As
festas em honra de Nossa Senhora Mãe de Deus remontam a 1595, altura que o
Bispo de Angra, D. Manuel de Gouveia, publica o Alvará do “ Curato da Senhora
Mãe de Deus, da Povoação Velha”.
Para
entendermos melhor a relação das festas com o “Curato” temos de recuar no tempo
e “agarrar” em Gaspar Frutuoso que na sua obra-prima “Saudades da Terra”, Livro
IV, volume Iº, páginas 263 e seguintes refere que “João de Arruda da Costa,
neto de Gonçalo Vaz, o Grande, casado com Catarina Favela, natural da Ilha da
Madeira, mandou construir posteriormente a 1553, a igreja que fica situada
entre duas ribeiras, à beira mar.
Passados
pouco mais de 42 anos, e por motivos de ordem económica, isto é: coincidia a
celebração com o tempo das colheitas, é alterada a invocação para Nossa Senhora
Mãe de Deus, celebrando-se a primeira festa da sua invocação na primeira semana
de Setembro de 1595, dia que se celebra a Natividade de Nossa Senhora.
Por
não oferecer segurança e já ser exígua demais para a quantidade de católicos
existentes, foi em 2 de Fevereiro de 1848 que a Junta da Paróquia apresentou,
de novo, ao Governador Civil a urgente necessidade em construir um novo templo
na Vila da Povoação, explicando que a igreja de Nossa Senhora Mãe de Deus
estava quase em ruínas e que a ermida de Santa Barbara era pequena demais para
a população das três lombas que servia: Carro, Botão e Cavaleiro.
Toda
esta campanha não resultou, mas também não fez desistir aqueles homens que a 14
de Fevereiro do mesmo ano, em sessão da Junta da Paróquia decidem empreender a
construção do novo templo no centro da Vila, “fugindo, assim, à fúria das ondas
que muitas vezes fustigavam a velhinha igreja.
Foram
escolhidos os terrenos para a construção da nova igreja, pertencente a Francisco Félix Machado, Miquelina Rosa de Jesus e de Plácido Casimiro, a que se juntou o
terreno pertencente a Francisco Dias
Machado.
Por
toda a Ilha do Arcanjo São Miguel foi promovido um peditório, incluindo o
contributo dos paroquianos locais.
A
primeira verba apurada da conjugação destes dois peditórios totalizou quatro
contos noventa e sete mil e quinhentos reis.

Compareceram,
também, os pedreiros João da Ponte Espiga, do lugar da Maia e João Bernardo,
este da Povoação e ainda os carpinteiros Manuel Furtado dos Santos e Manuel de
Melo, desta Vila, para avaliarem a obra de carpintaria e ferragem, os quais
assim presentes, depois de prestarem nas mãos do Presidente juramento dos
Santos Evangelhos, declararam: Que os terrenos a ocupar mediam um alqueire e
meio e vinte cinco varas, avaliados em quatrocentos e vinte mil reis. A obra de
pedreiro, constando de “corte de pedra, condução da mesma, cal e mão d’Obra na
quantia de dois contos quinhentos e vinte reis. Os carpinteiros declaram que
avaliam a madeira, pregos, linhas de ferro, ferragem e mão d’Obra, só de
carpina, na quantia de um conto cento e cinquenta mil reis. Totaliza a
avaliação em quatro contos e noventa mil reis”.
Curioso
se tornou a proximidade entre o arrecadado e o orçado. Ainda existiria uma
diferença positiva de sete mil e quinhentos reis.
Como
“não há bela sem senão” registou-se mais um atraso no início das obras. Apenas
5 meses e 9 dias depois, a 24 de Julho de 1848 arrancam as obras de construção
do novo templo, devido ao processo de expropriação judicial por utilidade
pública que teve de ser requerido pela Junta da Paróquia que era constituída
por: Cura Bernardo António Pacheco de Resende, Jacinto Manuel de Arruda, José
Joaquim Botelho e Francisco Manuel de Resende.
Durou
oito anos erigir a Igreja Nossa Senhora Mãe de Deus e durante trinta anos se
levaram a pedir esmola por toda a ilha.
O
retábulo da capela-mor foi feito por Francisco Furtado de Mendonça da Ribeira
Grande, tendo um custo de duzentos e oitenta mil reis. Estava a Igreja quase
pronta, faltando apenas a capela que hoje é o do Senhor dos Passos e a torre
sineira que mais tarde foi edificada pelo Padre Júlio César Augusto.

Sem comentários:
Enviar um comentário