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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O QUE SENTE UMA PESSOA QUANDO MORRE…?

A morte é sempre um tema que tem tanto de misterioso como assustador.

Talvez porque ninguém consegue saber com clareza o que acontece no final da sua existência até aquele momento final chegar, o Homem sempre teve um fascínio por saber qual será a última coisa que experimentará antes de perder a consciência para sempre.

Precisamente isso é o que tentou encontrar Anna Gosline, num artigo para a revista New Scientist, publicado em 2007, depois de conversar com especialistas e rever depoimentos tanto de testemunhas como de sobreviventes de 10 tipos diferentes de mortes, desde paragem cardíaca até à decapitação.

Confira a seguir:

1. Afogamento

O afogamento pode não ser uma das mortes mais dolorosas de uma pessoa, mas é de certeza uma das mais angustiantes devido à enorme sensação de pânico quando não se é capaz de respirar.

Conforme descrito pelo fisiologista e especialista em sobrevivência marinha da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, Mike Tipton, a maioria das mortes por afogamento no mar são eventos extremamente bruscos, onde dois terços das vítimas são reconhecidos como bons nadadores.

A partir daí começa uma luta desesperada para manter a cabeça acima da água, onde as tentativas de tomar fôlego impedem a pessoa de gritar por socorro.

Muitas vezes, os corpos são encontrados em pé, com as mãos ligeiramente fechadas, como se tivessem tentado agarrar uma escada invisível.

Quando a pessoa finalmente submerge, tenta manter o ar o máximo possível, normalmente durante 30 a 90 segundos. Depois respira água, tosse e engole ainda mais água, à medida que esta lhe enche os pulmões e impede a oxigenação do sangue.

“Há uma sensação de rasgar e de queimar à medida que o líquido invade as vias aéreas.

Em seguida, segue-se um estado de calma e tranquilidade “, diz Tipton, com base em depoimentos de sobreviventes.

A tranquilidade é o resultado da falta de oxigénio para o cérebro. Finalmente, o coração pára e ocorre a morte cerebral.

2. A paragem cardíaca

Os ataques cardíacos podem parecer uma maneira mais natural de morrer em comparação com as execuções ou acidentes, mas também pode ser uma das mais dolorosas.

Enquanto alguns podem ser fulminantes, na maioria dos casos os sintomas ocorrem até 6 horas de antecedência, que são frequentemente menosprezados pelas vítimas, especialmente mulheres, que atribuíram isso ao cansaço, indigestão ou cólicas.

Estes incluem dor no peito, que pode vir como pressão ou aperto, pois os pacientes geralmente descrevem como “sentir-se sentados por um elefante.”

A dor pode ser tão aguda que corre ao longo da mandíbula, garganta, costas e braços.

Procurar ajuda médica é essencial. Mais dos 85% dos pacientes que chegam às urgências a tempo, sobrevivem.

Aqueles que não sentem o seu coração a parar, perdem a consciência em 10 segundos, morrendo minutos depois.

3. Hemorragia 


Sangrar até a morte – dependendo de como se desenvolva – pode não ser tão horrível como parece.

Segundo o Dr. John Kortbeek da Universidade de Calgary em Alberta, no Canadá, se uma pessoa corta a aorta num acidente, vai morrer em segundos.

No entanto, se for uma artéria ou veia menor, o processo pode demorar horas, quando a pessoa passará pelas diferentes fases de um choque hemorrágico.

Considerando-se que um adulto tem cerca de 5 litros de sangue, uma perda de 750 mililitros pode causar apenas sintomas leves. Se você aumentar para 1,5 litros, a pessoa vai se sentir fraca, sedenta e ansiosa, começa a respirar rapidamente. Após os 2 litros, a sensação passa para confusão, tonturas e eventualmente inconsciência.

“Os sobreviventes de choques hemorrágicos descrevem sentimentos diferentes que variam do medo até uma relativa calma.

Grande parte disso depende de quão grave foram os seus ferimentos.

Uma única ferida que penetra a artéria femoral na perna será menos dolorosa do que múltiplas fraturas causadas por um acidente de trânsito “, explica Kortbeek.

4. Fogo 

Seja nos fogos tortuosos da Inquisição ou num incêndio, as queimaduras são uma das formas mais dolorosas de morrer.

Imediatamente, o calor e a fumaça queimam as sobrancelhas e os cabelos, passando, de seguida, para a garganta e vias respiratórias.

Quando chega à pele, o fogo produz uma intensa resposta em todo o sistema nervoso, que é ainda agravado pela inflamação do tecido.

À medida que a pele se vai danificando, vai perdendo sensibilidade, mas não deixa ser uma experiência excruciante.

“As queimaduras de terceiro grau não doem tanto quanto as de segundo grau, porque os nervos superficiais foram destruídos, mas a diferença é quase semântica: uma queimadura extensa é horrivelmente dolorosa em qualquer instância”, explica o Dr. David Herndon, da Universidade do Texas. Mas, ironicamente, num incêndio o maior risco não são as chamas, mas os gases tóxicos.

De fato, um estudo norueguês, de 1996, constatou que de 286 vítimas mortais de incêndios, 75% morreram de envenenamento por monóxido de carbono.

Dependendo da concentração, isso pode levar à dor de cabeça, tonturas e, logo de seguida, à perda de consciência em poucos minutos. Além disso, segundo a Associação de Proteção Contra Incêndios dos EUA, 40% das vítimas fatais de fogo perdem os seus sentidos antes que consigam acordar do sonho.

5. Decapitação

Ainda que pareça macabro, a decapitação é uma das mortes mais rápidas e indolores. Claro, isto se for executada de maneira correta. Mas, mesmo utilizando dispositivos especializados, tais como uma guilhotina, sempre restarão alguns segundos de consciência após o corte da coluna vertebral.

Num estudo realizado em ratos, em 1991, descobriu-se que o cérebro levou 2,7 segundos para terminar de consumir o seu fornecimento de oxigénio, o que conduzido à proporção de seres humanos, pode levar cerca de 7 segundos de consciência.

Durante as numerosas execuções da Revolução Francesa, houve relatos que falavam de movimentos das sobrancelhas e olhos até cerca de 30 segundos após a decapitação, mas é provável que tenham sido apenas reflexos post mortem.

6. Eletrocussão

Se estivermos a falar de acidentes domésticos, a morte ocorre por paragem do coração produzida pela descarga.

Num estudo realizado na cidade canadiana de Montreal, descobriu-se que 92% das vítimas de eletrocussão em suas casas, morreu de arritmia cardíaca, que provoca inconsciência em 10 segundos.

Um circuito de alta tensão, no entanto, provoca inconsciência instantânea. Isso bem sabiam os prisioneiros executados na cadeira elétrica, que sofreram a paragem imediata do coração e do cérebro, no que foi considerado um avanço sobre as mortes por enforcamento. Mas os investigadores não concordavam se o método seria tão piedoso como diziam.

Em muitos casos, os presos tiveram de ser submetidos a choques múltiplos para terminar com as suas vidas, e alguns acabaram envoltos em chamas devido ao aquecimento que a eletricidade produzia através dos seus corpos.

7. As quedas de alturas

Método utilizado por muitos suicidas e homicidas, e também por acidente, cair de grandes alturas é uma das mortes mais rápidas e eficazes.

Um estudo realizado em Hamburgo, Alemanha, relata que 75% das vítimas morrem em poucos segundos ou minutos após a queda.

Com velocidades que podem atingir até 200 quilómetros por hora, a uma altura de 145 metros ou mais, a causa da morte depende do tipo de terreno onde se aterra e a forma como a pessoa cai.

Previsivelmente, as quedas mais devastadoras tendem a ser aquelas em que as vítimas caem de cabeça, comuns em precipitações curtas (menos de 10 metros), ou muito altas (mais de 25 metros).

A análise de 100 quedas suicidas da ponte de São Francisco, a uma altura de 75 metros e a uma velocidade de 120 km/h- revelou que a maioria das mortes ocorreu devido a traumas, como colapso pulmonar, explosão cardíaca ou ferimentos múltiplos causados por costelas partidas.

Aqueles que sobreviveram a quedas de alturas relatam que, ao cair, sentiam o tempo ficar mais lento.

Uma reação instintiva é a de tentar pousar com os pés, que muitas vezes resulta em pernas partidas na parte inferior da coluna e da pelve, apesar de que há uma maior chance de ser salvo graças à proteção dos órgãos internos.

 8. Enforcamento

Método usado por muitos suicidas e carrascos, a morte por enforcamento normalmente ocorre assim que a pressão ao redor do pescoço corta o fornecimento de sangue para o cérebro, causando perda de consciência em 10 segundos.

No entanto, a forca está longe de ser uma maneira pacífica de deixar este mundo.

Na melhor das hipóteses, o peso corporal fará com que a corda parta o pescoço entre a primeira e a segunda vértebras.

Na pior das hipóteses, um nó feito de forma errada provocará uma morte lenta e dolorosa, sufocando as vítimas até 15 minutos.

9. A injeção letal 

Concebida em 1977 como uma alternativa humanitária à cadeira elétrica, a injeção letal é um método de execução nos Estados Unidos que consiste em três drogas administradas de forma sucessiva: pentotal como um anestésico, seguido por uma dose de pancurónio como um paralisante do sistema respiratório e finalmente, cloreto de potássio, que pára o coração quase instantaneamente.

Tecnicamente, o procedimento deve fornecer uma morte rápida e pacífica, mas vários relatos de testemunhas alegaram que, em muitos casos, os réus sofreram convulsões ou tentaram levantar-se quando receberam as últimas drogas. S

egundo o Dr. Leonidas Koniaris da Escola de Medicina da Universidade de Miami Miller, isto se deve porque, por regra, usando a mesma dose de pentotal como um anestésico, pode ser insuficiente no caso dos prisioneiros mais robustos.

Koniaris afirma que as pessoas nesta situação desagradável experimentarão uma sensação de sufocamento após a paralisia dos pulmões, e dor semelhante a uma queimadura resultante de cloreto de potássio.

Por esta razão é que a execução por injeção letal está a ser analisada pelo Supremo Tribunal dos EUA.

10. Descompressão explosiva

Sendo um destino a que poucos de nós estamos expostos, a menos que sejamos mergulhadores, pilotos ou astronautas, a morte por descompressão leva a um fim digno de uma obra de ficção científica.

A morte ocorre quando a pressão do ar que nos rodeia desce repentinamente, fazendo com que os pulmões se expandam e rasgando os tecidos delicados, que permitem o intercâmbio de gases.

Se a vítima não expira ou tenta manter o fôlego antes da descompressão, os danos serão ainda maiores.

O oxigénio começa a faltar do sangue e dos pulmões, enquanto o corpo começa a inchar devido à evaporação da água nos tecidos.

Finalmente, as bolhas de vapor de água inundará a corrente sanguínea, impedindo que o sangue circule.

Em apenas um minuto, o sistema circulatório pára.

Sobreviventes vítimas de descompressão, que incluem pilotos e um técnico da NASA, cujo fato se despressurizou dentro de uma câmara de vácuo, indicam que primeiro sente-se uma dor no peito, como se tivessem sido espancados.

Em seguida, percebem que o ar se escapa dos pulmões e que são incapazes de voltar a inspirar.

Finalmente, perdem a consciência após cerca de 15 segundos. Mas, apesar da gravidade do incidente, experiências com animais na década de 60 mostraram que, se a vítima for novamente pressurizado em menos de 90 segundos, tem uma boa chance de sobreviver sem danos permanentes.

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