Há
muito, muito tempo atrás, havia um homem de nome António Marques que vivia na
Lomba do Alcaide, na Povoação. O dito António tinha uma namorada na Lomba do
Loução e, como o namoro já era de casa, costumava ir, sempre que podia, passar
o serão a casa da noiva.
Numa
certa noite, a altas horas, o António, depois de se despedir com o habitual
“até amanhã se Deus quiser”, saiu de casa do futuro sogro e meteu-se a caminho
da Lomba do Alcaide, a pé, como sempre fazia. Ia a passar por cima da ponte que
une as duas lombas, quando olhou, por acaso, para o fundo da ravina e viu uma
coisa que nunca tinha imaginado. Era uma freguesia, com casas caiadas de
branco, em cujos quintais se viam longos fios de roupa muito branca, que
consolava a ver.
O
António, ao ver aquilo que não era habitual, ficou muito assustado, tanto mais
que estava sozinho e era de noite. Pôs-se a correr o mais depressa que pôde em
direção a sua casa, na Lomba do Alcaide.
Quando
chegou, parecia que o coração lhe saía pela boca fora e, os de casa, vendo-o
naquele estado, perguntaram-lhe porque estava tão assustado. Ainda sem poder
falar, o António contou o que tinha visto.
Nos
dias seguintes a notícia passou de boca em boca, mas as pessoas não acreditaram
na história e disseram que ele estava doido.
Porém,
houve um homem mais velho que acreditou nele, porque os seus avós contavam que
de sete em sete anos, a uma certa hora da noite, aparecia, por breves momentos,
uma freguesia que estava encantada por debaixo da ponte que unia as Lombas do
Alcaide e do Loução. Quase ninguém sabia daquilo porque poucas pessoas tinham
tido a sorte de ter visto tal fenómeno.
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