Família: Poaceae
Origem
Bacia do Mediterrânico;
Europa e Ásia de clima temperado até à China. Introduzida como planta pratense
em muitos outros territórios de clima temperado ou mediterrânico (e.g. Açores,
Madeira, Américas do Norte e do Sul, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul).
O panasco é uma espécie complexa.
Em função da morfologia e do número de cromossomas são correntemente aceites pelo
menos dezoito subespécies. A Euro+Med Plantbase admite a presença de cinco
subespécies em Portugal:
glomerata, hackelii (=
marina), izcoi, lusitanica e hispanica. A subsp. hackelii com as suas folhas
papilosas e ecologia litoral tem um escasso interesse agronómico. As subsp. glomerata,
izcoi e lusitanica são difíceis senão impossíveis de distinguir no campo, por
essa razão são reunidas por muitos autores numa subsp. glomerata s.l. (de
sentido lato), critério este seguido nesta ficha. As subespécies glomerata s.l.
e hispanica distinguem-se com base nos seguintes carateres:
• subsp. glomerata s.l. –
Folhas largas (até 12 mm). Inflorescência ampla (aberta). Eixos secundários da inflorescência
(ramos diretamente inseridos no eixo primário que resulta do prolongamento do
colmo) longos; o eixo secundário inferior maior do que o primeiro entrenó do eixo
primário. Lema geralmente bidentada e com uma arista até 1,5 mm. Frequente nas
regiões mais húmidas de Portugal (e.g. faixa litoral e sublitoral oeste,
noroeste e montanhas) em lameiros, pousios de terras profundas, orlas de
bosque, taludes terrosos e margens de caminhos. As cultivares comercializadas
em Portugal enquadram-se nesta subespécie.
• subsp. hispanica. –
Folhas mais estreitas (até 4,5 mm).
Inflorescência contraída
(compacta), raramente com mais de 1 cm de largura. Eixos secundários da inflorescência
curtos, menores do que o primeiro entrenó do eixo primário da panícula. Ápice
das lemas lobulados e com uma arista até 1 mm. Frequente em orlas de bosques,
clareiras de matos, taludes e margens de caminhos em áreas de clima mediterrânico.
Ecologia
Encontra-se desde o
litoral até grande altitude (atinge os 2500 m nos Alpes). Requer valores de
precipitação de, pelo menos, 450 a 650 mm. Cessa o crescimento quando as temperaturas
são inferiores a 5,0 ºC. Prefere solos moderadamente ácidos a alcalinos (pH
entre 5,8 e 7,5, de preferência), húmidos mas bem drenados. Para além de não suportar
períodos prolongados de excesso de humidade no solo, também não vegeta bem em
solos salinos. Indiferente à textura e à fertilidade do solo, por desenvolver
um forte sistema radicular que favorece a adaptação a situações menos favoráveis. Ao contrário
do azevém-perene (Lolium perenne L.) suporta bem o ensombramento, grandes variações
de humidade no solo ao longo do ano e verãos secos (as cultivares de proveniência
mediterrânica como a ‘Kasbah’ ou a ‘Porto’ entram em dormência estival). O
corte favorece mais esta espécie do que o pastoreio, sendo a planta prejudicada
por pressões de pastoreio elevadas (como seja o pastoreio a fundo por ovelhas
no verão) ou quando o solo está muito húmido. O pastoreio estival intensivo por
ovelhas é aliás uma das explicações do insucesso de persistência da espécie em
algumas pastagens de sequeiro.
Possibilidades
de uso
O panasco é geralmente
usado em misturas com outras gramíneas e leguminosas em pastagens permanentes.
Esta espécie pode ser usada para pastoreio direto, corte em verde, produção de
feno ou silagem. As pastagens que incluem o panasco são apropriadas para todas
as espécies pecuárias, havendo algumas referências na bibliografia que as
recomendam para a criação de cervídeos (veado, corço, gamo, etc.). Proporciona
uma pastagem de excelente qualidade, tendo a particularidade de continuar a
crescer durante o pastoreio, desde que as condições de humidade e temperaturas
sejam as adequadas. Este facto faz com que seja uma das espécies mais difundidas
nas pastagens de sequeiro e de regadio, em Portugal e no Mundo. Ao crescer bem
em condições de ensombramento apresenta boas produções em pastagens sob
coberto, frequentes em muitas regiões de Portugal. As plantas apresentam teores
de açucares mais elevados que os de outras gramíneas, pelo que a biomassa que
produz é mais apetecida pelos animais. No entanto, a palatabilidade diminui
abruptamente a partir do final da floração. Tomando o Lolium perenne L. como
referência, o Dactylis produz uma biomassa de menor qualidade alimentar mas
obtida através de mais baixos consumos de azoto.
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