«O mar não é só a via
possível, é a via inevitável»
«O mar não é só a via possível, é a via
inevitável», defendeu o Embaixador António Monteiro, actualmente presidente do
conselho de administração do BCP, sobre a saída para a crise económica que o
País atravessa, considerando ainda que «escala global é-nos dada pelo mar». As
declarações do antigo embaixador de Portugal em França foram proferidas no
âmbito da Gala Prémios LIDE Mar 2013, que na passada terça-feira, dia 28 de
Maio, juntou cerca de 200 empresários, investigadores, ambientalistas,
políticos, desportistas e artistas no hotel The Yeatman, em Vila Nova de Gaia,
para distinguir o mérito e a excelência das actividades ligadas ao mar.
A cerimónia contou com a entrega de prémios em nove
categorias diferentes, atribuídos a Dulce Pontes, João Rodrigues, Comando
Naval (Marinha Portuguesa), Mutualista Açoreana (Grupo Bensaude), seus
comandantes e tripulantes, CIIMAR (Universidade do Porto), Áreas Marinhas
Protegidas Madeira (SPNM), Fileira do Pescado, Lisnave e Tiago Pitta e Cunha.
No final da gala houve ainda lugar à realização de um espectáculo protagonizado por Dulce Pontes
acompanhada pela Banda da Armada Portuguesa.
Na mesa redonda com o tema “O mar e as relações
internacionais”, moderada pelo jornalista Vítor Pinto, da TVI, António Monteiro
referiu que «com a ligação que temos ao mar, deixamos de ser um país periférico
e passamos a ser um país central» e defendeu que o País tem a oportunidade de
«trabalhar o mar como fonte de recursos» e explorar a investigação
oceanográfica, sendo que com o alargamento da plataforma marítima portuguesa, o
País passa a ter uma extensão de cerca de «quatro milhões de quilómetros
quadrados». Sobre as nove categorias dos Prémios LIDE Mar, o presidente do BCP
referiu que «o número dos premiados demonstra que praticamente todos os
sectores da actividade económica portuguesa estão associados ao mar».
A propósito das saídas económicas para Portugal, o
antigo embaixador destacou ainda as declarações do presidente do Eurogrupo, Jeroen
Dijsselbloem, de que Portugal poderia ver na ligação aos países membros da CPLP
– Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, uma alternativa à exportação para
os países da zona euro. Na sua intervenção, António Monteiro recordou também o
passado histórico de Portugal e lembrou que as primeiras relações com culturas
diferentes tiveram origem nos Descobrimentos e na ligação com o mar, falando
também da recente evolução da diplomacia, que converge com a economia, quando
tanto se fala em diplomacia económica, considerando que «a globalização é
inevitável face à evolução tecnológica» e sustenta que é essencial «passar da
globalização à convergência». Salientou também, que nas relações
internacionais, a lógica do confronto não acrescenta valor nenhum, ao passo
que, a lógica do compromisso é que promoverá o desenvolvimento.
Maria Madalena Neves, embaixadora de Cabo Verde em
Portugal, também participou na mesa redonda juntamente com António Monteiro e
explicou que «o mar une-nos desde sempre», pelo passado histórico e na cultura
partilhada pelos dois países. A embaixadora salienta que «a nossa cultura está
marcada pelo mar», dando o exemplo da morna, levada aos quatro cantos do mundo
por Cesária Évora, com o tema Sodade, e da literatura. Sobre a sua visão de
Portugal, Maria Madalena Neves, refere que «como membro da CPLP, Portugal tem
uma vantagem grande para chegar a vários mercados, tendo o mar como via», e
defende que o País deve «voltar ao mar como elemento de consolidação
económica».
Dando o exemplo de Cabo Verde, Maria Madalena Neves
explica que «o mar domina a economia cabo-verdiana», sendo que «20 a 25% do Produto
Interno Bruto» resulta de actividades ligadas ao mar. A embaixadora de Cabo
Verde em Portugal salienta ainda o forte investimento que o seu país está a
fazer na modernização de infra-estruturas portuárias, justificando que «Cabo
Verde é mais mar do que terra». Maria Madalena Neves defende que no mar é
possível encontrar e associar várias valências como a economia, o desporto, o
turismo e investigação.
Já antes, na sessão de abertura da Gala Prémios
LIDE Mar 2013, Miguel Marques, presidente do comité LIDE Economia do Mar,
responsável pela realização da Gala, tinha referido que «no mar também há
líderes com enorme vontade de acrescentar valor e desenvolver o País, muitos
deles estão hoje aqui presentes». O presidente do comité LIDE Economia do Mar
atestou a pertinência do evento sustentando que «é através do mérito e da
excelência que conseguiremos ultrapassar os difíceis obstáculos do presente.
Sendo que o reconhecimento do mérito e da excelência é fundamental para dar
alento para se fazer cada vez melhor. É preciso motivar quem desenvolve um bom
trabalho, a fim de que se faça mais e melhor». Miguel Marques partilhou ainda
que a excelência também se faz de detalhes e deu a conhecer o troféu «que faz
lembrar a proa de um navio, e, à semelhança dos premiados, a proa vai à frente
a abrir novas rotas, a abrir novos horizontes, e, por vezes, rasgando correntes
adversas».
A entrega dos Prémios LIDE Mar realizou-se em dois
momentos, sendo que o primeiro momento incluiu a entrega do Prémio LIDE Viver
Mar 2013 à Mutualista Açoreana, do grupo Bensaude, seus comandantes e
tripulantes; Prémio LIDE Segurança Mar 2013 ao Comando Naval da Marinha
Portuguesa, Prémio Lide Conhecimento Mar 2013 ao CIIMAR – Centro
Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, Prémio
LIDE Preservar Mar 2013 às Áreas Marinhas Protegidas da Madeira (SPNM); e Prémio
LIDE Arte Mar 2013 a Dulce Pontes.
O prémio LIDE Viver Mar destina-se a reconhecer o
mérito e a excelência de entidades ou pessoas com elevada experiência de
trabalho em meio aquático, daí o prémio atribuído à Mutualista Açoreana, seus
comandantes e tripulantes, um exemplo de excelência, de perseverança, de
formação e de experiência de operação no mar, com uma missão fundamental para o
abastecimento das populações insulares. Por sua vez, o Prémio LIDE Segurança
Mar pretende reconhecer o mérito e a excelência de entidades ou pessoas com
provas dadas na segurança de pessoas que contactam com o meio aquático, sendo o Comando Naval um órgão da Marinha há muito
reconhecido como uma referência incontornável na protecção e salvaguarda dos
que têm no mar as suas vidas.
O Prémio LIDE Conhecimento Mar, destinado a
reconhecer o mérito e a excelência de entidades ou pessoas que produzem avanços
significativos no conhecimento do meio aquático foi atribuído ao CIIMAR,
enquanto instituição de referência nacional e internacional na investigação
científica e na formação avançada que tem como missão o desenvolvimento de
investigação de excelência, a promoção do desenvolvimento tecnológico e o apoio
a políticas públicas na área das Ciências Marinhas e Ambientais.
Com o objectivo de reconhecer o mérito e a
excelência de entidades ou pessoas que atuam na preservação e valorização do
meio aquático, o Prémio LIDE Preservar Mar, foi atribuído às Áreas Marinhas
Protegidas Madeira (SPNM), reconhecidas internacionalmente pela preservação do
meio marinho e pela interligação com outras actividades económicas, desportivas
e de lazer, destacando-se a preservação do lobo-marinho, construindo assim uma
visão de sustentabilidade ambiental, social e económica. O prémio LIDE Arte
Mar, atribuído a Dulce Pontes, pretende reconhecer o mérito e a excelência de
entidades ou pessoas que utilizam o meio aquático como meio inspirador das suas
produções artísticas. Com
a interpretação de "A Canção do Mar" Dulce Pontes conseguiu tocar no
íntimo da cultura marítima dos Portugueses, tendo encontrado no mar uma imensa
fonte de inspiração e um aliado ímpar que a transportou para actuações
sublimes.
No segundo momento de atribuição dos galardões, foi
entregue o prémio Prémio LIDE Actividade Mar 2013 ao atleta João Rodrigues; o
Prémio LIDE Cooperar Mar 2013 à Fileira do Pescado;
o Prémio LIDE Valor Mar 2013 à empresa Lisnave; e o Prémio LIDE Mar 2013, de
carácter transversal, a Tiago Pitta e Cunha.
O Prémio LIDE Actividade Mar destinado a reconhecer
o mérito e a excelência de entidades ou pessoas que utilizam o meio aquático
como contexto das suas actividades físicas e desportivas, foi atribuído a João
Rodrigues, que com um palmarés invejável de 129 internacionalizações, dezenas
de medalhas conquistadas e seis presenças em jogos olímpicos é uma referência
do desporto nacional. A sua
impressionante adaptação ao mar permitiu-lhe tornar-se o primeiro velejador a
fazer a travessia em prancha à vela entre a ilha da Madeira e as ilhas
Selvagens. À Fileira do Pescado foi atribuído o prémio LIDE Cooperar Mar, pela
excelente cooperação entre empresas da mesma fileira no seu trabalho de promoção
do pescado português como o melhor peixe do mundo e da sua transformação que
tem sido uma referência de cooperação com resultados para toda a economia do
mar e para toda a economia nacional.
O Prémio LIDE Valor Mar 2013, entregue à empresa
Lisnave, tem como objectivo reconhecer
o mérito e a excelência de empresas ou empresários que criam valor e geram
riqueza no âmbito da economia do Mar. O elevado estatuto internacional que a
Lisnave alcançou, os muitos benefícios que tem gerado para Portugal ao longo de
50 anos de actividade, nomeadamente o valor acrescentado gerado, permitem que
esta seja identificada como uma referência
à escala global.
Por fim, o Prémio LIDE Mar, destinado a reconhecer
o mérito e a excelência de entidades ou personalidades com um papel marcante na
implementação de uma visão integrada de desenvolvimento económico sustentável
das actividades relacionadas com o Mar, foi atribuído a Tiago Pitta e Cunha
pelo seu “percurso Marítimo” nas Nações Unidas, no Conselho da Autoridade
Internacional para os Fundos Marinhos, na Comissão Estratégica dos Oceanos, no
Gabinete do Comissário Europeu para as Pescas e para os Assuntos Marítimos da
União Europeia e, mais recentemente, na equipa de consultores da Presidência da
República.
Os Prémios LIDE Mar surgem assim enquadrados nos
objectivos globais do LIDE Portugal centrado em promover a iniciativa e o
empreendedorismo através do fortalecimento das relações entre empresas,
organizações e entidades governativas por meio de debates, fóruns e iniciativas
de apoio à sustentabilidade e responsabilidade social.
Sobre
o LIDE Economia do Mar
O comité temático LIDE Economia do Mar é um grupo
especializado do LIDE Portugal, que tem como objectivo principal perspectivar a
economia do mar como um todo e promover, paralelamente aos seus usos
tradicionais, novos usos do mar para gerar, de forma sustentável, uma forte
base produtiva no País, desenvolvendo uma pujante e renovada cultura marítima
geradora de emprego e de bem-estar, que contribua para reforçar a identidade de
Portugal em contexto internacional. O subcomité temático LIDE Economia do Mar é
constituído por Miguel Marques (presidente), António Costa e Silva, Helena
Vieira, Pedro Quintela, Sofia Galvão e João Pedro Azevedo.
Sobre
o LIDE
O LIDE é uma associação de responsabilidade social
e networking empresarial, que reúne
personalidades do mundo empresarial. Tem por objectivo incentivar e promover
relações empresariais entre os países onde o LIDE está presente; discutir temas
económicos e políticos de interesse nacional e internacional; fortalecer os
princípios de good governance e a
aplicação de princípios éticos na gestão dos sectores público e privado;
promover, actualizar e aperfeiçoar o conhecimento empresarial; e estimular a
responsabilidade social e o respeito pelo meio ambiente nas empresas e
organizações.
O LIDE Internacional é o braço do LIDE que tem por objectivo
intensificar o relacionamento comercial internacional. É com o LIDE
Internacional que as representações nacionais do Grupo de Líderes Empresarias,
como o LIDE Portugal, cooperam. Já presente nos continentes, americano,
europeu, africano e asiático, espera-se que em 2013 o LIDE Internacional esteja
também presente nos Estados Unidos da América, China, Alemanha, México, Chile,
Espanha e na África do Sul - estes últimos dois, com o apoio operacional do
LIDE Portugal, à semelhança do que aconteceu, ainda em 2011, com o LIDE Angola
e em 2012 com o LIDE Moçambique.
O LIDE Portugal foi lançado oficialmente a 1 de
Julho de 2011 e tem vindo desde essa altura a promover activamente as relações
entre Portugal-Brasil-Angola-Moçambique entre outros países.
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