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domingo, 17 de novembro de 2013

MULHER COM NECESSIDADES ESPECIAIS ESTÁ A SER ALEGADAMENTE MALTRATADA POR FAMILIARES EM ÁGUA RETORTA

Em Água Retorta praticamente toda a gente conhece o caso. Os vizinhos sabem que a senhora de 47 anos tem necessidades especiais e os conhecidos dizem que praticamente ninguém “de fora” entra na casa onde agora mora Teresa Araújo Braga.

A mulher está ao cuidado da cunhada e do irmão e com 47 anos pesa apenas 37 quilos. “Uma dor d’alma” dizem alguns vizinhos e até familiares que se recusam a dar a cara com medo de represálias que uma localidade pequena pode suscitar.

No entanto, já houve quem arriscasse e procurasse as autoridades para fazer queixa de alegados maus-tratos que Teresa é alvo diariamente. Já chegaram queixas à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, à Polícia de Segurança Pública e até aos serviços da segurança social.

Testemunhas das alegadas agressões lembram episódio

Testemunhas das alegadas agressões físicas e psicológicas, recordam uma situação em que a alegada vítima, que não se consegue exprimir, terá caído em casa junto a uma mesa. A cuidadora terá dito na altura algo como “cai mas não partas a jarra”. Teresa Braga terá tido piolhos e a solução encontrada foi cortarem-lhe o cabelo em vez de realizar um tratamento. As consultas ao médico de família vão sendo adiadas e quando acontecem “não são cumpridas as instruções de realizar análises pedidas pelo médico”. Testemunhas ouvidas pelo “Correio dos Açores” advertem que não foi feita qualquer queixa por parte do clínico junto das entidades oficiais acerca dos alegados maus-tratos que incluem também o facto de Teresa Araújo Braga ser deitada “sem fraldas num colchão forrado de plásticos” para que as necessidades fisiológicas não passem para o colchão. Uma das testemunhas questiona “porque é que não pedem fraldas para a Teresa, quando os serviços de acção social até dão fraldas a quem tem necessidades especiais”?

Há ainda quem lembre que Teresa Araújo Braga passa os dias numa cadeira ortopédica, usada para as necessidades fisiológicas. É ali que fica sentada durante todo o dia, onde nem precisa de se levantar para fazer as necessidades e ali fica novamente.

Quem consegue ir visitar Teresa recorda que é muito raro comer algo como um iogurte. As suas limitações de expressão não a permitem agradecer mas quando uma visita lhe leva algum iogurte ou papas “ela agradece à sua maneira e nota-se nos seus olhos. Fica muito alegre apesar de não conseguir dizer isso”.

Teresa Araújo Braga recebe 400 euros de reforma e vizinhos, e até familiares, questionam “se ela não usa fraldas, se pouco ou nada come de diferente, se não gasta o seu dinheiro é porque alguém lhe fica com o dinheiro”.

Quem vive em Água Retorta lembra que a cunhada e o irmão de Teresa já cuidaram da mãe dela que faleceu há cerca de dois anos. “Já nessa altura maltratavam as duas e a mãe da Teresa morreu à míngua”, contam as testemunhas.

Testemunhas que não compreendem como é que toda a gente sabe da situação e ninguém faz nada. Não compreendem como é que “se fosse uma criança menor já teria certamente sido retirada dos pais e uma pessoa com necessidades especiais tem de continuar a sofrer estes abusos”. Não compreendem como é que os serviços sociais continuam a manter Teresa Araújo Braga m casa dos cuidadores que alegadamente a maltratam.


IDSA entrega processo ao Ministério Público

Certo é que a única situação oficial que se conhece é que o Núcleo de Apoio a Pessoas com Deficiência, do Instituto para o Desenvolvimento Social dos Açores “tem acompanhado”Teresa Araújo Braga na sequência “de uma denúncia de suposta situação de negligência sobre pessoa com deficiência efectuada junto destes serviços”, indica informação oficial da Secretaria Regional da Solidariedade Social.

Depois da denúncia, os serviços tomaram “de imediato várias medidas”, onde incluem visitas domiciliárias sem aviso prévio, entrevistas a familiares de Teresa, convocatórias e reuniões com várias entidades envolvidas no processo “com vista a averiguar e reunir informações sobre a situação”, informa o documento oficial.

Depois de todas as diligências efectuadas pelo Núcleo de Apoio a Pessoas com Deficiência, foi elaborado um relatório técnico pelos serviços “com as informações apuradas e sinalizada a situação aos respectivos Serviços do Ministério Público” informa fonte oficial.

O processo está agora em tribunal e o “Correio dos Açores” sabe que o processo deu entrada no Tribunal da Povoação como processo-crime, onde os cuidadores poderiam ser acusados perante as alegadas denúncias, mas passou para processo-administrativo, o que significa que qualquer decisão será apenas no sentido da retirada da alegada vítima dos cuidados da cunhada e do irmão.

Fonte: Correio dos Açores – Escrito por Carla Dias




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