A
Vila da Povoação foi a primeira terra a ser povoada na ilha de São Miguel, foi
aqui que desembarcaram os primeiros povoadores.
A
história nos diz que a ermida de Santa Bárbara edificada no lugar com o mesmo
nome, na Lomba do Carro, é o local de culto mais antigo da ilha de São Miguel.
Nesse lugar os povoadores rezaram a primeira missa nesta ilha, pois, como era
costume nas viagens marítimas dessa época traziam consigo um ou mais
sacerdotes. Foi construída no séc. XV e localiza-se estrategicamente naquele
lugar. É uma das mais lindas vistas panorâmicas sobre as restantes Lombas e
Vila da Povoação. Isola-se através da sua localização, numa elevação de
terreno, ocupando uma posição central onde se pode tirar magníficas fotografias.
É um local calmo que transmite muita paz e harmonia. No cimo do monte de Santa
Bárbara vislumbra-se todo o território, incluindo o porto, constituindo um
elemento de referência para quem se aproxima da Vila da Povoação, quer por
terra, quer por mar. Daquele amistoso local estabelece-se diversas relações
visuais.

Descendo
Santa Bárbara vai-se de encontro à beira-mar moderna e desfigurada da sua real
identidade. Aqui mais uma vez os modernos responsáveis da Povoação não deram o
devido valor à história. Homens desprovidos de cultura regeram-se sempre pelo
seu instinto intelectualmente pobre, muito pobre, de tal forma que a construção
do atual porto (obra executada e financiada pelo Governo Regional), é um
autêntico aborto. Aqui mais uma vez foram alertados por pessoas conhecedoras da
história da Povoação e por profissionais do mar. A boca do porto teria de ser
construída ao contrário do que atualmente se encontra, ou seja, com a boca
virada para o lado da Ribeira Quente. Na primeira pessoa, eu, Luís Diniz e
Manuel Godinho (já falecido) alertamos para o facto da construção do novo porto
com proteção de molhe, forçosamente teria de seguir as linhas orientadoras da
história. Na foto que aqui exibo é bem visível como era o porto antigamente e,
era este o rumo que deveriam ter seguido os responsáveis pelo aval final do
projeto, mas preferiram arrebatar para segundo plano quem realmente tinha
conhecimento de causa para ouvir fracos sábios.

Percorrendo
a beira-mar mais à frente vamos dar com um mamarracho, o Pavilhão
Gimnodesportivo. Outra obra adulterada! Só mesmo os menos atentos não se
lembram do passado recente. O Engenheiro Medeiros Ferreira aquando do seu
último mandato tinha um ambicioso projeto aprovado em Assembleia Municipal para
a construção de uma piscina e uma biblioteca pública. As verbas chegadas das
comunidades permitiam avançar com iniciativas a nível social, recreativo,
cultural e desportivo, coisa que o Engenheiro Medeiros Ferreira soube muito bem
aproveitar. Os seus arrojados projetos em execução e merecedores de aprovação,
naquela altura eram os seguintes: Construção de uma biblioteca moderna já
preparada para receber futuramente os modernos computadores e respetiva
internet, um conjunto de piscinas, um auditório que era fundamental para a
vila, parques desportivos, os próprios caminhos que representavam muito no desenvolvimento
de uma zona voltada para a agro-pecuária, saneamento básico e rede de esgotos.
O Engenheiro Medeiros Ferreira numa visita às comunidades emigrantes no seu
último mandato proferiu as seguintes palavras ao jornal “Portuguese Times”:
-“Nós temos três fatores de desenvolvimento. As pescas radicadas na Ribeira
Quente; a agropecuária, somos uma das boas bacias leiteiras dos Açores e o
turismo, temos as Furnas que são a sala de visitas dos Açores. Nós temos um
hotel com 40 quartos nas furnas. Temos a estação termal em fase de acabamento.
Temos uma residencial na vila da Povoação e a câmara tem em projeto a
construção de um hotel com 40 quartos.” A verdade é que alguns destes arrojados
projetos, os que lhe seguiram no poder local, conseguiram destruir. Caso das
piscinas e biblioteca pública que a ser construída seria a melhor do país.
Debaixo do chão do Pavilhão Gimnodesportivo tiveram a coragem de enterrar cerca
de 156 mil contos. Este dinheiro bem empregue dava para requalificar algum do
nosso património ou reconstruir/construir habitação social para albergar as
famílias mais carenciadas do concelho etc.

A
terminar resta-me apelar ao povo que nutre algum sentimento pela sua
identidade/cultura e amor ao seu concelho, o mais lindo dos Açores, que
reflita.
Luís
Dinis
Sem comentários:
Enviar um comentário