O
presidente da câmara da Povoação, Carlos Ávila, tranquilizou ontem a população
da vila de que as obras em curso de ampliação da rua D. Maria II e redução em
50 a 70 centímetros durante 57 metros de comprimento da ribeira, não vai ter
qualquer impacto ao nível de eventuais cheias no futuro.
Carlos
Ávila explicou que o troço da ribeira tem 24 metros de largura. Mas,
precisamente na zona onde a estrada estreita da rua D. Maria II, - pelo que
explica o autarca - a largura passa a 25 e até quase 26 metros. O que se vai
fazer, esclareceu, “é aproveitar esta diferença e vamos colocar a ribeira a 24
metros apenas num troço de mais ou menos 57 metros de comprimento”.
Este
estreitamento da ribeira vai acontecer “especialmente na curva no cimo da rua –
onde se encontra o maior estrangulamento – e depois ela vai acabar em zero. Ou
seja, o que estamos a construir é uma meia-lua. E, portanto, não me venham dar
lições. Se tiver de haver cheia não é porque estamos a fazer estes trabalhos”.
A
notícia de que a câmara estava a estreitar o espaço da ribeira causou algum
frenesim e preocupação, não só na população, como nos meios ecologistas
micaelenses que dizem não compreender como se estreita uma ribeira numa vila
onde em 1986 e 1996 ocorreram cheias.
Carlos
Ávila afirma que viveu de perto estas cheias e conhece o fenómeno como ninguém.
Voltou a explicar que o problema das cheias da Povoação ocorre a Norte da
ribeira quando na zona se concentram troncos. E dois técnicos da câmara
municipal mantêm todo o espaço em permanente vigilância para que, a qualquer
momento, os serviços oficiais intervenham para tirar eventuais troncos que
surjam e que possam vir a criar problemas na vila.
O
autarca justifica a necessidade destas obras com o facto de a avenida principal
da Vila da Povoação estar construída em cima de terreno de aluvião da ribeira e
a passagem de viaturas pesadas estar a massacrar as casas que ali foram
construídas. “O nosso interesse é desviar o trânsito pesado para a rua D. Maria
II, litoral à ribeira para não causar mais problemas a estas habitações”, completa.
E
Carlos Ávila avança com mais pormenores sobre a obra. No cimo da rua D. Maria
II, na curva a via tem 5.50 metros mas, para dois camiões passarem, são
precisos 6.20 metros. Por isso é que a via vai alargar na zona 70 centímetros
para dentro da ribeira.
Explicou
também que as pedras colocadas no centro da ribeira só lá foram colocadas para
criar uma zona seca do lado onde vão decorrer os trabalhos que é para facilitar
as obras. “Isto está a ser feito com muito cuidado”, sublinhou.
Carlos
Ávila (presidente da câmara da Povoação) - Completamente tranquila.
A
via vai passar a ter quantos metros de largura?
Na
sua faixa maior, ou seja, na curva que é onde há maior dificuldade de trânsito,
vai passar a ter seis metros e meio. Ou seja, o alargamento é mínimo.
Incluindo
o parecer da direcção regional do Ambiente?
Incluindo
o título de registo de utilização de recurso hídrico da direcção regional do
ambiente.
Um
dos comentários que fazem é que a ribeira, pelo que se nota pelos muros de
betão, tem espaço para um caudal planeado. Para diminuir o espaço para o
caudal, deverão existir novos dados…
Os
muros de betão foram feitos há muitos anos era eu vereador no tempo do Medeiros
Ferreira na altura em que foi feita a obra de saneamento básico da vila da
Povoação. E, portanto, não tem nada a ver com o caudal planeado. Nada,
absolutamente nada.
O
mais interessante é que há pessoas aqui na vila que até queriam que nós
colocássemos o muro ainda mais dentro da ribeira e eu disse que não. Eu fui
pressionado para colocar o muro ainda mais dentro e a minha resposta foi
negativa. Estamos a efectuar a obra de acordo com o parecer técnico.
João
Paz
Fonte:
Jornal Correio dos Açores, 6 de maio de 2014
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