Turistas
e residentes divergem sobre a entrada hoje em vigor, na lagoa das Furnas,
Açores, de um pacote de taxas que vai desde o pagamento da entrada no local, ao
pagamento dos cozidos e estacionamento.
A
Câmara Municipal da Povoação anunciou a 13 de fevereiro a entrada em vigor a 01
de março das tarifas num dos espaços mais procurados nos Açores pelos turistas.
Sónia
Cipriano, residente em Ponta Delgada, disse à Lusa que é contra o pagamento de
tarifas no espaço da lagoa das Furnas, porque se trata de uma beleza natural de
que as pessoas devem usufruir sem pagamento.
“Dantes não se pagava nem os cozidos. Porque é que agora vamos pagar? O que é que mudou? Melhoraram alguma coisa? Ainda não vi nada! Para se cobrar tem que melhorar muito o que existe”, considera.
Já
a turista nacional Rosa Brás concorda parcialmente com o pagamento de taxas se
os valores forem utlizados na melhoria das instalações sanitárias, por exemplo,
ou na criação de postos de trabalho.
Luís
Dias, do Porto, residente em Ponta Delgada, que levou hoje os pais a conhecerem
o espaço, considera que tem alguma lógica a adoção de taxas na perspetiva da
preservação do espaço, mas defende que os açorianos deveriam estar isentos.
Álvaro
Fernandes, de Santarém, concorda que se deve aplicar uma taxa para a realização
dos cozidos, mas sublinha que o turista procura o espaço para ver as belezas
naturais, sendo confrontado com uma taxa de estacionamento de que considerou
muito caro.
Afonso
Quental, natural da Maia, concelho da Ribeira Grande, defende que a entrada
deveria ser livre, enquanto no que concerne ao pagamento do cozido, sempre se
habituou a dar uma gorjeta aos funcionários, sublinhando que acha excessivo o
número das taxas em causa.
Nélia
Costa, da ilha de São Miguel, acha que se só se pagasse a entrada na lagoa das
Furnas (0.50 cêntimos) subscrevia a medida, mas é contra piqueniques “às
pressas”, porque se está a pagar o estacionamento da viatura, para além de outros
serviços.
O
vendedor ambulante António Amaral, natural das Furnas, que se encontra há 30
anos na lagoa, está expectante, mas não deixa de referir que as pessoas quando
foram confrontadas durante o dia de hoje com a barreira na entrada, “voltaram
para trás porque não queriam pagar”.
Rogério
Mendonça, que está desde hoje a coordenar o espaço, considera ser prematuro
fazer, para já, um balanço, da implementação das taxas, uma vez que se está
numa fase de adaptação.
Muito
embora não tenha termo de comparação, Rogério Mendonça afirma que até às 16:00
entraram no local cerca de 300 pessoas, muitas das quais residentes que se
deslocaram ao local por curiosidade, para além dos turistas, que foram em maior
número.
O
coordenador da Lagoa das Furnas destaca que, acima de tudo, se pretende
“introduzir regras” no local e criar melhores condições para que se usufrua do
espaço.
De
acordo com a decisão da Câmara Municipal da Povoação, a entrada na lagoa das
Furnas custará 50 cêntimos, por pessoa, com isenção a crianças até 12 anos, aos
residentes nas Furnas e a todos quantos possuam o Cartão Amigo do Parque da
direção regional do Ambiente.
Cada
cozido custará três euros por panela aos residentes, enquanto os empresários da
restauração pagarão 2,5 euros por panela”.
O
estacionamento no local, por seu turno, é taxado das 8:00 às 20:00, ficando
isentos os autocarros, táxis e os veículos da restauração.
O
Movimento Lagoa das Furnas, criado recentemente, quer que o presidente da
Câmara Municipal da Povoação suspenda entretanto a entrada em vigor de taxas
naquele espaço para que a comunidade possa ser ouvida sobre a matéria.
Também
a restauração está contra a adoção de taxas porque considera que esta medida
vai ser penalizadora em termos turísticos.
Texto: Lusa
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