Ontem,
segunda-feira, 12 de março, foi publicado em Diário da República um despacho
que autoriza a realização de testes diagnósticos do vírus VIH e da hepatite B e
C em farmácias.
Foi
pela “defesa do interesse público” que o Ministério da Saúde autorizou a
realização de testes rápidos para a deteção
do VIH e de hepatites virais (B e C) nas farmácias.
Com
a publicação do despacho em Diário da República ontem, os utentes passam a
poder realizar o teste sem necessidade de prescrição médica. Basta uma picada
no dedo e a recolha de três gotas de sangue e, em 15 minutos, o utente tem acesso aos resultados.
Os
preços dos testes ainda não são conhecidos e a adesão dos estabelecimentos é
voluntária, revela o Público.
Estes
testes já estão disponíveis há alguns anos de
forma gratuita, quer em hospitais e
centros de saúde, quer em centros de aconselhamento de deteção precoce da
infeção VIH/sida (CAD), em centros de respostas integradas para comportamentos
aditivos e dependências (CRI) e em diversas organizações de base comunitária.
No
entanto, a sua venda ainda era vedada a
farmácias. Em 2011 e 2012, foi realizado no Algarve um projeto-piloto, que
acabou por não ser alargado ao resto do país.
Em
Espanha, o custo deste tipo de dispositivos varia entre os 25 e os 30 euros, mas em Portugal os preços ainda terão
que ser definidos pelo Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos
de Saúde).
A
diretora dos programas nacionais para a infeção VIH/sida e hepatites virais da
Direção-Geral da Saúde (DGS), a médica Isabel Aldir, acredita que o mais
importante é “diversificar as formas de as pessoas acederem aos testes. Esta
medida vai permitir identificar de forma mais
precoce casos de infeção e acabará por contribuir para reduzir o estigma
social”.
Paula
Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, reforça, por sua vez, que o
objetivo é chegar a grupos que
geralmente não aderem às medidas convencionais, “quebrando o ciclo de
transmissão e mudando o padrão epidemiológico”.
Estes
testes rápidos que passarão a estar disponíveis nas farmácias que aderirem à
iniciativa terão sempre que ser confirmados posteriormente em caso de reação
(positivos). No caso do VIH, é preciso
observar o chamado “período janela”, que é de três meses após a exposição
ou contacto.
A
vantagem é que, com este modelo que envolve as farmácias e os laboratórios,
existe a garantia de que o farmacêutico ou outro profissional de saúde comunica
o resultado e encaminha a pessoa para
cuidados médicos, enfatiza a médica Isabel Aldir.
“É
uma medida emblemática, um passo em frente. Estes testes serão efetuados em condições de privacidade, num gabinete,
os resultados serão transmitidos ali e a ocasião será aproveitada para fornecer
informação adicional”, explica ainda a bastonária Paula Martins.
“Já
temos a experiência do programa troca de seringas e, apesar de se falar então
no risco de discriminação, nada disso aconteceu”, recorda.
Povoação,
terça-feira, 13 de março de 2018
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