Filho
de Francisco Medeiros Franco e de Maria de Lourdes Franco, neto paterno de
António José Joaquim e de Maria Augusta Franco e materno de Luciano Tomás
Cabral e de Adelaide de Jesus.
Foi
batizado na igreja Matriz da Povoação, no dia 274 de setembro de 1931, sendo
padrinhos Luciano Tomás Cabral, seu avô materno e madrinha Nossa Senhora Mãe de
Deus.
Recebeu
o sacramento do Crisma na mesma igreja Matriz, aos 6 de agosto de 1940, tendo
como padrinho Dâmaso Vasconcelos.
Após
concluir a escola primária na sua terra natal, ingressou no Seminário de Angra
no ano letivo 1945/1946. Depois de concluir o Curso de Teologia, fez o ano
Pós-Seminário (1957/58), ano em que, como Diácono, foi Secretário do Prelado
diocesano, exercendo serviços na Cúria diocesana.
Recebeu
a Ordenação Sacerdotal na Capela do Seminário de Angra, das mãos de D. Manuel
Afonso de Carvalho, aos 20 de abril de 1958, tendo celebrado a sua “Missa Nova”
na mesma Capela, no dia 21 do mesmo mês e ano.
Atividade pastoral
A
29 de maio de 1958, foi nomeado
Pároco de Santa Bárbara, Santa Maria, tendo recebido do Prelado a incumbência
de fundar naquela ilha a Ação Católica. Tarefa que foi escrupulosamente
cumprida.
Enquanto
esteve ao serviço pastoral da paróquia, desenvolveu notável ação na pregação,
sobretudo por ocasião dos Lausperenes na ilha, além da assistência que prestava
aos grupos de Ação Católica.
De
destacar, ainda, o seu empenho na reconstrução e douramento da capela-mor da
igreja paroquial, o arranjo do adro da igreja e a reparação total do Passal
paroquial, obra que só veio a ser “inaugurada” pelo seu sucessor, Padre António
Teixeira Pereira, também povoacense.
No dia 23 de julho
de 1965,
foi nomeado Pároco de Água Retorta, Ouvidoria da Povoação, São Miguel. Aqui
desenvolveu um apostolado muito profícuo, com relevo especial para o incremento
das celebrações da festa da Padroeira e, sobretudo, das cerimónias litúrgicas
da Semana Santa. O desenvolvimento da Ação Católica Rural e da Pastoral
Vocacional foram as suas duas grandes paixões. O fruto de todo o seu trabalho
apostólico é ainda bem visível na Paróquia, sendo disso testemunho as Irmãs
Religiosas a quem acompanhou no desabrochar da Vocação e os muitos leigos que
se formaram na escola do “ver, julgar e agir”. Além disso, a ele se fica a
dever as grandes obras de restauro realizadas na igreja paroquial de Nossa
Senhora da Penha de França e no Passal.
No
dia 1 de novembro de 1970, foi nomeado Vigário Cooperador da Paróquia Matriz da
Povoação, quando era Pároco da mesma Monsenhor João Maurício de Amaral
Ferreira. Nesta Paróquia, a sua ação pastoral ficou marcada pelo seu grande
amor à pastoral da juventude e à assistência espiritual aos casais.
No
que diz respeito à formação religiosa dos jovens, além da ação que desenvolveu
como Professor de Religião e Moral no Externato Maria Isabel do Carmo Medeiros(41), formou a GUJ (Grupo União Juvenil),
através do qual tentava atingir a juventude da paróquia. A este grupo se fica a
dever o desenvolvimento do teatro religioso e a criação do Grupo Coral Jovem da
Paróquia de Nossa Senhora Mãe de Deus, grupo que foi animado com grande
entusiasmo pelo Senhor Daniel Raposo Leite e seu filho, maestro, Fernando
Cabral Leite.
Malgrado
o grande descontentamento dos cristãos da paróquia de Nossa Senhora Mãe de
Deus, Povoação, sobretudo dos jovens que com ele mais perto conviviam, foi
nomeado Pároco da Atalhada e Cabouco,
aos 13 de maio de 1979.
Nestas
paróquias continuou a sua ação pastoral com o mesmo entusiasmo e espírito de
fé, bem manifestos na preparação das festas religiosas das duas paróquias, com
destaque para a Semana Santa e as festas das padroeiras. Preocupado com a
evangelização das suas duas comunidades, meteu ombros à publicação de um
Boletim paroquial, “Voz do Mestre”, com o qual pretendia atingir as populações
das duas paróquias.
A
nível das estruturas, fica-se a dever-lhe as obras de restauração das igrejas
paroquiais do Cabouco e da Atalhada, bem como a construção do Centro Social e
Paroquial da Atalhada e o Jardim Infantil e Creche no Cabouco. Apesar de todo o
seu empenhamento na criação de um Lar de Terceira Idade no Cabouco, resta-lhe a
mágoa de não ter visto o seu sonho ainda concretizado.
Pobre
entre os mais pobres, amigo sem esperar recompensa, conserva inalterável o
espírito de disponibilidade e de abnegação que o tem acompanhado ao longo da
sua atividade pastoral. De destacar, ainda, o seu grande “amor ao
confessionário”, serviço que desempenha com paixão e sem olhar a horas que
passam. Tem dado provas de que é capaz de resistir aos ventos, mesmo aos que
sopram com maior intensidade, sobre a sociedade e a igreja que serve, generosa
e sacrificadamente.
Em
Julho de 2005, D. António de Sousa Braga alivia-o da responsabilidade pastoral
da paróquia da Atalhada, ficando apenas com a do Cabouco a seu cargo.
No
dia 20 de abril de 2008, celebrou as suas Bodas de Ouro sacerdotais na igreja
paroquial de Nossa Senhora da Misericórdia, Cabouco, Lagoa. Era a ocasião para
agradecer a Deus e por isso exclama: “A minha alma canta jubilosa e alegra-se
em Deus, meu Salvador, por me ter concedido a graça de viver estes 50 anos de
vida e de amor”. Aliás, o convite feito aos amigos traduz os mesmos sentimentos
quando escreve: “O Padre Cláudio Medeiros Franco, agradecido a Deus pelo dom da
vida, da fé e da vocação vem convidá-lo para ajudar a celebrar esta ação de
graças pelos seus 50 anos de vida sacerdotal”.
À
concelebração por ele presidida, “estiveram presentes doze sacerdotes amigos,
onde se destacam mais dois Povoacenses, o Dr. Pe. Weber Pereira e o Doutor Pe.
Octávio de Medeiros, responsável pela pregação”. Da Povoação compareceu uma
comitiva que ultrapassou as 7 dezenas, incluindo familiares, na sua maioria os
antigos membros do Grupo União Juvenil (GUJ),
que fizeram questão de marcar presença amiga e sinal de gratidão pelo trabalho
desenvolvido pelo Padre Cláudio com a juventude povoacense. Em nome do Grupo
falou Walter Duarte afirmando que “Sentimos um orgulho muito grande em estarmos
presentes nesta comemoração, assim como aqueles que, por motivos vários, não
puderam cá estar e, sentimos um orgulho ainda maior por termos tido o
privilégio de termos o Padre Cláudio como amigo, consultor e formador, numa
altura em que estávamos a ser formados e a educar a nossa personalidade e nos
moldar como homens. […] Foi-nos dada a possibilidade de crescermos e Ele [Deus]
tornar-se nosso companheiro na luta, na alegria e na tristeza. Foi esse Deus
renovado e despido de vestes douradas que o Padre Cláudio nos deu a conhecer.
Foi esse Deus humilde que tentamos imitar, É o Padre Cláudio que agradecemos”(42).
No
dia 26 de setembro de 2008, o Padre
Cláudio recebeu da Câmara Municipal da Lagoa a Medalha de Mérito Municipal,
cerimónia que decorreu na sede da Junta de Freguesia do Cabouco. Trata-se de
uma distinção honorífica do Município que se fica a dever aos relevantes
serviços que este pároco concedeu à comunidade lagoense, muito em especial, o
contributo prestado ao desenvolvimento cultural e social das paróquias da
lagoa, nomeadamente Cabouco e Atalhada (43).
Segundo
os jornais, a ação pastoral do Pe. Cláudio na Lagoa evidenciou-se “na criação
de alguns movimentos cristãos religiosos […]. Uma ação pastoral que se
manifestou, em especial, na preparação das festas religiosas da Paróquia do
Cabouco, que em muito contribuem para o enriquecimento cultural e promoção do
Concelho da Lagoa […] designadamente na construção da creche e jardim de
infância “O Ninho”, na freguesia do Cabouco, na fundação da Casa do Povo do
Cabouco, do seu salão paroquial, na criação do Centro Social e Cultural do
Cabouco e no Centro Social e Paroquial da Atalhada.
Ao
agradecer esta homenagem, o Padre Cláudio sublinhou que não fez mais do que o
seu dever e porque, segundo suas palavras, nasceu pobre, viveu pobre e quer
morrer pobre, anunciou publicamente, nesta cerimónia da entrega da Medalha de
Mérito Municipal, que oferece a sua biblioteca pessoal à Junta de Freguesia do
Cabouco.
Faleceu
na Clínica do Bom Jesus, Ponta Delgada, no dia 27 de julho de 2009, tendo sido
sepultado no cemitério de Santa Bárbara, Lomba do Carro, Povoação, no dia 28 do
mesmo mês e ano, após concelebração presidida pelo então Vigário Episcopal de
São Miguel, Padre Octávio de Medeiros. Assim termina “Uma vida de humildade,
serviço e generosidade”. O sacerdote, o amigo, o exemplo, partiu para onde
sempre quis estar, junto a Deus. O homem bom que sempre foi, o ombro amigo que
sabia confortar, a lágrima solidária que chorava e a vontade sempre presente da
sua missão na terra, fizeram o Padre Cláudio o modelo de um verdadeiro padre(44).
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41 – Quando regressei de
Angola (Pe. Octávio Medeiros), em novembro de 1977, vinha sem dinheiro e sem
qualquer documentação da Segurança Social. Então, o Padre Cláudio, ao ter
conhecimento da minha situação, dividiu comigo o seu horário de aulas e de
Religião e Moral que lecionava no Externato Maria Isabel do Carmo Medeiros. O
ordenado vinha no seu nome, pois era ele o titular, mas, depois de o receber,
entregava-me metade. Este gesto marcou-me profundamente e a sua referência
neste momento é, para mim, uma forma de lhe manifestar, uma vez mais e por
escrito, a minha profunda e sincera gratidão, hoje já tecida de saudade. Aliás,
o forro com que foi entabulada a cozinha da casa de meus pais foi com dinheiro
que ele me tinha dado (500$00), como “gratidão” pelo trabalho que prestei na
paróquia de Água Retorta quando ainda era seminarista. Recordo o gesto como se
tivesse acontecido ontem. Mal sabia eu que, passados tantos anos, viria a ser
um dos seus sucessores naquela Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França.
42 – O Portal da
Ilha, 30 de abril de 2008, pp. 1,16.
43 – Cf. Açoriano
Oriental, 11 de agosto de 2008, p. 8; Correio dos Açores, 23 de setembro de
2008, p. 2; Correio dos Açores, 1 de outubro de 2008, p. 11.
44 – O Portal da
Ilha, 31 de agosto de 2009, p. 1 e 10. Sobre a notícia da sua morte, pode
também conferir-se Seara Verde, 15 de Agosto de 2009, p. 15.
Fonte: Clero da Ouvidoria
da Povoação de Octávio Henrique Ribeiro de Medeiros
Povoação, quinta-feira, 13
de dezembro de 2018.
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