Artigo
da Dra. Beatriz Craveiro Lopes, anestesiologista, Associação para o
Desenvolvimento da Terapia da Dor (ASTOR)
A
dor miofascial é uma das causas de dor mais comuns na população em geral. É
considerada uma dor músculo-esquelética com uma elevada incidência, mas devido
à sua complexidade é frequentemente mal diagnosticada. Afeta sobretudo mulheres
entre os 30 e os 49 anos.
De
forma simplificada pode ser descrita como uma dor crónica muscular, que pode
surgir em qualquer músculo, embora seja mais comum no pescoço, ombros e região
lombar, caraterizada pela presença de pontos gatilho em qualquer região
muscular do organismo (dor localizada).
A
dor ocorre espontaneamente ou pode surgir quando os pontos gatilho são
estimulados com pressão moderada por mais de 30 segundos.
Pesquisas
têm demonstrado que os pontos gatilho estão associados a outras perturbações
dolorosas, incluindo enxaqueca, cefaléia tensional, disfunções da articulação
têmporo-mandibular, cervicalgias, dores dos ombros, lombalgias, dores pélvicas
ou lesões pós traumáticas. Estão frequentemente associados ao stress excessivo
sobre os músculos como por exemplo movimentos repetitivos, postura inadequada,
perturbações alimentares, stress emocional, especialmente em determinadas
profissionais.
O
diagnóstico é exclusivamente clínico, não existindo atualmente exames
específicos para a deteção desses pontos gatilho, sendo necessário um
profissional treinado para identificar esta dor.
A
dor miofascial é percebida pela pessoa como profunda e intensamente dolorosa e
incapacitante, por vezes acompanhada de sintomas como suores, alterações do
ritmo cardíaco, náuseas e vómitos. A dor piora com a atividade ou esforço. O
seu não tratamento afeta gravemente a qualidade de vida das pessoas devido a
fatores psicológicos (depressão, ansiedade), sociais (isolamento social) e
económicos (baixas laborais).
O
tratamento da dor miofascial visa eliminar ou minimizar a dor gerada pelos
pontos gatilho. Pode contemplar massagens locais, relaxantes musculares e
analgésicos, exercícios de alongamentos, tonificação muscular, e por vezes, em
situações mais graves, acupuntura, e infiltrações com medicamentos nos pontos
gatilho. O tratamento deve ser instituído rapidamente.
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