André
Linhares Temudo Machado Bento nasceu a 22-07-1990 no concelho da Povoação,
furnas, é filho dos povoacenses Ricardo Jorge Machado Bento (falecido) e de
Rafaela Lima Linhares Temudo Teixeira Bento. Licenciou-se em Desporto e
Atividade Física pela Escola Superior de Viseu, Instituto Politécnico de Viseu.
No seu curto palmarés consta o seguinte: Foi treinador da equipa de Benjamins
do Ac. Viseu,
treinador de Guarda Redes da equipa de iniciados A do Académico de Viseu,
atualmente é treinador da equipa do Mira-Mar Sport Clube de iniciados na
modalidade do futsal, bem como na presente época desportiva foi ainda treinador
de Guarda Redes da equipa sénior Mira-Mar SC.
Um
Olhar Povoacense foi ao encontro desde jovem valor povoacense para tentar saber
um pouco mais do seu ainda recente percurso desportivo.
Olhar Povoacense - Como surgiu o convite para o André Bento
treinar a equipa de iniciados futsal do Mira-Mar Sport Clube?
André Bento – Após ter
concluído o meu curso e ter regressado aos Açores, o presidente do clube
Norberto Araújo convidou-me para fazer parte da equipa técnica do escalão de
iniciados de futebol de 11,convite esse que aceitei logo de imediato após saber
que continuaria a viver no concelho. No entanto após ter-se constatado que o
plantel seria curto a direção optou por inscrever o escalão na modalidade de
Futsal e como já tinha algum conhecimento e experiência na modalidade assumi o
escalão com muito gosto
O.P. - O trabalho de um treinador com jovens desta
faixa etária é muito extenso, mas pode ser orientado com base em filosofias e
ideias. No seu ponto de vista e de forma geral, quais filosofias que deve
seguir um treinador de jovens?
A.B. - Eu penso que no
meio onde nos encontramos e sendo nós orientadores de jovens devemos primeiramente
transmitir bons valores e inserir os jovens na sociedade, amadurecer os mesmos
a nível social e humano de modo a saberem viver em grupo e prepará-los para os
desafios que surgirão ao longo da vida, pois a meu ver nesta geração de jovens
nota-se uma grande falta de humildade e de vontade de aprender. Claro que tudo
isto deve ser conjugado com uma orientação mais específica consoante a
modalidade onde estão inseridos pois só assim poderão evoluir enquanto
desportistas.
O.P. - A primeira coisa que eu reparei quando
entrei no Pavilhão Gimnodesportivo da Povoação foi o ambiente agradável ao
redor do jovem plantel. Quais são as vantagens desse tipo de ambiente num
plantel de iniciados?
A.B. – isto é como tudo
na vida, se és feliz naquilo que fazes as coisas saem naturalmente e com uma
qualidade muito maior, eu próprio não me sentiria motivado a trabalhar num
grupo onde não reinasse a boa disposição. No fundo das coisas mais importantes
nestas idades é eles divertirem-se a fazer o que mais gostam, claro que
mantendo a qualidade, sempre cumprindo as regras estabelecidas e sabendo
respeitar as devidas hierarquias no grupo.
O.P. - Muitos treinadores acreditam que deve ser
mantida uma certa distância entre treinador e jogador, outros acreditam que
deve existir um equilíbrio, onde a ideia do jogador é fundamental. Qual é a tua
opinião?
A.B. – Eu partilho da
opinião que tanto os jogadores como os treinadores têm de ter a noção dos
limites e da situação em que se encontram. Dentro do processo de treino e jogos
é uma coisa, e no dia-a-dia é outra. O respeito e a hierarquia deve ser mantida
no dia-a-dia mas claro com mais liberdade e mais à vontade que no processo de
treino onde aí mandam as ideias do treinador, se ele é que foi destacado para
liderar aquele grupo é sobre as ideias dele que o grupo deve funcionar. É
importar saber sempre a opinião dos jogadores em relação ao funcionamento do
grupo mas na minha opinião a decisão é sempre tomada pelo treinador ou direção
do clube em questão.
O.P. - Como ser respeitado enquanto treinador?
A.B. – O maior sinal de
respeito que me podem dar é eles atletas serem humildes e reconhecerem que o
treinador tem razão em situação x ou y e estarem sempre prontos a ouvir aquilo
que quem coordena tem para dizer e seguir as ordens. Claro que um atleta pode
nem sempre concordar com a opinião do treinador e de forma respeitosa deve
demonstrar o seu ponto de vista, mas sempre tendo a noção de que é o treinador
que manda e é sobre as ordens dele que o processo de treino funciona.
O.P. – A modalidade do futsal é bem diferente do
futebol 11. Achas que esta será uma boa base para futuramente estes jovens
valores transitarem para o futebol 11 tal como previsto?
A.B. – Eu sinceramente
não penso nisso, não trabalho esta época no futsal a pensar que os jogadores no
ano que vem irão transitar para outra modalidade, pois apesar dos princípios de
jogo serem em quase tudo idênticos e conseguires trabalhar muitos aspetos no
futsal que enriquecem o reportório técnico e tático no futebol de 11 há um
conjunto de comportamentos técnicos e táticos característicos do futsal que no
futebol de 11 funcionam de maneira diferente, logo trabalhar estes atletas no
futsal para depois irem para o futebol de 11 seria contra producente. É
necessário é faze-los evoluir no futsal de modo a continuarem no mesmo.
O.P. - Quais são os aspetos que consideras mais
importantes para formar a base de uma boa organização?
A.B. – Na minha ótica
penso que o respeito, a concentração, o empenho e acima de tudo a
responsabilidade são bases necessárias para se realizar um trabalho produtivo.
Pois são valores e comportamentos que se consegue fazer um transfer para vários
aspetos da vida não só enquanto atleta mas também como homem.
O.P. – O que achas mais importante: a formação de um
modelo de jogo em função dos jogadores, ou a formação de um modelo de jogo em
função da competição? Ou os dois? E Porquê?
A.B. – Eu defendo que
são os jogadores que têm de adaptar ao modelo de jogo definido pelo treinador,
aliás até defendo que o modelo de jogo das camadas jovens de um clube deve ser
uniforme para no escalão sénior haver uma maior e melhor potencialização das
capacidades dos jogadores, como no meu caso isso não se sucede faço por ter um
modelo de jogo na minha equipa em que as ideias que defendo são a base e tendo
os jogadores de se adaptar e adquirir os comportamentos e diretrizes
necessárias para o funcionamento do mesmo.
O.P. - Ao longo desta época desportiva o que mais
satisfez o André Bento neste projeto desportivo?
A.B. – a qualidade do
grupo de trabalho e a envolvência de todas as pessoas inerentes ao mesmo. Os
atletas mostraram grande empenho, muita vontade de aprender, uma alegria e
paixão contagiante, os próprios pais muito presentes e com uma mentalidade
adequada à faixa etária dos miúdos e também um bom acompanhamento por parte da
direção, nomeadamente o presidente Norberto Araújo e as pessoas que me ajudam
de mais perto no escalão como é o caso do Filipe Martins e Vitor Vieira, são
eles uma parte muito importante do sucesso desportivo e comportamental deste
grupo.
O.P. - Quais são as ambições do André Bento a
nível desportivo?
A.B. – Como qualquer
treinador eu ambiciono passo a passo ir deixando a minha marca por onde passe
sendo importante na evolução dos jovens e consequentemente ir ganhando
experiência para poder integrar desafios mais alto. Penso que enquanto
treinador tu podes observar a evolução dos atletas a vários níveis e perceberes
que tens “dedinho” ali e consequentemente ires conquistando troféus, são as melhores
sensações enquanto treinador.
O.P. – O André Bento nasceu e criou-se nas Furnas,
atualmente desenvolve um trabalho meritório com jovens valores do Mira-Mar. E a
eterna rivalidade clubística entre Vale Formoso / Mira-Mar? Como lida com ela?
Afeta-o de alguma maneira?
A.B. – Digamos que eu vejo
as coisas de uma maneira diferente do habitual, tendo eu já sido atleta de
ambos os clubes nutro um carinho muito especial pelos 2 e não é por ser
furnense que eu não gosto do Mira Mar ou por trabalhar no Mira Mar que eu não
gosto do Vale Formoso, quem me conhece sabe bem que o Mira Mar é o meu clube
preferido, foi lá que me formei enquanto atleta e homem, conheci muita gente
que me é importante e é o clube que o defendo com todas as minhas forças sendo
atleta ou técnico, mas claro que também gosto muito do Vale Formoso e também
ele constitui uma parte importante na minha evolução. Compreendo que as pessoas
vivem esta rivalidade de forma efusiva e muitas vezes ultrapassando as marcas,
mas não concordo, acho que o desporto é para ser vivido com fair-play, respeito
e acima de tudo alegria.
O.P. – Quais as tuas aspirações/ambições futuras
no desporto local e regional?
A.B. – Ir de uma forma
ou de outra e consoante os desafios que me forem sendo colocados poder
contribuir para uma evolução do desporto no meio onde me encontro inserido e
conseguir tornar o concelho e suas instituições dinâmico a nível desportivo.
Com a qualidade e variedade de infra estruturas e espaços que podem ser
aproveitados para possíveis atividades desportivas e lúdicas o nosso concelho
poderá ser bem uma referência a esse nível, há que é trabalhar para tal.
O.P. - A terminar esta nossa agradável conversa
gostarias de acrescentar algo mais?
A.B. – Queria desde já
agradecer ao Olhar Povoacense o convite para esta entrevista e a disponibilidade
que demonstrou para se deslocar ao nosso treino, é bom ir dando a conhecer aos
mais despercebidos os bons valores do concelho. Quero também deixar aqui o meu
agradecimento ao grupo de jovens que lidero e à direção e staff do clube ao
qual pertenço, aconteça o que acontecer o saldo desta época desportiva e desta
experiência no futsal é mais que positivo e farei votos para que assim
continue.
Veja o vídeo:
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