Tinha prometido a mim mesmo não regressar ao Uruguai para caçar, não porque vontade não me faltasse, mas porque a idade já vai pesando, e a viagem a partir dos Açores, com uma paragem em Lisboa, a que se segue Madrid , depois a travessia do Atlântico até Montevideu, é deveras cansativa. Como se esta lonjura não bastasse, temos ainda mais 3h 30m de Montevideu até o Departamento de Flores. Tudo isto num contexto de crescente burocracia para os caçadores à escala mundial e uma exigência extrema no transporte dos nossos amigos cães e das armas de caça.
Mas o Uruguai é um dos últimos países do mundo onde podemos encontrar espécies cinegéticas de caça menor com cão de parar e em estado selvagem, que dificilmente encontramos em qualquer outra parte do Mundo. As perdizes Uruguais e as grandes lebres em campos imensos de pastagens para gado bovino, ovino (produzem lã excelente) e produções agrícolas de soja, sorgo, e girassol proporcionam lances de caça inesquecíveis, sendo uma autêntica Universidade para cães novos, como foi o caso da minha Epagnuel Bretão Diva. Costumo dizer que um cão novo de parar de boas linhagens entra no Uruguai como estudante da escola primária e sai de lá doutorado. Doutoramento que será muito útil na caça às Galinholas. Depois, durante os percursos de caça que fazemos estamos constantemente a ser surpreendidos por uma flora, fauna e principalmente aves de uma beleza indescritível, com cores e formas que nos encantam. Uma referência especial para o Nhandu do Uruguai que é uma avestruz um pouco mais pequena e cuja visualização nos deslumbrava todos os dias num campo de soja próximo do local onde ficamos instalados. Acresce que no Uruguai corre muito sangue e cultura dos primeiros casais Açorianos que foram para o Brasil nos inícios do Séc XVII firmar e defender a fronteira deste enorme País a Sul de invasões estrangeiras, e com sangue, suor e lágrimas construiriam o que é hoje a Ilha de Santa Catarina e cidades como Florianópolis e Porto Alegre, sendo que alguns destes Açorianos mudaram-se para o Uruguai depois da Independência do Brasil e lá fizeram a sua vida, constituindo-se como uma das comunidades mais respeitadas no Uruguai pelo contributo que deram a este País. Colocados os contras e os argumentos a favor de mais uma ida ao Uruguai, a convite dos Amigos caçadores Dinis Jesus, Jorge Ribeiro e Paulo Meiguices a residirem no Continente e o José Carlos e o Cavaco Rodrigues a residirem nos Açores, não foi nada difícil eles me convencerem para uma nova aventura num dos Países mais equilibrados em termos sociais da América do Sul e dos mais ricos do mundo em perdizes verdadeiras Uruguaias. Viajamos sempre com um Orçamento bem elaborado pelo Dinis, construído com o contributo de todos e sujeito a aprovação. Os desvios Orçamentais são discutidos ao pormenor e as decisões finais são sempre tomadas por consenso. A Regra é a maior eficiência, ao menor custo e valorizando sempre a caça e a componente social. Não recorrer a serviços terceiros, a não ser os que são indispensáveis, basear a nossa alimentação em refeições de gastronomia cinegética com parte das espécies que caçamos e bacalhau. Os amigos Continentais se não comem bacalhau de diferentes maneiras ficam muito infelizes. Assim sendo, seja feita a vontade deles. Com estas premissas, viagens em classe económica e uma viatura local em conta que permita transportar os caçadores, os cães, alguns amigos Uruguaios, muita água, armas e munições, certamente que os custos vão estar sobre controlo.
O que se exige naquele País para se poderem introduzir ou sair com as armas de caça no Uruguai? : Uma empresa Despachante, ou uma empresa registada e com atividade no País que pode ser de Caça ou um Armeiro legal. Sem este requisito é impossível passar pela Alfandega Uruguaia tanto na entrada como na saída, a que acresce o controlo do Exército, e também da Polícia Aérea do Aeroporto. Muita atenção a esta regra, porque a não ser cumprida, pode rapidamente converter uma viagem de sonho num pesadelo. Hoje em dia os Aeroportos converteram-se em locais de sacrifício e de tortura, quando anteriormente eram um luxo e proporcionavam momentos muito agradáveis.
Com as armas desalfandegadas e na posse da guia provisória de armas temos de ir tratar das licenças de caça que podem ser tiradas pela internet ou presencialmente em Montevideu no Departamento de Caça e Pesca e num processo burocrático muito fácil. Quanto às munições em Montevideu e por exemplo em Trinidad, que é a capital do Departamento de Flores, existem soluções legais para se comprarem os cartuchos e até com o recurso a uma solução de origem portuguesa. Esta logística também tem de ser tratada antecipadamente para não termos nenhum desgosto.
No nosso caso e enquanto lá estamos acompanham-nos sempre nos campos 2 a 3 amigos Uruguaios que conhecemos há muitos anos. Esta postura é muito conveniente e acertada. Nada de aventuras e correr riscos desnecessários.
Resolvidas as armas, as licenças de caça, e as munições, temos de arranjar os campos onde se pode caçar já que a caça no Uruguai é dos proprietários dos terrenos. Para caçar lebres e perdizes em propriedades de 3000 hect., por arma\caçador e por dia, o valor anda à volta dos 20 euros.
Mas o Uruguai é um dos últimos países do mundo onde podemos encontrar espécies cinegéticas de caça menor com cão de parar e em estado selvagem, que dificilmente encontramos em qualquer outra parte do Mundo. As perdizes Uruguais e as grandes lebres em campos imensos de pastagens para gado bovino, ovino (produzem lã excelente) e produções agrícolas de soja, sorgo, e girassol proporcionam lances de caça inesquecíveis, sendo uma autêntica Universidade para cães novos, como foi o caso da minha Epagnuel Bretão Diva. Costumo dizer que um cão novo de parar de boas linhagens entra no Uruguai como estudante da escola primária e sai de lá doutorado. Doutoramento que será muito útil na caça às Galinholas. Depois, durante os percursos de caça que fazemos estamos constantemente a ser surpreendidos por uma flora, fauna e principalmente aves de uma beleza indescritível, com cores e formas que nos encantam. Uma referência especial para o Nhandu do Uruguai que é uma avestruz um pouco mais pequena e cuja visualização nos deslumbrava todos os dias num campo de soja próximo do local onde ficamos instalados. Acresce que no Uruguai corre muito sangue e cultura dos primeiros casais Açorianos que foram para o Brasil nos inícios do Séc XVII firmar e defender a fronteira deste enorme País a Sul de invasões estrangeiras, e com sangue, suor e lágrimas construiriam o que é hoje a Ilha de Santa Catarina e cidades como Florianópolis e Porto Alegre, sendo que alguns destes Açorianos mudaram-se para o Uruguai depois da Independência do Brasil e lá fizeram a sua vida, constituindo-se como uma das comunidades mais respeitadas no Uruguai pelo contributo que deram a este País. Colocados os contras e os argumentos a favor de mais uma ida ao Uruguai, a convite dos Amigos caçadores Dinis Jesus, Jorge Ribeiro e Paulo Meiguices a residirem no Continente e o José Carlos e o Cavaco Rodrigues a residirem nos Açores, não foi nada difícil eles me convencerem para uma nova aventura num dos Países mais equilibrados em termos sociais da América do Sul e dos mais ricos do mundo em perdizes verdadeiras Uruguaias. Viajamos sempre com um Orçamento bem elaborado pelo Dinis, construído com o contributo de todos e sujeito a aprovação. Os desvios Orçamentais são discutidos ao pormenor e as decisões finais são sempre tomadas por consenso. A Regra é a maior eficiência, ao menor custo e valorizando sempre a caça e a componente social. Não recorrer a serviços terceiros, a não ser os que são indispensáveis, basear a nossa alimentação em refeições de gastronomia cinegética com parte das espécies que caçamos e bacalhau. Os amigos Continentais se não comem bacalhau de diferentes maneiras ficam muito infelizes. Assim sendo, seja feita a vontade deles. Com estas premissas, viagens em classe económica e uma viatura local em conta que permita transportar os caçadores, os cães, alguns amigos Uruguaios, muita água, armas e munições, certamente que os custos vão estar sobre controlo.
O que se exige naquele País para se poderem introduzir ou sair com as armas de caça no Uruguai? : Uma empresa Despachante, ou uma empresa registada e com atividade no País que pode ser de Caça ou um Armeiro legal. Sem este requisito é impossível passar pela Alfandega Uruguaia tanto na entrada como na saída, a que acresce o controlo do Exército, e também da Polícia Aérea do Aeroporto. Muita atenção a esta regra, porque a não ser cumprida, pode rapidamente converter uma viagem de sonho num pesadelo. Hoje em dia os Aeroportos converteram-se em locais de sacrifício e de tortura, quando anteriormente eram um luxo e proporcionavam momentos muito agradáveis.
Com as armas desalfandegadas e na posse da guia provisória de armas temos de ir tratar das licenças de caça que podem ser tiradas pela internet ou presencialmente em Montevideu no Departamento de Caça e Pesca e num processo burocrático muito fácil. Quanto às munições em Montevideu e por exemplo em Trinidad, que é a capital do Departamento de Flores, existem soluções legais para se comprarem os cartuchos e até com o recurso a uma solução de origem portuguesa. Esta logística também tem de ser tratada antecipadamente para não termos nenhum desgosto.
No nosso caso e enquanto lá estamos acompanham-nos sempre nos campos 2 a 3 amigos Uruguaios que conhecemos há muitos anos. Esta postura é muito conveniente e acertada. Nada de aventuras e correr riscos desnecessários.
Resolvidas as armas, as licenças de caça, e as munições, temos de arranjar os campos onde se pode caçar já que a caça no Uruguai é dos proprietários dos terrenos. Para caçar lebres e perdizes em propriedades de 3000 hect., por arma\caçador e por dia, o valor anda à volta dos 20 euros.
Finalmente, temos as caçadas com centenas de lances de caça inesquecíveis e sempre na companhia dos nossos amigos cães de caça idos propositadamente dos Açores e do Continente. Posso caçar com uma arma que não é minha e com empréstimo legal, agora caçar com um cão que não viva comigo e seja do meu canil é sempre uma caçada incompleta. As refeições feitas nos campos à base de grelhados de caça e bacalhau e que se prolongavam quando chegávamos à propriedade de agro turismo onde estávamos hospedados, constituíram momentos que jamais esquecerei. Uma nota para dizer que a Senhora Marinela, cuja função era cozinhar para o nosso Grupo, acabou por confecionar uma única refeição já que todas as outras foram feitas por nós e com o pormenor desta Senhora se sentar na nossa mesa a comer connosco, coisa que nunca tinha feito com as outras dezenas e dezenas de hóspedes que já passaram por aquela Estância La Amorosa. Estou certo que jamais se esquecerão de nós, tal como um alemão que estava também lá hospedado à procura de tranquilidade e que deve ter regressado à Alemanha ainda mais cansado, mas também mais feliz por nos ter conhecido.
As dezenas e dezenas de peças de caça que cobramos (perdizes e lebres) foram todas aproveitadas em parte nas nossas refeições e em ofertas muito apreciadas pelos nossos amigos Uruguaios que nos acompanhavam nas caçadas, pela Marinela e pelo Gualter (tinha o meu nome) que era o encarregado desta enorme propriedade com gado bovino, cavalar e ovino. Um bom exemplo para o turismo nos Açores e um complemento para a atividade pecuária. Como também seria um bom exemplo a diversificação e qualidade dos produtos de laticínios que lá produzem como é o caso do doce de leite.
A terminar uma referência ao Uruguai, com um terço da população portuguesa e quase o dobro da sua área, continua a ser um País acolhedor e tranquilo nas Zonas rurais, mas em grande transformação e crescimento relacionado com a produção de soja em regime intensivo e extensivo. A crescente procura externa da soja, e de estrangeiros pelas terras do Uruguai e designadamente pelos vizinhos Argentinos que estão a fugir da “implacável” política fiscal de que se dizem vítimas, principalmente nas exportações, está a levar a um aumento extraordinário do preço da terra. Mas não são só os Argentinos a comprar no Uruguai, pois os Italianos e os Brasileiros também por lá andam. Evidentemente que esta agricultura extensiva e intensiva terá um impacto muito negativo nas espécies cinegéticas como as lebres, as perdizes, os pombos e as rolas, bem como na já riquíssima fauna residente e autóctone. O País está mais caro e este tipo de crescimento naturalmente dará lugar a novas contradições e, a prazo, aquele que é um dos últimos paraísos do mundo da caça menor tenderá a nivelar-se por baixo e as espécies cinegéticas em estado bravio e puro pagarão um preço muito elevado.
Gualter Furtado
As dezenas e dezenas de peças de caça que cobramos (perdizes e lebres) foram todas aproveitadas em parte nas nossas refeições e em ofertas muito apreciadas pelos nossos amigos Uruguaios que nos acompanhavam nas caçadas, pela Marinela e pelo Gualter (tinha o meu nome) que era o encarregado desta enorme propriedade com gado bovino, cavalar e ovino. Um bom exemplo para o turismo nos Açores e um complemento para a atividade pecuária. Como também seria um bom exemplo a diversificação e qualidade dos produtos de laticínios que lá produzem como é o caso do doce de leite.
A terminar uma referência ao Uruguai, com um terço da população portuguesa e quase o dobro da sua área, continua a ser um País acolhedor e tranquilo nas Zonas rurais, mas em grande transformação e crescimento relacionado com a produção de soja em regime intensivo e extensivo. A crescente procura externa da soja, e de estrangeiros pelas terras do Uruguai e designadamente pelos vizinhos Argentinos que estão a fugir da “implacável” política fiscal de que se dizem vítimas, principalmente nas exportações, está a levar a um aumento extraordinário do preço da terra. Mas não são só os Argentinos a comprar no Uruguai, pois os Italianos e os Brasileiros também por lá andam. Evidentemente que esta agricultura extensiva e intensiva terá um impacto muito negativo nas espécies cinegéticas como as lebres, as perdizes, os pombos e as rolas, bem como na já riquíssima fauna residente e autóctone. O País está mais caro e este tipo de crescimento naturalmente dará lugar a novas contradições e, a prazo, aquele que é um dos últimos paraísos do mundo da caça menor tenderá a nivelar-se por baixo e as espécies cinegéticas em estado bravio e puro pagarão um preço muito elevado.
Gualter Furtado
Maio de 2019
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