Nunca é tarde para
reavivar a memória e procurar decifrar o porquê de tamanha injustiça para com
os povoacenses. (artigo
com publicação datada de 15/03/2012 no Jornal Açoriano Oriental).
Diz
o povo e com razão que “nada melhor do que o tempo para repor a verdade e a
justiça”.
Vem
isto a propósito do crescente coro de indignação e repulsa que tem vindo a
apoderar-se progressivamente de muitos povoacenses, incluindo mesmo muitos
“ortodoxos” socialistas que agora percebem e constatam a injustiça da exclusão
do concelho do atual Plano Viário de São Miguel.
Quando
em 2001 foi conhecida a intenção do governo em avançar com aquelas que hoje
vulgarmente se designam como SCUTs, logo a apreensão e o receio se instalaram
na Povoação, por correrem rumores de que o concelho ficaria excluído de todo
esse processo.
No
entanto, diga-se em abono da verdade, creio que nenhum povoacense acreditou que
tal viria a ser possível! Mas, como o seguro morreu de velho e conhecendo o
“modus operandi” do desejado interlocutor, de imediato a Câmara Municipal da
Povoação, repetidas e insistentes vezes, procurou chegar à fala com José
Contente, o Super Secretário das Obras Públicas e de outras por publicar.
Porém,
todas as diligências, todos os pedidos, todas as comunicações foram como as do
poeta “voz clamantis in deserto”. “Honoris causa”, na reprodução da cartilha do
chefe, depressa passou a sofrer de partidarite aguda e rapidamente ficou igual
aos faróis dos carros, passando a ver só prá frente.
E
assim, toda a conceção daquelas que foram as alterações ao Plano Viário de São
Miguel foram cozinhadas por “Mestre” Contente e seus pares sem descurar a
participação de algum Miguel de Vasconcelos da Povoação, sedento de vingança e
crente de que os povoacenses mereciam castigo pelo atrevimento de terem retirado
da cadeira da autarquia em 2001 o autarca modelo do PS.
E
desta forma, juntos conseguiram tramar severa e injustamente os povoacenses,
comprometendo não só o seu presente como o futuro das jovens gerações.
E
a questão que se coloca é a de saber se é legítimo que um governo, mesmo que
legitimado pelo voto popular, possa excluir um concelho de um projeto tão
importante para o seu desenvolvimento?
Expliquem,
se forem capazes, como no território do concelho da Povoação não foi construído
um palmo de estrada em regime SCUT?
Expliquem, se forem
capazes, como é que a vila da Povoação é a única sede de concelho onde as
“SCUT” não chegam?
Expliquem,
se forem capazes, se a teoria do desenvolvimento que associam às SCUT só é
valida para outros concelhos?
Expliquem,
se forem capazes, porque é que passou o acesso a Vila Franca para 4 faixas -
megalomania denunciada pelo edil desse concelho nos “panegíricos que teceu
sobre as SCUT - e daí à Povoação o percurso continuar a assemelhar-se ao da
Montanha Russa?
Devem
querer transformar o concelho em algum “centro de dia para idosos”, ou então
numa reserva destinada a atrair mais curiosos do que turistas, ávidos de
encontrar modos de vida que seus pais lhes narraram. Expliquem lá, se não estão
a brincar com os povoacenses, quando dizem que uma viagem entre Ponta Delgada e
a Povoação dura menos de 20 minutos?
Expliquem
lá, porque é que, entre Ponta Delgada e as diferentes sedes de concelho, via
SCUT, só os povoacenses conseguem lubrificar os pneus das suas viaturas com
bosta de vaca e treinar a paciência e a perícia para contornar as pachorrentas
manadas?
Ora,
expliquem lá, porque é que sendo a Povoação um concelho onde a probabilidade da
ocorrência de catástrofes naturais é das mais elevadas dos Açores, se afirme
que a atual rede viária o serve bem?
Brincamos, não?
Este
exemplo e esta postura revelam bem a conceção política de quem joga mais no
tabuleiro da demagogia do que no da democracia. E o mais grave é que a nada
disto é alheio à concertação socialista participada por atores locais que, para
satisfazer os seus objetivos, não se coíbem de trair e prejudicar a comunidade
a que pertencem.
Sem
qualquer pudor, o seu maior esforço tem sido, tal como o faziam os fariseus,
fazer com que a verdade seja sempre, não a real, mas a que lhes convém!
Mas
hoje, a realidade e o tempo mostraram que a mentira tem perna curta e os fracos
pedreiros atiram o barro à parede mas ela não o segura.
E
mesmo na Quaresma, já não basta ao “lobo vestir a pele do cordeiro”.
Francisco
Álvares 15/03/2012
Fotos: google imagens
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