Dias 6 e 7 de abril, a SPEA convida-o a ajudar a contabilizar a única ave de rapina diurna dos Açores
Milhafre | Foto de: Rui Teixeira |
O milhafre ou queimado como é conhecido no arquipélago é uma presença assídua nos céus dos Açores e bem conhecido dos açorianos. Nos dias 6 e 7 de abril, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) convida-o a contribuir para a ciência e a conservação, participando no Censo de Milhafres.
Este censo pretende contribuir para avaliar o estado da população da
única ave de rapina diurna que nidifica no arquipélago: o milhafre (Buteo buteo rothschildi) facilmente observável e medindo entre 1,10 e
1,30m da ponta de uma asa à ponta da outra. Anualmente, durante um fim de
semana, dezenas de voluntários percorrem, de olhos postos no céu, 7 das 9 ilhas
dos Açores onde a espécie ocorre. Os dados recolhidos por esses voluntários têm
permitido aos especialistas aprofundar o conhecimento sobre diversos aspetos da
biologia da espécie, tais como o comportamento e os habitats mais utilizados e
acompanhar a sua evolução.
Com o Censo dos Milhafres, a SPEA acompanha a situação desta espécie nos
Açores e na Madeira, onde é conhecida como manta (em Portugal continental, a
ave é apelidada de águia-d’asa-redonda). Desde o início do censo, em 2006, já
participaram 2645 voluntários em ambos os arquipélagos, e já se observaram
perto de 10 000 aves, elevando esta iniciativa ao maior projeto de Ciência
Cidadã coordenado pela SPEA.
Censo de Milhafres | Ana Mendonça |
“O sucesso deste censo depende da participação dos voluntários que nos
ajudam a acompanhar os milhafres e mantas nos Açores e Madeira. Em 2023,
tivemos um aumento do número de novos voluntários a participar. Este ano, temos
como objetivo aumentar o número de percursos realizados em ilhas como Terceira,
Pico, Faial e São Jorge. Convidamos toda a gente a juntar-se a nós, e a trazer
a sua família e amigos”, diz Ana Mendonça, técnica da SPEA.
Os milhafres podem ser observados um pouco por todo o lado, desde as zonas florestais e pastagens até aos centros urbanos. São frequentemente avistados a voar ou pairar no céu, ou pousados em cima de muros, postes ou outros pontos altos de onde possam avistar os roedores de que se alimentam. Estas águias são predadores de topo: comem também pequenas aves, insetos e minhocas, sendo importantes para a regulação dos ecossistemas onde se inserem. Apesar da crescente consciencialização, o milhafre ainda enfrenta desafios como o envenenamento, a eletrocussão em linhas elétricas ou até mesmo o atropelamento.
Milhafre | Olivier Coucelos |
Em 2023, 83 miúdos e graúdos voluntariamente percorreram mais de 1228 km
para contar milhafres nos Açores. Foram observados um total de 310 milhafres,
sendo possível estimar que existem 2294 aves no nosso arquipélago.
Para participar não é preciso saber de ciência, nem ser um especialista:
basta conseguir identificar esta ave de rapina e querer contribuir. Para o
fazer, contacte a SPEA através do email acores@spea.pt, para definir o percurso que irá fazer em busca
de milhafres.
Para dar a conhecer todos os pormenores e esclarecer eventuais dúvidas, a SPEA organiza ainda o webinar gratuito “Censo de Milhafres/Mantas” a decorrer no dia 27 de março.
“Agradecemos a todos os voluntários que têm participado e apelamos a que se juntem novamente a nós nesta 17ª edição” diz Ana Mendonça.
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