O
Tribunal da Comarca da Povoação encerrou e deixa de funcionar como tribunal já
a partir do novo ano judiciário, permanecendo como secção de proximidade, para
a qual conta com o apoio de um funcionário que fará os serviços mínimos.
Após
a aprovação do Conselho de Ministros, sob proposta do Ministério da Justiça,
prevê-se que, em alguns casos, estas secções possam receber audiências de
julgamento.
Os
espaços para atendimento ao público vão ter oficiais de justiça com acesso a
todos os processos da comarca, que poderão receber documentos, dar informações
e acompanhar testemunhas ouvidas através de videoconferência.
Em
alguns casos, o juiz poderá mesmo fazer audiências de julgamento nestas secções
de proximidade para que se possa evitar a deslocação a tribunais, que passarão
apenas a existir noutro concelho.
“O
PSD/Açores entende que o eventual encerramento de tribunais terá de ser sempre
acompanhado pela criação de extensões judiciais, de forma que os cidadãos
continuem a beneficiar de um serviço de atendimento ao público de qualidade e
de maior transversalidade, com acesso a todos os tribunais e não apenas aos
judiciais”, refere a Comissão Política Regional, numa nota enviada à agência
Lusa.
“Não
aceitamos o eventual encerramento dos tribunais de Nordeste e Povoação. Temos
uma posição política clara e coerente em defesa de serviços públicos de
proximidade”, acrescenta o documento.
Para
os social-democratas açorianos, o eventual encerramento dos serviços públicos
“não pode obedecer a princípios meramente economicistas””, mas recorda que a
proposta de reorganização do mapa judiciário hoje divulgada “não constitui uma
decisão política definitiva” e ainda será sujeita a discussão pública.
Por
sua vez o partido socialista, através do seu líder parlamentar, Berto Messias,
afirmou, em 1 de Junho de 2012, que o partido está frontalmente contra a
reforma do Mapa Judiciário que prevê, agora, encerrar nos Açores dois
tribunais, alegando que “esta proposta não traz poupança e não vai aumentar a
eficácia e a celeridade da resposta que a justiça dá às pessoas”. ”Somos
totalmente contra esta decisão.
Julgamos
que decorre de uma visão centralista e de uma conceção de estado do Governo da
República completamente errada, acresce, ainda, outra questão que também faz o
sentido inverso daquilo que se pretende, ou seja, esta decisão e esta proposta
de reforma não vai aumentar a eficácia da justiça e a celeridade da resposta
que a justiça dá às pessoas”, considerou Berto Messias.
Em
declarações aos jornalistas no final de uma visita ao Tribunal da Povoação, o
líder parlamentar salientou que esta proposta do Governo Central não faz
sentido pois o encerramento destes serviços na Região não traz poupanças
significativas para o Estado.
”No
caso do Nordeste, o edifício é do município, é mantido pelo município e a casa
dos magistrados foi feita, também, pelo município.
No
caso da Povoação, os funcionários são transferidos e este edifício que manterá
as portas abertas com as outras valências foi alvo de um investimento recente
na ordem dos 400 mil euros, precisamente para recuperar e melhorar as condições
de acesso ao tribunal da Povoação e portanto esta decisão não faz qualquer tipo
de sentido”, explicou.
Segundo
Berto Messias, “não podemos pactuar e somos frontalmente contra esta visão a
que temos assistido por parte do Governo da República do PSD e do CDS em cortar
a torto e a direito sem olhar a meios, e a quem tudo serve de desculpa para
cortar com critérios de régua e esquadro sem ter em conta as especificidades da
Região”.
”Nós
percebemos a necessidade de contenção financeira do nosso país, somos
solidários em muitas matérias com essa questão. Agora, estas matérias não podem
ser abordadas nos Açores da mesma forma que são abordadas em Portugal
Continental porque nós temos características muito próprias”, considerou o
dirigente socialista.
Para
Berto Messias, com as sucessivas reformas que pretendem extinguir freguesias,
encerrar repartições de finanças e que agora preveem, também, fechar tribunais
na Região será difícil continuar a garantir a proximidade da justiça às
populações.
O
presidente da bancada parlamentar socialista anunciou que no próximo plenário
irá apresentar um projeto de resolução que “pretende fazer uma pronúncia
conjunta do parlamento açoriano que será depois enviada ao Senhor Presidente da
República, à Assembleia da República e ao Governo da República a manifestar a
nossa discordância de forma a impedir que esta decisão prossiga”.
”Devemos
estar todos unidos a defender os Açores e a defender a nossa Autonomia com grande
convicção e com grande firmeza senão o Governo da República do PSD e do CDS/PP
conseguirão os seus objetivos que é cortar a torto e a direito sem olhar a
meios”, concluiu.
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