Emanuel
Medeiros conta 33 anos de idade, é professor primário de profissão e, natural
do concelho da Povoação, filho de Júlio e Graça Medeiros, residentes na Lomba
do Cavaleiro, Freguesia de Povoação.
Este
nosso conterrâneo já participou e ganhou inúmeros prémios em campeonatos de
nível regional, nacional, internacional e finalmente mundial, com esta última
participação a 21 de Janeiro de 2016 que lhe valeu o título de “Campeão do Mundo” competindo entre os
melhores criadores do planeta e cerca de 23 mil aves. Todas estas conquistas,
Emanuel, dedica também à sua família que o apoia incondicionalmente.
O
concelho da Povoação já alguma vez teve um Campeão do Mundo?
E a ilha de São Miguel?
Quantos
Açorianos conseguiram alcançar um título mundial?
Um
feito de salutar, aplaudir e incentivar de uma forma que não seja apenas e só
de palmadinhas nas costas, um simples aperto de mão ou um simples envio de um
papelinho a endereçar os Parabéns.
Para
chegar a um nível deste, o Emanuel certamente que sentiu imensas dificuldades
por falta de apoios, pois nem tudo foi um mar de rosas neste longo caminho
percorrido até alcançar o título de Campeão do Mundo. Este povoacense,
micaelense, açoriano, precisa de continuar a defender o título alcançado, para
conjuntamente também continuar a elevar bem alto o nome da sua terra
além-fronteiras.
Será
que algum dia alguém irá lembrar-se de apoiar o Emanuel Medeiros?
Um
Campeão do Mundo de qualquer modalidade que seja necessita e é merecedor de
apoios! Este é um assunto que nem é preciso pensar muito, bastando apenas
cimentar pequenas vontades e ter algum poder de visão.
Um
Olhar Povoacense
foi ao encontro do nosso amigo e conterrâneo Emanuel Medeiros, tivemos um
agradável diálogo, acabando por colocar algumas questões para que os nossos
seguidores fiquem a saber e a conhecer um pouco melhor desta modalidade “ornitologia”,
bem como sobre o novo Campeão do Mundo da modalidade.
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Um
Olhar Povoacense – Como nasceu o
bichinho pela ornitologia?
Emanuel Medeiros – O gosto pela criação de aves,
começou há cerca de 15 anos, tinha eu cerca de 18 anos. Foi-me oferecido um
casal Agapornis Roseicollis, aves que crio atualmente. Naquela altura comecei a
apaixonar-me por este hobbie. Com o passar do tempo fui adquirindo novos
conhecimentos, lendo artigos de aves e pesquisando muito na internet. Depois
adquiri novas aves e tentei melhorar aquilo que mais gostava de ver nas aves.
Contudo, no início, não foi fácil criar aves na Povoação, nem em S. Miguel.
Faltavam muitos produtos, a maioria das sementes eram de fraca qualidade e as
aves que cá se vendiam, também eram muito “fraquinhas” e caras. Ao longo destes
anos nunca desisti, fui sempre enfrentando as adversidades, mas, ainda hoje,
faço aquilo que gosto. É um hobbie como todos os outros. Há aqueles que
investem em carros, outros em barcos e eu faço-o em aves. Este hobbie tem-me
permitido fazer muitas amizades e tem-me dado muitas alegrias. Fez com que o
meu nome ficasse registado na história da ornitologia.
U.O.P.
– O título de Campeão do Mundo não foi nada
fácil de alcançar. Como se sente depois deste feito alcançado?
E.M. – No momento em que soube dos
resultados o sentimento foi de completa euforia. Não estava nada à espera.
Disse a várias pessoas amigas que se tirasse um terceiro prémio já seria uma
enorme vitória. Imagine como é que fiquei quando tirei um terceiro e um
primeiro prémio num mundial.
Expor
aves na ilha já é difícil porque implica um tratamento diferente das aves que
vão expor (alimentação, higiene, …). Há regras para expor e depois os juízes
também avaliam as aves segundo um conjunto de “normas”. Por exemplo, uma ave
sem uma unha, uma ave com falta de uma remige (pena da asa) ou mesmo suja, será
logo penalizada.
Para
o Mundial, fiz uma seleção das aves que queria levar, preparei-as e tentei-as
manter nas melhores condições possíveis. Quando as apanhei para irem viajar
comecei logo a ver uns pequenos “problemas” em algumas aves, como por exemplo a
falta de umas penas na cabeça. Naquele momento fiquei “lixado”. Tanto empenho,
tanta hora perdida..., já sabia que as aves com estas falhas dificilmente iriam
tirar prémio. Como tinha inscrito 5 aves, enviei-as nas condições em que
estavam. Depois disto, foi uma questão de esperar que os juízes fizessem o papel
deles. Contudo, um criador sofre com o passar dos dias. Tenho vindo a
conquistar prémios de forma gradual. Como já era possuidor de vários títulos a
nível de ilha, regional e a nível nacional, só me faltava um título Mundial.
Na
minha primeira participação num Mundial de Ornitologia, conquisto uma medalha
de ouro. Que mais posso querer?
U.O.P.
– O Emanuel partilha também este título com
todos os povoacenses. Descreva-nos o seu grau de afinidade ao Concelho da
Povoação?
E.M. – Partilho este título com todas
as pessoas. Não é um título só meu, é dos povoacences, é das pessoas da ilha de
S. Miguel, é de todos os Açorianos. Afinal de contas, o título veio para os
Açores.
Nasci,
cresci e criei-me no concelho da Povoação. Quando fui estudar para Ponta
Delgada afastei-me um pouco das minhas raízes. Ia à Povoação aos fins-de-semana
e nas férias. Quando acabei os estudos na Universidade dos Açores fui à procura
de trabalho. Como sabe, Ponta Delgada, por ser maior, oferece mais oportunidades
de trabalho. Passaram uns anos e, hoje, vivo e trabalho em Ponta Delgada.
Continuo a ir a casa dos meus pais aos fins-de-semana e nas férias, sempre que
me é possível. Continuo a ter alguns amigos, tenho muito boas recordações de
quando aí vivi e continuo a interessar-me por tudo o que diz respeito ao
concelho.
U.O.P.
– Pretende continuar a competir e ganhar mais
títulos?
E.M. – Sim. O objetivo é criar aves
para expor. Pretendo continuar a melhorar algumas características nas minhas
aves e isto leva algum tempo. Estamos a falar de genética de animais.
Continuarei
a fazer aquilo que gosto, faz-me bem à saúde.
Neste
momento encontro-me a construir novas instalações com melhores condições para
as aves. Para o verão pretendo adquirir novas gaiolas de criação. Na criação de
aves, os pormenores fazem a diferença.
Esta
medalha de ouro no Campeonato Mundial faz com que eu me dedique, ainda com mais
vontade, à ornitologia e que tente conquistar mais prémios em diversas
exposições.
U.O.P.
– Veria com bons olhos o convite de alguma
entidade povoacense para exibir os seus troféus e expor os seus exemplares na
sua terra natal?
E.M. – Sem dúvida que sim!
U.O.P.
– Antes do sucesso
alcançado com a conquista do título de Campeão do Mundo nunca se ouviu falar do
Emanuel e da ornitologia. A que se deve esta falta de conhecimento e
divulgação?
E.M. – Boa pergunta! Julgo que as
pessoas não se interessam muito por este hobbie. A comunicação social, por
vezes, não tem conhecimento destes acontecimentos. Uma vez que se realizou o
Mundial, teve uma maior cobertura por parte da comunicação social, daí o
surgimento do meu nome relacionado com a ornitologia.
U.O.P.
– A terminar esta
nossa agradável conversa o que gostaria o povoacense Emanuel Medeiros de acrescentar
aos seguidores do blog Um Olhar Povoacense?
E.M. – Em primeiro lugar, gostaria de
agradecer todo o apoio recebido por parte das pessoas. Gostaria de agradecer
todo o apoio e atenção que os meios de comunicação social dispensaram,
incluindo “Um Olhar Povoacence” e “O Portal da ilha”. Gostaria de agradecer as
felicitações enviadas pelo Presidente do Governo Regional, Dr. Vasco Cordeiro,
reconhecendo a importância deste troféu para a região, bem como o trabalho e
dedicação dispensados neste hobbie.
Em
segundo lugar, prometo que continuarei a trabalhar e tentarei arrecadar novos
prémios para levar o nome dos Açores o mais longe possível.
Muitos parabens Emanuel...e boa sorte no futuro deste teu hobby!
ResponderEliminarUm abraco deste teu amigo da escolar primaria...
Jose Luis