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domingo, 11 de maio de 2014

GRANDE ENTREVISTA AO TREINADOR DO MIRA-MAR S.C. ESCALÃO DE INICIADOS FUTSAL – ANDRÉ BENTO (vídeo)

André Linhares Temudo Machado Bento nasceu a 22-07-1990 no concelho da Povoação, furnas, é filho dos povoacenses Ricardo Jorge Machado Bento (falecido) e de Rafaela Lima Linhares Temudo Teixeira Bento. Licenciou-se em Desporto e Atividade Física pela Escola Superior de Viseu, Instituto Politécnico de Viseu. No seu curto palmarés consta o seguinte: Foi treinador da equipa de Benjamins do Ac. Viseu, treinador de Guarda Redes da equipa de iniciados A do Académico de Viseu, atualmente é treinador da equipa do Mira-Mar Sport Clube de iniciados na modalidade do futsal, bem como na presente época desportiva foi ainda treinador de Guarda Redes da equipa sénior Mira-Mar SC.

Um Olhar Povoacense foi ao encontro desde jovem valor povoacense para tentar saber um pouco mais do seu ainda recente percurso desportivo. 

Olhar Povoacense - Como surgiu o convite para o André Bento treinar a equipa de iniciados futsal do Mira-Mar Sport Clube?

André Bento – Após ter concluído o meu curso e ter regressado aos Açores, o presidente do clube Norberto Araújo convidou-me para fazer parte da equipa técnica do escalão de iniciados de futebol de 11,convite esse que aceitei logo de imediato após saber que continuaria a viver no concelho. No entanto após ter-se constatado que o plantel seria curto a direção optou por inscrever o escalão na modalidade de Futsal e como já tinha algum conhecimento e experiência na modalidade assumi o escalão com muito gosto

O.P. - O trabalho de um treinador com jovens desta faixa etária é muito extenso, mas pode ser orientado com base em filosofias e ideias. No seu ponto de vista e de forma geral, quais filosofias que deve seguir um treinador de jovens?

A.B. - Eu penso que no meio onde nos encontramos e sendo nós orientadores de jovens devemos primeiramente transmitir bons valores e inserir os jovens na sociedade, amadurecer os mesmos a nível social e humano de modo a saberem viver em grupo e prepará-los para os desafios que surgirão ao longo da vida, pois a meu ver nesta geração de jovens nota-se uma grande falta de humildade e de vontade de aprender. Claro que tudo isto deve ser conjugado com uma orientação mais específica consoante a modalidade onde estão inseridos pois só assim poderão evoluir enquanto desportistas.

O.P. - A primeira coisa que eu reparei quando entrei no Pavilhão Gimnodesportivo da Povoação foi o ambiente agradável ao redor do jovem plantel. Quais são as vantagens desse tipo de ambiente num plantel de iniciados?

A.B. – isto é como tudo na vida, se és feliz naquilo que fazes as coisas saem naturalmente e com uma qualidade muito maior, eu próprio não me sentiria motivado a trabalhar num grupo onde não reinasse a boa disposição. No fundo das coisas mais importantes nestas idades é eles divertirem-se a fazer o que mais gostam, claro que mantendo a qualidade, sempre cumprindo as regras estabelecidas e sabendo respeitar as devidas hierarquias no grupo.

O.P. - Muitos treinadores acreditam que deve ser mantida uma certa distância entre treinador e jogador, outros acreditam que deve existir um equilíbrio, onde a ideia do jogador é fundamental. Qual é a tua opinião?

A.B. – Eu partilho da opinião que tanto os jogadores como os treinadores têm de ter a noção dos limites e da situação em que se encontram. Dentro do processo de treino e jogos é uma coisa, e no dia-a-dia é outra. O respeito e a hierarquia deve ser mantida no dia-a-dia mas claro com mais liberdade e mais à vontade que no processo de treino onde aí mandam as ideias do treinador, se ele é que foi destacado para liderar aquele grupo é sobre as ideias dele que o grupo deve funcionar. É importar saber sempre a opinião dos jogadores em relação ao funcionamento do grupo mas na minha opinião a decisão é sempre tomada pelo treinador ou direção do clube em questão. 

O.P. - Como ser respeitado enquanto treinador?

A.B. – O maior sinal de respeito que me podem dar é eles atletas serem humildes e reconhecerem que o treinador tem razão em situação x ou y e estarem sempre prontos a ouvir aquilo que quem coordena tem para dizer e seguir as ordens. Claro que um atleta pode nem sempre concordar com a opinião do treinador e de forma respeitosa deve demonstrar o seu ponto de vista, mas sempre tendo a noção de que é o treinador que manda e é sobre as ordens dele que o processo de treino funciona.

O.P. A modalidade do futsal é bem diferente do futebol 11. Achas que esta será uma boa base para futuramente estes jovens valores transitarem para o futebol 11 tal como previsto?

A.B. – Eu sinceramente não penso nisso, não trabalho esta época no futsal a pensar que os jogadores no ano que vem irão transitar para outra modalidade, pois apesar dos princípios de jogo serem em quase tudo idênticos e conseguires trabalhar muitos aspetos no futsal que enriquecem o reportório técnico e tático no futebol de 11 há um conjunto de comportamentos técnicos e táticos característicos do futsal que no futebol de 11 funcionam de maneira diferente, logo trabalhar estes atletas no futsal para depois irem para o futebol de 11 seria contra producente. É necessário é faze-los evoluir no futsal de modo a continuarem no mesmo.

O.P. - Quais são os aspetos que consideras mais importantes para formar a base de uma boa organização?

A.B. – Na minha ótica penso que o respeito, a concentração, o empenho e acima de tudo a responsabilidade são bases necessárias para se realizar um trabalho produtivo. Pois são valores e comportamentos que se consegue fazer um transfer para vários aspetos da vida não só enquanto atleta mas também como homem.

O.P. O que achas mais importante: a formação de um modelo de jogo em função dos jogadores, ou a formação de um modelo de jogo em função da competição? Ou os dois? E Porquê?

A.B. – Eu defendo que são os jogadores que têm de adaptar ao modelo de jogo definido pelo treinador, aliás até defendo que o modelo de jogo das camadas jovens de um clube deve ser uniforme para no escalão sénior haver uma maior e melhor potencialização das capacidades dos jogadores, como no meu caso isso não se sucede faço por ter um modelo de jogo na minha equipa em que as ideias que defendo são a base e tendo os jogadores de se adaptar e adquirir os comportamentos e diretrizes necessárias para o funcionamento do mesmo.

O.P. - Ao longo desta época desportiva o que mais satisfez o André Bento neste projeto desportivo?

A.B. – a qualidade do grupo de trabalho e a envolvência de todas as pessoas inerentes ao mesmo. Os atletas mostraram grande empenho, muita vontade de aprender, uma alegria e paixão contagiante, os próprios pais muito presentes e com uma mentalidade adequada à faixa etária dos miúdos e também um bom acompanhamento por parte da direção, nomeadamente o presidente Norberto Araújo e as pessoas que me ajudam de mais perto no escalão como é o caso do Filipe Martins e Vitor Vieira, são eles uma parte muito importante do sucesso desportivo e comportamental deste grupo.

O.P. - Quais são as ambições do André Bento a nível desportivo?

A.B. – Como qualquer treinador eu ambiciono passo a passo ir deixando a minha marca por onde passe sendo importante na evolução dos jovens e consequentemente ir ganhando experiência para poder integrar desafios mais alto. Penso que enquanto treinador tu podes observar a evolução dos atletas a vários níveis e perceberes que tens “dedinho” ali e consequentemente ires conquistando troféus, são as melhores sensações enquanto treinador.

O.P. O André Bento nasceu e criou-se nas Furnas, atualmente desenvolve um trabalho meritório com jovens valores do Mira-Mar. E a eterna rivalidade clubística entre Vale Formoso / Mira-Mar? Como lida com ela? Afeta-o de alguma maneira?

A.B. – Digamos que eu vejo as coisas de uma maneira diferente do habitual, tendo eu já sido atleta de ambos os clubes nutro um carinho muito especial pelos 2 e não é por ser furnense que eu não gosto do Mira Mar ou por trabalhar no Mira Mar que eu não gosto do Vale Formoso, quem me conhece sabe bem que o Mira Mar é o meu clube preferido, foi lá que me formei enquanto atleta e homem, conheci muita gente que me é importante e é o clube que o defendo com todas as minhas forças sendo atleta ou técnico, mas claro que também gosto muito do Vale Formoso e também ele constitui uma parte importante na minha evolução. Compreendo que as pessoas vivem esta rivalidade de forma efusiva e muitas vezes ultrapassando as marcas, mas não concordo, acho que o desporto é para ser vivido com fair-play, respeito e acima de tudo alegria. 

O.P. Quais as tuas aspirações/ambições futuras no desporto local e regional?

A.B. – Ir de uma forma ou de outra e consoante os desafios que me forem sendo colocados poder contribuir para uma evolução do desporto no meio onde me encontro inserido e conseguir tornar o concelho e suas instituições dinâmico a nível desportivo. Com a qualidade e variedade de infra estruturas e espaços que podem ser aproveitados para possíveis atividades desportivas e lúdicas o nosso concelho poderá ser bem uma referência a esse nível, há que é trabalhar para tal.

O.P. - A terminar esta nossa agradável conversa gostarias de acrescentar algo mais?

A.B. – Queria desde já agradecer ao Olhar Povoacense o convite para esta entrevista e a disponibilidade que demonstrou para se deslocar ao nosso treino, é bom ir dando a conhecer aos mais despercebidos os bons valores do concelho. Quero também deixar aqui o meu agradecimento ao grupo de jovens que lidero e à direção e staff do clube ao qual pertenço, aconteça o que acontecer o saldo desta época desportiva e desta experiência no futsal é mais que positivo e farei votos para que assim continue.

Veja o vídeo:














































































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