Rasgar
um túnel era tarefa que exigia conhecimentos que passavam pela aplicação de uma
série de estudos do terreno, incluindo uma série de mediações, para se poder
iniciar corretamente as escavações.
Depois
de executados esses trabalhos preliminares, montava-se uma armação em madeira, construída
por várias ripas, designadas de simples, que eram numeradas e unidas até
tomarem a forma da abóbada do túnel.
Montada
a armação em madeira, passava-se à primeira fase de execução, que se iniciava
pela parte frontal superior do túnel.
À
maneira que se escavava a terra e perfurava a rocha, os lados e o teto do túnel
eram apoiados com simples, que nesta função específica tomam o nome de
pontaletes, formando assim a designada cozinha (galeria).
Procedia-se
à segunda fase, que consistia na escavação dos lados laterais superiores do
túnel.
Simultaneamente,
o teto do interior do túnel era preenchido com pedra solta,
cada qual com 20cm de altura, feitas por medida, como nos afirmou o Sr. José Pimentel, para que a parte de cima adquirisse um peso superior à dos lados laterais a fim de evitar o derrubamento da estrutura.
cada qual com 20cm de altura, feitas por medida, como nos afirmou o Sr. José Pimentel, para que a parte de cima adquirisse um peso superior à dos lados laterais a fim de evitar o derrubamento da estrutura.
Toda
a cantaria era suportada pelos cochins – paus em madeira, cuja função era
suportar a cantaria. Depois de segurada a pedra, retiravam-se os cochins e a
armação de simples para se avançar a escavação na parte inferior do túnel.
Iniciava-se novamente a escavação pelo centro e de seguida nos lados laterais.
Numa
terceira fase, procedia-se à colocação das aduelas (blocos talhados em cunho)
que formavam o arco, suportando-se entre si, cuja força descende do peso da
construção e é dirigida para fora, suportando-se nos pilares e apoios laterais.
A
colocação das aduelas do arco efetuava-se no sentido dos pontos de nascente
(lados) em direção à pedra de fecho ou chave do arco. Toda esta cantaria era
unida por uma argamassa de cimento, barro e cal.
A
parte exterior, circundante ao arco, era revestida igualmente de pedra e
argamassa, formando o plano de parede que suportava o túnel.
Em
relação ao primeiro túnel, verifica-se no arco de entrada, do lado das furnas,
uma ligeira imperfeição na junta (encaixe dos dois lados do arco).
No
caso do segundo túnel adota-se um novo método na abertura do túnel.
Desta
vez, o local para a abertura do túnel fora calculado cuidadosamente pelo
exterior, de uma extremidade à outra, com o objetivo de se efetuar a perfuração
em simultâneo de ambos os extremos do túnel.
A
abertura do túnel, partindo de ambas as testas para o centro, traduziu-se numa
aceleração dos trabalhos e numa maior perfeição da obra.
Resta-nos
ainda acrescentar, em relação aos materiais de construção, que ambos os túneis
encontram-se revestidos com pedra, extraída da pedreira junto ao local de
construção dos mesmos.
Fonte:
Livro de Maria de Deus Raposo Medeiros Costa “Os Túneis da Liberdade”
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