A
nova estratégia utilizada no segundo túnel impôs a necessidade da construção de
uma ponte sobre a Ribeira dos Tambores.
A
referida ponte em madeira, que media cerca de 22mt de comprimento por 2,20mt de
largura, foi construída como solução provisória para permitir o trânsito fácil
dos trabalhadores e do material, de maneira a permitir a perfuração simultânea
dos dois lados do túnel.
A
construção da ponte foi efetuada junto à ribeira pelo mestre Manuel Vieira
Galante, com a ajuda de um grupo de homens especializados na construção.
É
de salientar que antes de se passar à execução da obra, no terreno junto à
ribeira, foi pedida autorização aos donos do terreno para poderem escorá-lo. Ou
seja, sendo o terreno inclinado, foi necessário preparar o terreno, tornando-o
plano.
Concluída
a construção da Ponte, no prazo de um mês e meio, passou-se à fase seguinte, à
da sua colocação sobre a Ribeira dos Tambores.
Numa
entrevista concedida ao jornal A Ilha, o engenheiro auxiliar Floriano Borges,
afirma que em 1936 a armação da ponte fora lançada no seu lugar por inteiro,
durante apenas três quartos de hora. Sublinha ainda, que esse fora um trabalho
arriscado e de muita responsabilidade tanto para si como para o Sr. engenheiro
Castro e o engenheiro Pacheco Vieira, e sobretudo para o seu executor o Sr.
Manuel Galante. (6)
No
papel de trabalhador da obra e de observador atento, o Sr. António Galante
(filho do autor da ponte) cedeu-nos muitas das informações aqui expostas,
tendo-nos explicado toda a estratégia utilizada para colocar a ponte sobre a
ribeira.
Da
margem da ribeira onde se encontrava a ponte construída, existia um ponto de
segurança, descrito como sendo um buraco fundo, donde saia um pau com uma
roldana que firmava a ponte com cordas.
Da
outra margem, e aproveitando a inclinação do terreno deste lado, a ponte fora
assegurada com cordas à volta de um pinheiro. Assim montada, restava confiar na
força braçal de cerca de cinquenta homens para colocar a ponte sobre a ribeira.
A
estratégia consistia em puxar as cordas, do lado do pinheiro, fazendo a ponte
deslocar-se sobre a ribeira, enquanto da outra margem os homens iam controlando
a sua tração.
Havia
ainda que vigiar a resistência do pinheiro em relação ao peso da ponte,
trabalho que coube ao Sr. António Galante. Este pormenor é importante, na
medida em que a cedência do pinheiro, poderia levar a que a ponte se
despenhasse na ribeira.
Finalmente,
colocada a armação da ponte, houve que revesti-la com o seu tabuleiro.
Apesar
do seu objetivo principal ser o de complementar a construção do segundo túnel,
serviu durante muito tempo aquele povoado como via de comunicação.
(6)
In A Ilha, 18/06/1939, p.4
Fonte: Livro de Maria
de Deus Raposo Medeiros Costa “Os Túneis da Liberdade”
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