Crimes políticos – OSVALDO
CABRAL, in Correio dos Açores, edição de hoje.
«Nas Furnas, desde sempre conhecidas como a
maior hidrópole do mundo, está-se a cometer um dos maiores crimes políticos da
nossa história contemporânea. Conhecido pelas suas mais de 70 nascentes de
água, conferindo-lhe o título de capital do termalismo português, o Vale das
Furnas tinha motivos para potenciar a sua riqueza ao nível da
internacionalização.
A requalificação das
termas, com a construção do Furnas SPA Hotel, arrastou-se durante sete anos e
há mais de três que está parada e em ruínas. Mais grave: é possível que haja
alguma nascente de água medicinal que já se tenha perdido. É o mesmo que dar
cabo de um valioso poço de petróleo.
Tem razão o Presidente da
Junta de Freguesia das Furnas quando se queixa de que, “além de se ter mexido
com o património, ele funcionava, curava doenças e dava emprego, mexendo-se com
a economia de uma localidade; (…) Deram cabo das águas e, se isto é verdade,
devia alguém responder criminalmente”.
Os furnenses podem esperar
sentados. Crimes políticos nunca são julgados, porque os amigos, o compadrio
partidário, a oligarquia, são sempre protegidos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMXloyw0Pup-kJkJjRowLog_XMBP8Z8fHzVxGnzdPp_O1Mr-_FAQIFIszoyhSpvw6dtGEbbD5fJ5-IummnBAqB6z7L2nvPHP00MuuLJDkC5N-kVtjcXNDMgasfjjXgFz7prPYM0cFxhlgp/s1600/roteiro_SPAS.jpg)
O ruinoso Hotel SPA das
Furnas ainda não estava na fase de conclusão e já tinham acrescentado ao
projecto mais 11 quartos aos 44 inicialmente previstos, acrescentaram mais umas
centenas de metros quadrados à área do SPA, outra sala de refeições, esplanada,
transformando o investimento de 6 milhões para... 10 milhões! “Quando os
políticos metem mão nas Furnas, sai asneira”, disse-me no fim de semana um
furnense lá residente. É o caso, também, da Presidência da República, ao tempo
de Mário Soares. O Estado resolveu comprar a bonita casa da Grená, na margem da
lagoa das Furnas, para local de férias e repouso de suas excelências.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDpKdgVEvm1IYPsePQOqMe-gRrY-Ov04Gj1JOu0ooB3ukprdVgA_HX4ODuCuri4fVYb_5-u_ODlGSpJ4f-5_mvdQGhfbPUcm0kRX6HRwIQOdEaSUK1II7PHJCYvz3JXYavxqXRV3KaT790/s1600/termas2.jpg)
Eu já estou como o
arquitecto Soares de Sousa, questionando para que servem aquelas “megalíticas
construções que eram dispensáveis e nada acrescentam à harmonia natural” nas
margens da lagoa. Para colocar casinhas de madeira nas árvores para a
nidificação de pássaros e morcegos não era necessário tamanho investimento. Mas
nesta terra tudo é possível. Até um dos Grupos que deixou falir as Termas das
Furnas, teve como prémio... as Termas da Ferraria.
Branco mais branco não há.» Pico da Pedra,
Junho de 2013 Porque hoje é quarta
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