Artigo
de opinião da Dra. Sílvia Saraiva, médica da Associação de Jovens Diabéticos de
Portugal.
A
diabetes tipo 1 inicia-se geralmente na infância ou na adolescência e necessita
de terapêutica com insulina desde início, uma vez que há uma falência súbita e
completa das células do pâncreas que a produzem. A diabetes tipo 2 inicia-se
geralmente já na idade adulta e provem de um problema de resistência à ação da
insulina que em geral é herdado e que se agrava muito com a obesidade e o
sedentarismo. Esta é a razão pela qual este tipo de diabetes está a aumentar
dramaticamente em todo o mundo e a aparecer em idades cada vez mais jovens (em Portugal, 13% da população é diabética
tipo 2 embora só cerca de metade é que está diagnosticada).
Quando
se diagnostica diabetes tipo1 há na maioria dos casos um grande choque, uma vez
que quer o jovem, quer a família ficam angustiados com um "para
sempre" de uma vida que lhes parece cheia de restrições e incapacidades.
Esta não é a realidade da diabetes no século XXI, em que as formas de controlo
do açúcar no dia-a-dia são simples e fiáveis e as insulinas tem tempos de ação
fisiológicos e seguros que permitem adaptar a insulina ao estilo de vida que se
quiser praticar, sem restrições de horários, tipo de atividade ou intensidade
de esforço. A inovação tecnológica tem contribuído fortemente para esta melhor
gestão da doença, nomeadamente através da terapia de bomba infusora de insulina
– que administra continuamente pequenas
quantidades de insulina ao corpo através de um conjunto de infusão e permite
maior liberdade à pessoa com diabetes – e a monitorização contínua da glicemia
(MCG) que proporciona mais informação e maior segurança ao longo das 24 horas
do dia, o que possibilita a identificação das variações glicémicas, algumas não
detetadas pelas medições capilares. Por isso a pessoa com diabetes tipo 1 pode
e deve praticar todo o tipo de desportos desde que faça uma aprendizagem
correta da gestão da sua terapêutica nessas situações, sobretudo de modo a
evitar baixas de açúcar inesperadas. Para isso é importante ter o apoio de
médicos e outros técnicos de saúde habituados a gerir desporto e diabetes e que
desmistifiquem pedagogicamente a diabetes como doença incapacitante.
No
que respeita à diabetes tipo 2, o desporto aeróbico é uma opção terapêutica
preventiva e curativa uma vez que, quando praticado com regularidade reduz
consideravelmente a principal causa desta patologia, que é a resistência à ação
da insulina. Em vez de tentar recorrer a dietas demasiado restritivas, é mais
vantajoso optar por uma dieta equilibrada, pobre em gorduras de modo a baixar
as calorias, sem restringir demasiado o volume da comida e conjuga-la com um
programa de exercício regular. Esta atitude, tomada atempadamente e com
determinação, pode por si só, permitir uma regressão ou pelo menos uma grande
melhoria da diabetes tipo 2. Para realizar exercício o diabético tipo 2 deve
aprender com o seu médico a alterar a medicação e a alimentação conforme a
duração e a intensidade do esforço e, quando este considerar necessário, fazer
uma avaliação prévia do risco cardiovascular para adequar a intensidade dos
treinos às necessidades de segurança.
Sem comentários:
Enviar um comentário