Em
1959, com apenas 19 anos, Dorvalino Ferreira partiu das Furnas à boleia num
camião de beterraba e embarcou clandestinamente no Carvalho Araújo com destino
a Lisboa.
Aí
e munido de um passe de passageiro em trânsito, que lhe arranjara um amigo,
embarcou no Santa Maria e correu meio mundo até ser detido por um guarda
fronteiriço na Flórida, sendo compelido a regressar a bordo, onde ficou retido
num camarote.
No
regresso a Lisboa foi detido pela PIDE e apresentado ao Tribunal da Boa Hora,
onde foi absolvido.
Empregou-se
temporariamente no Hotel Ritz, como ajudante de copa, mas a vontade de conhecer
o mundo falou mais alto.
Infiltrou-se
entre os passageiros do paquete Leonardo Da Vinci e de Alcântara partiu para o
mediterrâneo, sendo detido em Itália e novamente entregue à PIDE.
Como
reincidente foi julgado e condenado pelo Tribunal da Boa Hora a 15 dias de
prisão em Caxias.
Após
a libertação regressou a S. Miguel e às Furnas.
Em
1961 assentou praça no quartel dos Arrifes e foi destacado para o campo militar
de S. Margarida, em Constância, com a especialidade de "Tratador de Cães
de Guerra".
Após
o serviço militar fixou residência em Lisboa e aí viveu durante 36 anos.
Foi
operário nas obras de construção do Hospital da Estrela, revisor da Carris,
voltou ao Ritz, trabalhou no Rivoli, na Residencial América, no Capitólio, nas
obras de recuperação do Chiado e no Bota Alta, no Bairro Alto.
Em
1995 regressou às Furnas e ressuscitou a profissão do pai (galocheiro)
fabricando as antigas e típicas galochas e tamancos de gáspeas vermelhas e
corpo em madeira.
Luís
Quental
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