No
caso da obra do túnel, o horário e o salário dos trabalhadores são dois fatores
indissociáveis.
Quanto
ao horário de trabalho, ele decorria de sol a sol, de segunda a sábado, apenas
com um intervalo de uma hora para o almoço, às doze horas. Durante a semana
descansavam ao Domingo. Segundo informações de alguns trabalhadores, todos os
dias trabalhavam um quarto de hora a mais para poderem usufruir da tarde de sábado
livre.
No
entanto, durante as obras do segundo túnel, o horário de trabalho modificou-se
em virtude do trabalho ter sido realizado por turnos.
Alega
o Sr. José Pimentel, mestre pedreiro da obra, que durante dezoito dias fizeram
turnos noturnos, sem intervalo de descanso, com o objetivo de terminarem mãos
rapidamente a obra do segundo túnel.
É
de salientar que, para se poder realizar este trabalho noturno, o túnel e toda
a área de trabalho fora iluminada com luz elétrica.
A
jorna que cada trabalhador recebia, era consoante as horas de trabalho.
Cada
dia de trabalho dividia-se em quatro quartos. Dois de manhã e dois de tarde.
Caso um trabalhador chagasse atrasado ao serviço, depois de ser efetuado o
ponto, era-lhe descontado um quarto de dia.
No
caso específico dos pedreiros, era-lhe atribuído a jorna por trato. Ou seja,
recebiam três escudos por cada metro de pedra colocada.
Segundo
as nossas fonte, conseguimos apurar que o mestre pedreiro da obra recebia treze
escudos e que o mestre carpinteiro recebia quatorze escudos de salário
aproximadamente.
No
que se refere às crianças era-lhes atribuído um salário de cinco escudos.
Todos
estes salários eram trazidos pelo pagador, José Marcos, de quinze em quinze
dias. Refira-se, a propósito, que estes pagamentos sofriam atrasos prolongados,
como foi o caso do Sr. José Pimentel cujo salário das dezoito noites de serviço
no túnel nunca lhe foi reembolsado.
Fonte: Livro de Maria de Deus Raposo Medeiros Costa “Os
Túneis da Liberdade”
Sem comentários:
Enviar um comentário