Vítor Neves |
Artigo de opinião
de Vítor Neves, presidente da direcção da Europacolon Portugal
O
cancro do intestino é uma patologia que se desenvolve pelo aparecimento de
lesões no intestino grosso ou cólon, podendo formar pólipos. Os pólipos podem
aumentar de tamanho e tornarem-se malignos, originando o cancro. Em Portugal,
esta doença tem uma mortalidade de 11 pessoas por dia! Uma realidade
assustadora e que tem uma incidência de cerca de 7 mil novos casos em cada ano,
sendo detetado principalmente a partir dos 50 anos.
Esta
doença é de progressão lenta e silenciosa, por vezes sem sintomas. Mas
relativamente aos mesmos é importante que cada um de nós esteja atento às
alterações persistente dos hábitos intestinais, ao aparecimento de prisão de
ventre ou diarreia (ou uma alternância das duas), sem razão aparente e/ou fezes
muito escuras, a perda de sangue pelo reto ou misturado nas fezes sem
irritação, dor ou prurido, a sensação de que o intestino não esvazia
completamente, uma dor forte, e o desconforto abdominal e/ou cansaço sem
explicação aparente. Estes são os principais sintomas que se podem destacar
desta patologia.
É
também importante destacar que os fatores de risco do cancro do intestino aos
quais devemos estar atentos são: o histórico familiar da doença de ascendentes
diretos, diagnóstico de pólipos intestinais, o diagnóstico de doença intestinal
inflamatória (doença de chron ou colite ulcerosa). Outros importantes fatores
são a idade (50 anos), a obesidade e o sedentarismo, as bebidas alcoólicas em
excesso, o tabagismo e uma alimentação descuidada rica em gorduras, fritos,
comida processada e pobre na ingestão de frutas, fibra, vegetais, legumes, baixa
ingestão de água e líquidos.
O
cancro do intestino é uma doença evitável e perfeitamente rastreável, com uma
elevada taxa de cura, cerca de 90% dos casos, se detetado atempadamente. A
nível de diagnóstico falamos essencialmente do rastreio através da pesquisa de
sangue oculto nas fezes e da colonoscopia. A colonoscopia é o método mais
eficaz de rastreio permitindo também a remoção de pólipos em pleno ato médico.
Ainda
não existe rastreio de base populacional ao cancro do intestino em Portugal,
rastreio que poderia salvar vidas através da deteção precoce da doença e também
evitaria custos futuros em tratamentos para o Serviço Nacional de Saúde. É
inaceitável que em pleno século XXI morram 11 Portugueses por dia por este
cancro do intestino quando se trata de uma doença perfeitamente rastreável.
Quanto
aos tratamentos desta doença os mais comuns são a cirurgia localizada, a
radioterapia que pode atuar reduzindo o tamanho do tumor e assim facilitar a
sua remoção ou no pós-operatório para eliminação de células não extraídas e
também a quimioterapia que destrói as células cancerígenas e pode complementar
uma cirurgia curativa e também ser eficaz em casos de metastização da doença,
ou seja quando a mesma invade outros órgãos do corpo.
Importante
mesmo é apostar na prevenção e nunca ser necessário chegar à fase de
tratamentos. Neste sentido a Europacolon Portugal tem conduzido o seu trabalho
nos últimos 11 anos nas atitudes preventivas que cada cidadão deve adotar para
uma postura ativa e uma melhor literacia em Saúde para, em primeiro lugar, nos
prevenirmos e em casos de encararmos uma doença, sermos capazes de enfrentar
melhor qualquer situação.
Em
Março, Mês Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino, a Europacolon Portugal
desenvolve diversas ações, como acontece anualmente. Iremos realizar em
parceria com as Farmácias Holon, pelo 4º ano consecutivo, o rastreio ao cancro
do intestino em diversas farmácias do grupo espalhadas pelo País. Também
estamos inseridos na campanha internacional da Europacolon Portugal “European
Colorectal Cancer Awareness Month” com o mote #Time4Change (tempo de mudança)
em diversos países da Europa através dos afiliados e associados da Europacolon
que se iniciou no passado dia 28 de Fevereiro, no Parlamento em Bruxelas com
várias atividades durante o mês e também com a apresentação dos resultados do
inquérito realizado em diversos países, inclusive em Portugal, sobre as
necessidades dos pacientes com cancro colo-retal metastático. Teremos também
várias atividades e ações na comunicação social com foco na prevenção e apoios
da Europacolon. Fique ligado em www.europacolon.pt
Povoação,
sexta-feira, 23 de março de 2018
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