“Muito
já foi feito, mas muito há ainda por fazer” é esta a grande mensagem que sai do
IV Colóquio que serviu para assinalar o Dia Internacional da Pessoa com
Deficiência, que aconteceu no Auditório Municipal da Povoação e que, pela
primeira vez, foi traduzido em Língua Gestual.
“Saber
Olhar a Diferença” foi o nome dado ao acontecimento deste ano que serviu
novamente para denunciar os problemas enfrentados no dia-a-dia pelos familiares
e pessoas com deficiência, mas também para dar a conhecer as suas conquistas.
Foi
neste acontecimento que ficou, por exemplo, a saber-se que o Núcleo de Educação
Especial da Povoação acompanha 70 crianças com necessidades especiais, sendo
que 10% destas são disléxicas. A Psicóloga Maria João Amaral, que deu a cara
pelo Núcleo, nesta sessão, explicou a problemática da dislexia e os principais
sinais de alerta, referindo que o Núcleo da Povoação tem como objeto de ação
“prevenir e diminuir o risco de insucesso escolar”.
Sandra
Carreiro, do C.A.O. da Povoação, falou também sobre a “Família como Cuidador
Por Excelência”, denunciando que a maioria dos cuidadores tem mais de 61 anos e
já não pode dar a resposta necessária aos seus dependentes.
A
representante do C.A.O. da Povoação afirmou ainda que a falta de apoio de uma
unidade residencial para colmatar este tipo de casos é fundamental no Concelho
da Povoação, explicando que a realidade na ilha ainda é muito dura, já que
atualmente existe apenas uma residencial aberta, nestes termos, em Ponta
Delgada, prevendo-se que outra abra portas no próximo ano.
Segundo
Sandra Carreiro falta igualmente apoio domiciliário na reabilitação
psicossocial.
Durante
a intervenção da Sandra Carreiro foi ainda possível ouvir um testemunho de uma
mãe (Leonor) que tem uma filha com paralisia cerebral.
Recorde-se
que o IV Colóquio da Pessoa com Deficiência abriu com Adriana Amaral,
funcionária da autarquia povoacense e mãe de uma criança com trissomia 21, que
deu o seu testemunho pessoal e alertou a sociedade “para olhar a diferença com
outros olhos”.
O
dia foi preenchido com intervenções de peso, que tentaram dar uma vasta
abrangência sobre as diversas problemáticas das deficiências.
Ivone
Machado, Médica Nutricionista do Hospital do Divino Espírito Santo, explicou a “Nutrição
e a sua Importância em Necessidades Educativas Especiais. A especialista em
nutrição deixou bem claro que deve ser dada liberdade para a criança escolher
os sabores que mais gosta e respeitar, acima de tudo, a sua vontade.
José
Virgílio Teixeira, Arquiteto, falou sobre as “Barreiras Arquitetónicas no
Espaço Construído e Habitado”, dando alguns exemplos concretos no Concelho da
Povoação.
Marisa
Raposo, Musicoterapeuta também do Hospital de Ponta Delgada, abordou a
“Musicoterapia na Educação: Dificuldades Cognitivas, Emocionais e Sociais” que
são muitas vezes atenuadas com esta terapia.
Raquel
Pacheco, Assistente Social no Centro de Saúde de Ponta Delgada, iniciou as
intervenções da parte da tarde que incidiu sobre a Intervenção Precoce e o
trabalho que tem sido feito, nesse campo, com a parceria da família.
Carolina
Nascimento foi outra mãe que deu o seu testemunho, demonstrando as pequenas
vitórias que já conseguiu desde que foi diagnosticada à filha Alice paralisia
cerebral.
Maria
José Martins, do Instituto para o Desenvolvimento Social dos Açores, encerrou o
painel de palestras, com o tema “A criança com deficiência nos Centros de
Atividades de Tempos Livres”, explicando que devem, cada vez mais, ser
eliminadas as barreiras físicas, promovendo-se a inclusão.
Recorde-se
que o IV Colóquio do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência foi organizado
pela Câmara Municipal da Povoação, através da sua Biblioteca Municipal.
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