Nós, açorianos,
damos pouco valor ao que temos.
É
preciso que alguém de fora releve as nossas potencialidades, para então sairmos
do conformismo ilhéu e reconhecer as nossas imensas riquezas.
Hoje
dou o exemplo das Furnas, o sétimo céu da nossa oferta turística, com um
instrumento poderosíssimo chamado Terra Nostra Garden Hotel, o cantinho
paradisíaco do imenso vale celeste.
Relevo
o tema porque é neste início de Primavera que as Furnas se tornam no
deslumbramento mais sublime.
Raul
Brandão, no relato de “As ilhas desconhecidas”, dizia que “a verdadeira
Primavera, aqui, é o Outono, em que cada árvore parece uma flor gigantesca e as
Furnas tomam cores de outro mundo quimérico”.
Desfrutar
este ambiente é um privilégio que já vem de longe, marcado por um americano
chamado Thomas Hickling, então Consul dos EUA em São Miguel, que construiu a
sua residência de verão, a “Yankee Hall”, no meio de 12,5 hectares de jardins,
matas e lagos deslumbrantes, em 1775, hoje o Parque Terra Nostra, do Grupo
Bensaúde.
É
neste “luxo verdejante” que se ergue o emblemático hotel de charme, agora
profundamente renovado, misturando a sua tradicional Art Deco com os traços
modernos do nosso tempo.
O
Terra Nostra Garden Hotel, considerado pela revista internacional “Condé Naste
Traveler”, como um dos 10 melhores “Retiros Verdes” do mundo, bem poderia
classificar-se com 5 estrelas, e a sua cozinha a raiar a estrela Michelin.
O
Chef Luis Pedro e a sua jovem equipa concebeu agora, para este Outono/Inverno,
uma carta gastronómica que é um hino aos produtos locais e à ambiência idílica
das Furnas.
É
justo mencionar alguns pratos, definidos como uma explosão de sabores do
Atlântico misturados com texturas e cores dos nossos campos: para entrada, um
carpaccio de beterraba, puré de grão, limão galego e vinagrete de avelãs; mas
pode também optar por um ceviche de lírio, com lima, coentros e limão galego
confitado; sugere-se, depois, uma veja escalfada em caldo de peixe, aromatizada
com erva príncipe, servida com batata doce, abóbora e pimentos; ou então um
entrecosto cozido a baixa temperatura e assado, pézinhos e boletus, tarte de
cebola e um puré de batata com infusão de alecrim; a fechar, um pudim de queijo
velho de S. Miguel com gelado de tomarilho; em alternativa, um crepe recheado e
flamejado com ananás e gelado, acompanhado por um Czar do Pico, em homenagem
aos tradicionais e saborosos crepes de Mestre José Dias no Hotel S. Pedro.
Mas
o mais surpreendente são os “amuse-buche” do Chef, que até utiliza, pela
primeira vez na história do hotel, os famosos cogumelos Boletus do próprio
Parque.
Esta
é apenas uma amostra da carta, que continua a incluir os seus pratos de marca,
como o cozido nas caldeiras ou os filetes de abrótea, tudo regado com uma carta
de vinhos, escolhida há poucos dias pela “Revista de Vinhos” como uma das 52
finalistas do concurso de “Melhor Carta de Vinhos de 2013” em Portugal.
Na
velha cave do Terra Nostra é tão possível conviver um D. Perignon Vintage de
1996 com uma Magnum Romeira de 1970 (relíquia divinal), ou um “Diga?” branco de
2008 com um Porto Ferreira Vintage de 1999.
O
epílogo é um passeio pelo Parque, entre as mais de 600 qualidades de camélias,
e, mais tarde, um mergulho na célebre piscina de água férrea entre 30 a 40
graus de temperatura natural, ou então a piscina interior com hidromassagem,
sauna e banho turco.
Tempo
ainda para visita à nova esplanada, junto à entrada do Parque, com uma
tradicional “clubsandwich” ou, mais afoita, uma alheira crocante de Santa Maria
com doce de pêro das Furnas.
Nesta
transformação exuberante que o Terra Nostra oferece, o melhor de tudo continua
a ser os seus colaboradores, onde é notória a satisfação e o orgulho estampados
nos rostos maioritariamente furnenses, fazendo jus à velha escola deste hotel,
desde 1935.
Por
aqui passou e continua a passar gente experiente, com décadas de serviço, que
vai transmitindo os ensinamentos aos quadros mais novos, incluindo os
reclassificados, como um antigo jardineiro agora porteiro.
O
Terra Nostra vive sempre do seu tempo.
Do
tempo do alegre João Rodrigues, do cavalheirismo de Duarte Pimentel, do
hospitaleiro-mor Mário Oliveira, da simplicidade do José de Paiva e, agora, do
jovem inovador Carlos Rodrigues.
Cada
um com a sua história, cada um com os seus mestres, desde o Sr. Rosa, o Sr.
Basílio, o Sr. António Carvalho, até aos dias de hoje, com o Sr. João
Vertentes, 38 anos de casa, a comandar uma sala com uma equipa fantástica.
É
destas histórias de magia que se faz o turismo da nossa região.
Tomara
nos orgulharmos de outros sectores que enriquecem o nosso património e que
precisam de mais reconhecimento.
Afinal,
como se vê, o paraíso é aqui tão perto.
Osvaldo
Cabral
Fonte:
Vale da Furnas Digital
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