O vapor "Maria Amélia" naufragou à
113 anos entre Vila Franca do Campo e a Ribeira Quente na chamada baixa do Tufo, a 3 de
março de 1905. Transportava passageiros e carga para a Povoação. Os passageiros
e a tripulação salvaram-se no salva-vidas albergado no navio e foram rumo à
Ribeira Quente desembarcar.
A 3 de março de 1905 o Diário dos
Açores anunciava: “Ontem, pela 1 hora da tarde, afundou-se na «baixa do Tufo»,
entre Vila Franca e a Ribeira Quente, o vaporsinho «Maria Amélia», que ali ia
buscar carga para a Povoação e o outro para carregar lenha no Tufo. O sinistro
foi devido a ter rebentado um gualdrope do leme, quando se procedia à virada,
por ser violenta a corrente da água, ficando assim sem governo, o que o fez ir
sobre uma baixa. A tripulação e passageiros foram todos salvos pelo próprio
salva-vidas do vapor e levados para a Ribeira Quente. Tanto o capitão como o
engenheiro e o resto da tripulação, empregaram todos os esforços para evitar o
desastre, mas a maré descia já o que dificultou por completo as manobras e no
espaço de meia hora submergiu-se o vapor. Pelas 4 e meia da tarde recebeu o
senhor Laurénio Tavares telegrama das Furnas, partindo em seguida para a
Ribeira Quente, a bordo do «Júpiter», o senhor Weber Tavares, com ordem de
proceder a tudo o que fosse possível para a salvação dos passageiros e barco.
Tanto no pessoal de bordo, como nos habitantes da Ribeira Quente, era bem
manifesto o estado de consternação por este desastre, pois o «Maria Amélia»
estava prestando um bom serviço àquele povoado, pela facilidade de transportes
de gente e cargas. O “Júpiter” chegou aqui à meia-noite com a tripulação. O
«Maria Amélia» estava seguro em companhias inglesas.”
No dia seguinte, o Açoriano Oriental
acrescenta: “Perdeu-se quinta-feira de tarde o vaporsinho «Maria Amélia», que
muitos bons serviços prestou e muito especialmente nos últimos meses, rebocando
para o mar alto os barcos de pesca, empresa do seu proprietário o senhor
Laurénio Tavares, pelo que tivemos amiudadas vezes grande abundância de peixe
no mercado. O «Maria Amélia» seguia para a Povoação, quando se rebentou o
gualdrope do leme, próximo da baixa do Tufo, entre Vila Franca e Ribeira
Quente. Sem governo e devido à violenta corrente de água foi levado para a
referida baixa e encalhou. Imediatamente foi participado, por telegrama, o
corrido para a cidade, e para ali partiu em seguida o «Júpiter», conseguindo
safá-lo. Baldado intento de salvação, porquanto o «Maria Amélia» havia sido
arrombado e submergiu-se quase de pronto. Felizmente não há vítimas a lamentar.
Prejuízos contam-se alguns, apesar do vaporsinho estar seguro por duas
companhias inglesas.”
O naufrágio deste navio mercante
foi descoberto por Francisco Xavier Sousa e foi feito o seu registo por Guy
Costa, coadjuvado por Eleutério Valido. Os destroços localizam-se numa baixa, sensivelmente
a -7 metros de profundidade. Pode ainda observar-se parte da hélice de
propulsão, a cambota e uma das caldeiras, para além de vários fragmentos de
costado metálico dispersos.
Fonte: Guia do Património Cultural
Subaquático dos Açores
Mergulhadores: Guy
Pinto da Costa e Hélio Sousa
Vídeo: Guy Costa
Povoação, domingo, 21 de outubro
de 2018.
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