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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

NUM MÊS E TRÊS DIAS CONHECI SETE ILHAS DO ARQUIPÉLAGO

Ao longo dos anos tenho vivido e viajado em várias cidades de Portugal e da Europa, o que me tem permitido conhecer identidades, culturas e modos de vida.

Licenciei-me em Biologia, no Porto. Tive várias experiências profissionais, em Vairão, na Grécia, Castro Verde, Ferreira do Alentejo, Serpa, Áreas Protegidas do Centro e Norte de Portugal Continental.

Em Fevereiro de 2010, vim residir para São Miguel e coordenar o Projecto Linhas Eléctricas e Avifauna dos Açores, uma parceria da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e da Electricidade dos Açores.

Chego a Ponta Delgada, a 15 de Fevereiro de 2010, viajo até à Povoação, de noite, numa estrada com imensas curvas, fico enjoada, cansada. Festeja-se o Carnaval, mas eu só quero dormir.

No dia seguinte à tarde, viajo novamente para Ponta Delgada. Durmo e na manhã seguinte, bem cedo, estava num avião com destino a Santa Maria.

Depois de quatro dias, regresso a São Miguel por uma semana e preparo o material de campo, para seguir viagem: Terceira, Graciosa, Faial, Pico e São Jorge.

Foi assim que, num mês e três dias, conheci, sete ilhas do arquipélago.

Em Setembro de 2011 fui pela primeira vez às Flores e ao Corvo.

Santa Maria, São Jorge e Graciosa rapidamente se tornaram no meu Top 3.

Os meus amigos diziam: “Quando conheceres as Flores, vais ver!”. Eu respondia-lhes que não me vendia. O meu coração palpitava por aquelas três, como uma paixão. Santa Maria pela sua secura, o casario, as cores, a paz; São Jorge, inevitavelmente pelas Fajãs, trilhos e ligação à terra e a Graciosa, por ser graciosa!

Quando deambulei pelas Flores, percebi porque dizem que é a ilha mais bonita do arquipélago. Passava o tempo de boca aberta a espantar-me com rochas a emergir de um verde imenso, água e cascatas por toda a parte. Uma beleza estonteante.

Com tantas viagens pelas ilhas e sendo todas elas encantadoras, é fácil depreender que as paisagens, as gentes, as aventuras no campo, a natureza, a cultura, a arte e os artistas, o mar, as viagens (inevitáveis) e em suma as ilhas no seu todo, eram fonte de inspiração segura para quem tem um vício pelo lápis a escrever num caderninho.

Depois de me terem falado dos apoios do Governo Regional para edição de obras, candidatei um punhado de textos a financiamento, o qual foi aprovado.

O livro intitula-se “Entrilhas”, um jogo de palavras que julgava ter inventado para fazer representar as passagens Entre as várias Ilhas. Contudo, descobri recentemente que existe o verbo Entrilhar, pelo que na segunda pessoa do singular se conjuga Entrilhas e significa entrar num trilho, manter-se sobre ele. Foi o que fiz ao longo destes três anos e meio nestas ilhas!

Nas viagens entre o arquipélago e o continente, fui reparando nalgumas singularidades.

Nos Açores, as gentes estão limitadas àquele espaço, conversei com muitas pessoas que não conhecem a maior parte das ilhas do seu próprio arquipélago.

É assim que com o livro, tenho a pretensão de despertar a curiosidade naqueles que possam ainda não conhecer todas as ilhas dos Açores, sejam eles do arquipélago, do território continental ou do estrangeiro. A pretensão de fazer viajar, descobrir, admirar e desfrutar estes pedaços de terra, afinal no meio do mar.

Sinto-me privilegiada.

Escrevo desde que aprendi as primeiras letras. Aos 13 anos, os meus escritos começaram a ser o que chamo de prosa-poética, repleta de metáforas, jogos de palavras, ironia e sentido de humor.

A escrita é natural em mim, é a forma como absorvo o mundo e como o quero partilhar com os demais.

CARLA VERÍSSIMO

Bióloga
Natural de Leiria, residente em S. Miguel

Fonte: 


1 comentário:

  1. Lindo o seu texto, gostaria muito de conhecer este paraíso em que reside. Sou como estas pessoas que aí residem e pouco conhecem deste lindo local. Meus bisavós paternos nasceram em São Miguel e vieram para a cidade em que moro no início de seu povoamento, foram pioneiros neste local e nunca mais voltaram por aí, aqui viveram, constituiram família e faleceram. Meu pai não conheceu nem mesmo sua mãe que faleceu quando ele tinha apenas onze meses, mas soube me transmitir os ensinamentos dos antepassados que o criaram e o amor por esta terra em que nasceram seus ancestrais.
    Sou Historiadora e após me aposentar comecei a pesquisar e montar a genealogia de minha família e a de meu marido, mas minha família paterna se limita aos parentes mais novos pois de meu bisavõ nada sei da família que ficou aí a não ser que nasceu provavelmente na freguesia de Capelas, onde residiam parentes com o nome comercial Motta Soares, e que escreviam para meu avô em papel timbrado. Gostaria muito de ir até aí, Será que seria bem acolhida por este povo maravilhoso? Gostaria muito de pesquisar nos arquivos de Ponta Delgada e saber mais sobre minha família. Qquer coisa que souber sobre minhas possibilidades me retorne no email: plnovato@yahoo.com.br
    Adorei seu texto, se tiver um Livro gostaria de adquiri-lo e divulgar.

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