carmo Medeiros, foi restaurador de imagens, fez pintura e
douramentos em igrejas da nossa ilha (Igreja do Senhor Santo Cristo dos Milagres,
Ponta Garça, Achadinha, Faial da Terra e tantas outras…), e até da ilha de São
Jorge, ainda, foi, e, é, distribuidor de jornais.
Luís Diniz não teve qualquer tipo de instrução em matéria de artes plásticas, diz mesmo ter constituído uma “aventura” ter alcançado um patamar tão elevado.
“Há coisas na vida em que
um homem planeia uma coisa e acontece outra”. É assim que o mestre Luís Diniz
descreve aventuras e desventuras de alguns dos quadros que pintou. São
experiências de onde o pintor tira sempre um aspecto positivo, nem que seja não
vender um quadro, “Às vezes fico satisfeito em não vender, custa-me fazer um
quadro e vê-lo sair de casa para fora”.
Um dos quadros que lhe
ficou em casa foi o quadro designado por “EUROICA” encomenda de Hermann
Pfattheicher, um editor e promotor de artes plásticas de Bona, Alemanha,
encomendou e pagou três mil marcos para enviar o quadro para o Parlamento
Europeu. “O alemão disse-me que vinha buscar o quadro, mas…nunca mais apareceu.
Acabei por oferecer o quadro ao Ernesto da Nova Gráfica porque era muito grande
e ocupava-me muito espaço aqui em casa”.
O nosso conterrâneo mestre
Luís Diniz ao longo da sua vida apresentou trabalhos seus ao público em
exposições oficiais. A primeira, no Museu Carlos Machado, em 1975. Luísa
Athayd, então responsável pelo Museu, solicitou ao mestre Luís para descer à
baixa e expor. Em 1986 expôs na Academia das Artes, a convite do jornal
“Açoriano Oriental”. Expôs nos Estados Unidos, para a comunidade Portuguesa
radicada em Massachussets. Expôs na inauguração do nosso Auditório Municipal.
Durante o ano de 2004 a
nossa Câmara Municipal acarinhou três exposições de pintura de Luís Dinis. A
primeira sobre Arte Sacra, a segunda intitulada “Povoação que me viu nascer”, a
terceira e última foi sobre a família.
Já pintou um pouco de
tudo, quadros de pintores famosos, figuras religiosas, paisagens insulares,
caras conhecidas de autores de cinema (a carvão), etc… Mas, de facto, o que
mais gosta é de eternizar as profissões tradicionais e os espaços emblemáticos
do nosso concelho.
Luís Dinis participou no
programa da RTP – Açores, “Um artista” da autoria do jornalista Emanuel
Carreiro, que deu a conhecer aos Açorianos o mundo dos nossos artistas – um
mundo muito seu, muito especial, feito mais de sonhos do que de realidades e
por isso mesmo geralmente hostil a irgerências estranhas. No entanto através
desta série de reportagens essa gente desconhecida da maior parte do povo
Açoriano e até uns dos ouros, deixou o anonimato a fim de que a região pudesse
saber com quem podiam contar no campo das artes plásticas.
O certo é que este simples
homem sem que desse por isso aos poucos foi ficando conhecido, aliás, muito
conhecido, e, hoje, muitos dos seus quadros estão espalhados por todo o mundo
nomeadamente, no Canadá, Estados Unidos da América, Bermudas, Brasil, e vários
países da Europa.
A verdade é que a história
deste nosso irmão Povoacense é vasta, conhecida de uma geração, mas
desconhecida de outra que agora nasce. Desta forma e como nos falta algum talento
para descrever a sua personalidade, vamos aqui reproduzir o depoimento do
professor Mota Vieira publicada na edição do “Açoriano Oriental” de 28/05/1986.
“ficou definido como um
vegetalista muito hábil, perfeitíssimo na interpretação da forma e colorido das
flores dos nossos jardins, é também surpreendente a maneira como representa
arvoredos e os jogos de luz e sombra dos frondosos parques micaelenses.
Pessoalmente um homem despretensioso, acessível, pronto a aceitar qualquer
ocupação ou tarefa, mesmo fora do âmbito da arte que cultiva, o que explica as
várias profissões que tem exercido, sempre a contento dos padrões e do público.
No exemplar Externato da
Vila da Povoação, completou o trabalho proficiente dos professores, porquanto
não era um empregado vulgar mas, sim um amigo dos estudantes, pronto a
entendê-los, a perdoá-los a orientá-los. Muitos foram, os que foram das aulas
oficiais de desenho e trabalhos manuais, aproveitaram das pacientes lições de
Luís Dinis, sempre humano a encorajar os menos talentosos e a aumentar o apelo
vocacional daqueles que nasceram dotados para o desenho e para as artes
plásticas.
É um micaelense típico que
se apaga no meio da multidão e não reclama por si coisa nenhuma. Todavia não
passa despercebido aos que amam os nossos vales, e sobretudo, desejam ver o
povo simples cada vez mais valorizado. Micaelense de gema este que mais uma vez
é referido pela nossa Comunicação Social”.
Jerónimo Cabral em
09/10/1975 na brochura de apresentação da exposição de pintura de mestre Luís
na sala de exposições temporárias do “Museu Carlos Machado” escreve o seguinte:
“Luís Diniz é o que se pode chamar o artista do povo que, vítima de estruturas sociais
elitistas, nunca teve oportunidade de aperfeiçoar os seus dotes artísticos.
Nascido num ambiente
pobre, cedo teve a necessidade de se lançar no trabalho árduo para sobreviver,
enquanto nas horas tiradas ao seu descanso legítimo se dedicou à sua paixão
preferida, a pintura.
É um artista da nossa
terra, filho do povo, autodidacta nato, que merece ser incentivado com a nossa
presença e com o nosso interesse pelos seus quadros.”
Bem caros leitores, muito
mais haveria aqui a despontar sobre a vida deste nosso conterrâneo, desta feita
ficamo-nos por aqui.
Agradecemos ao mestre Luís
Dinis Pacheco a disponibilidade e abertura demonstrada connosco nas visitas à
sua casa. Constatamos que o seu espólio é vasto e muito valioso, quer em
quadros de pintura quer em livros quer em revistas, jornais e cópias de
documentos sobre a nossa Povoação. O mestre Luís Dinis além de ser um pintor
auto-didacta é uma autêntica biblioteca viva. Desejamos-lhe muita saúde e que
nos premeie com muitos mais anos na sua simpática e agradável companhia. Bem
haja!
Pedro Damião Ponte
Luiz Diniz ... meu vizinho meu amigo . Sinto um tremendo orgulho ser de sua geracao .LUIZ ... SEM estudos literarios foi e sempre sera o mestre luiz diniz . Sinto orgulho de em minha casa ostentar algumas de suas pinturas sempre que as miro me transportam ao meu chao sagrado . Luiz tu es um simbolo para a tua e minha terra .Povoacao um pedacito do Ceu Que Deus te proteja e te conserve por muitos mais anos .Bem aja amigo
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