O
Governo dos Açores vai investir 1,5 milhões de euros em mais uma obra para
combater a eutrofização da lagoa das Furnas, no concelho da Povoação, na ilha
de São Miguel, obra que deverá iniciar antes do verão.
A
abertura de propostas de empresas concorrentes ocorreu na terça-feira e a
empreitada, que tem um prazo de execução de 450 dias, visa a construção do
canal de desvio de afluentes da ribeira do Salto da Inglesa e de consolidação
do leito e margens do canal do Salto do Fojo.
O
investimento é justificado com o facto de o estado atual da lagoa ainda não ter
atingido os “parâmetros qualitativos ambicionados, devido ao volume de carga
orgânica que ainda aflui à massa de água, nomeadamente nutrientes como o fósforo
e o azoto”.
A
empreitada, no âmbito do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa
das Furnas, contribuirá para “a diminuição da afluência de nutrientes para a
massa de água, através da redução das escorrências, bem como da sua dinâmica de
assoreamento”, adianta o executivo regional.
Segundo
a Secretaria Regional do Ambiente dos Açores, no passado, “várias áreas das
encostas da envolvente da lagoa das Furnas foram transformadas em pastagens,
que foram sendo continuadamente adubadas com estrumes e fertilizantes que, por
escorrência, chegaram à lagoa”, um dos ‘ex-líbris’ dos Açores em cujas margens
se faz o famoso cozido das Furnas.
“A
consequente acumulação de nutrientes como azoto e fósforo na lagoa conduziu à
proliferação de vida vegetal que revestiu as águas de um manto verde, impedindo
a sua oxigenação, um fenómeno designado eutrofização”, adianta a mesma
informação.
No
âmbito do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas, o
Governo dos Açores, entre outras medidas, adquiriu 300 hectares de terrenos
agrícolas, tendo removido o gado e várias toneladas de resíduos.
“Depois
de se ter feito sentir na massa de água o efeito da retirada das pastagens […],
os últimos dois ou três anos, ou seja, 2012, 2013, evidenciavam um decréscimo
não tão significativo quanto seria desejável na evolução do estado” da água da
lagoa, explicou o diretor regional do Ambiente, Hernâni Jorge.
Esta
situação “indiciava a necessidade de se fazer um outro tipo de intervenção de
natureza preventiva ou curativa”, referiu.
O
diretor regional do Ambiente afirmou que a empreitada a concurso pretende
“atuar sobre a origem do problema”, pois “a bacia hidrográfica da ribeira do
Salto da Inglesa e as bacias hidrográficas de toda aquela zona eram
responsáveis […] por mais de 60% dos nutrientes que afluem à massa de água”.
“Era
fundamental fazer mais qualquer coisa para apressar o processo de evolução e
recuperação da massa de água”, defendeu, embora admitindo que “a prazo, com a
reflorestação e até com o desaparecimento e a diminuição dos teores de
nutrientes nos solos circundantes à lagoa, essa evolução haveria de acontecer”.
O
responsável disse acreditar que com mais esta intervenção “num prazo que não
será imediato”, mas dentro de uma década, “os efeitos desta intervenção
far-se-ão sentir”.
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