Para o povo açoriano a música foi,
desde sempre, o principal entretenimento de expressão artístico-cultural.
As mais antigas referências da
presença de músicos, instrumentos e práticas musicais eruditas ou populares
nestas ilhas encontram-se no Livro IV de Saudades da Terra de Gaspar Fructuoso.
A música popular com os seus balhos
e cantares, que embora difiram de ilha para ilha e mesmo de freguesia para
freguesia, apresentam elementos comuns de métrica, melodia, harmonia e poética.
Contudo, é no século XIX e início do
século XX que, influenciada pelos ideais iluministas, pelo cosmopolitismo
proporcionado, pelas trocas comerciais e pelo mecenato da nova burguesia, a
arte dos sons assume importante relevo na sociedade açoriana.
Incrementa-se a música nos saraus
privados da aristocracia e nas sociedades recreativas e salas de espetáculo
públicas, apresentando artistas locais, nacionais e internacionais que faziam
destas ilhas porto de passagem nas suas tournées à Europa.
A origem da raiz da música
tradicional açoriana remonta aos costumes dos primeiros povoadores.
Na sua maioria, desde o século XV (ca.
1475), data do povoamento destas ilhas, as gentes que por aqui se fixaram eram
de origem portuguesa, contando-se unicamente com alguns estrangeiros vindos da
Flandres.
Assim, o folclore açoriano não é
mais do que o folclore português transplantado para o arquipélago, isto é, uma
sub-cultura do português.
O isolamento das ilhas e os costumes
trazidos pelos primeiros habitantes subsistiram durante séculos, embora não
estivessem alheios às naturais transformações proporcionadas pela criação do
povo que assimilando, adaptando e plagiando, cria através da apropriação de
novos elementos, adaptando-os às suas peculiares condições de vida.
Algumas das melodias sofreram
alterações tão profundas que apenas se lhes poderá reconhecer o nome. Outras
criaram-se e constituíram-se como um todo de características próprias e que
transparecem a índole do ambiente açoriano e seu respetivo sentido de
identidade.
O
“Balho da Povoação” é o único balho em que os pares dão mas mãos. Dão-lhe o
nome de Vila da Povoação, porque é originário desta, a primeira terra a ser
povoada pelos portugueses, por volta de 1439. É muito antigo e a sua
coreografia lembra uma flor que se abre e fecha.
É um balho de roda, com os
balhadores em frente das balhadeiras de mãos dadas, pois é o único balho em que
isto acontece.
.Acompanhamento - Violas da Terra,
Violão, Tambor e Ferrinhos
.Forma estrófica - Quadras soltas e
próprias
.Passo - De Polca
.Pares - Em nº par ou ímpar
.Movimentos – Quarto
O “Balho da Povoação” é tocado e
cantado além fronteiras tal como comprovam aqui os vídeos que vos apresentamos,
onde existem diversas versões na letra.
Veja
os Vídeos:
Kátia
Guerreiro - Balho da Povoação
Marc Dennis - Baile De Povoacao
Lira
Açoriana - Balho da Povoação - Helder Bettencourt
Baile
da Povoação (HD) Rancho do Livramento, Açores
Baile
da Povoação de São Miguel-Musica Portuguesa
Balho
da Povoação - Viola da Terra – Rafael carvalho
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