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sábado, 21 de dezembro de 2013

RIBEIRA QUENTE - OS TÚNEIS DA LIBERDADE: A PONTE (continuação)

A nova estratégia utilizada no segundo túnel impôs a necessidade da construção de uma ponte sobre a Ribeira dos Tambores.

A referida ponte em madeira, que media cerca de 22mt de comprimento por 2,20mt de largura, foi construída como solução provisória para permitir o trânsito fácil dos trabalhadores e do material, de maneira a permitir a perfuração simultânea dos dois lados do túnel.

A construção da ponte foi efetuada junto à ribeira pelo mestre Manuel Vieira Galante, com a ajuda de um grupo de homens especializados na construção.

É de salientar que antes de se passar à execução da obra, no terreno junto à ribeira, foi pedida autorização aos donos do terreno para poderem escorá-lo. Ou seja, sendo o terreno inclinado, foi necessário preparar o terreno, tornando-o plano.

Concluída a construção da Ponte, no prazo de um mês e meio, passou-se à fase seguinte, à da sua colocação sobre a Ribeira dos Tambores.

Numa entrevista concedida ao jornal A Ilha, o engenheiro auxiliar Floriano Borges, afirma que em 1936 a armação da ponte fora lançada no seu lugar por inteiro, durante apenas três quartos de hora. Sublinha ainda, que esse fora um trabalho arriscado e de muita responsabilidade tanto para si como para o Sr. engenheiro Castro e o engenheiro Pacheco Vieira, e sobretudo para o seu executor o Sr. Manuel Galante. (6)

No papel de trabalhador da obra e de observador atento, o Sr. António Galante (filho do autor da ponte) cedeu-nos muitas das informações aqui expostas, tendo-nos explicado toda a estratégia utilizada para colocar a ponte sobre a ribeira.

Da margem da ribeira onde se encontrava a ponte construída, existia um ponto de segurança, descrito como sendo um buraco fundo, donde saia um pau com uma roldana que firmava a ponte com cordas.

Da outra margem, e aproveitando a inclinação do terreno deste lado, a ponte fora assegurada com cordas à volta de um pinheiro. Assim montada, restava confiar na força braçal de cerca de cinquenta homens para colocar a ponte sobre a ribeira.

A estratégia consistia em puxar as cordas, do lado do pinheiro, fazendo a ponte deslocar-se sobre a ribeira, enquanto da outra margem os homens iam controlando a sua tração.

Havia ainda que vigiar a resistência do pinheiro em relação ao peso da ponte, trabalho que coube ao Sr. António Galante. Este pormenor é importante, na medida em que a cedência do pinheiro, poderia levar a que a ponte se despenhasse na ribeira.

Finalmente, colocada a armação da ponte, houve que revesti-la com o seu tabuleiro.

Apesar do seu objetivo principal ser o de complementar a construção do segundo túnel, serviu durante muito tempo aquele povoado como via de comunicação.

(6) In A Ilha, 18/06/1939, p.4

 Fonte: Livro de Maria de Deus Raposo Medeiros Costa “Os Túneis da Liberdade”

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