Em 15 de Julho de 1951 foi inaugurada na Freguesia de Ribeira Quente uma grande obra: “A Central Hidroeléctrica”. Foi construída na ribeira dos tambores, junto aos túneis, da responsabilidade da empresa de Electricidade e Gás, hoje conhecida por EDA – Empresa de Electricidade dos Açores.
Foi uma obra do saudoso Eng. José Cordeiro, que em conjunto com o seu irmão António Cordeiro, Director – Gerente da Empresa, encorajou-o a seguir em frente com tal ideia, visto ser uma obra de grande envergadura que iria beneficiar praticamente toda a ilha de São Miguel. Lutou, estudou durante anos as possibilidades da obra e mesmo contra todas as adversidades, em especial as forças da natureza, foi em frente com a ideia.
Na altura a empresa já disponha de 5 centrais em funcionamento, mas eram insuficientes, devido ao crescimento e desenvolvimento da ilha, e os pedidos de ligação de instalações eram tão numerosas que já havia ultrapassado a capacidade das centrais existentes. E assim nasceu e concretizou-se a ideia.
Foi construída na Ribeira Quente devido às ribeiras, nascentes e seus afluentes da freguesia de Furnas que vão desaguar à Ribeira Quente. Da estrada que conduz à Ribeira Quente, sobre a Ponte dos Tambores, mesmo do alto podemos já admirar a importante obra de engenharia ali realizada – a represa das águas.
Daí, dá-se conta imediata de que se ia tratar de um grande empreendimento na Ribeira Quente, uma obra digna de admiração pelo que representa o esforço do homem que a concebeu e do técnico, o distinto Eng. António Gomes de Menezes, afirmando assim o seu nome e a sua personalidade.
O canal condutor das águas até à central tem uma extensão de 2 600 metros. Não foi fácil construir esta obra devido ao relevo da montanha, por isso teve-se que levantar pontes para suportar o referido canal condutor, mais conhecido por todos nós: a levada.
A central fica situada numa chã, onde se obteve uma queda de água, com cerca de 35 metros. No entanto, é de salientar, naquela altura 2 mil litros de água por segundo movimentavam uma moderníssima turbina de 1.000 rotações por minuto e que desenvolvia 1900 C.V., esta turbina ligada a um alternador trifásico, produzia 1670 Kvs. A corrente, cuja tensão inicial é de 300 Volts, entra num posto de transformação que eleva para 30 000, sendo esta tensão de linha de transporte até á Lagoa, onde um transformador a faz baixar para 10.000 volts, partindo dali para as diversas redes de distribuição. O acto de inauguração oficial realizou-se pelas 15 horas, ficando o convite às autoridades a cargo do Sr. António Cordeiro. Forem imensos os ilustres convidados na Ribeira Quente, entre eles o Sr. Dr. Frederico Moniz Pereira bem como o Sr. Horácio Teves, Cônsul dos Estados Unidos da América do Norte e Vice-Cônsul da Grã-bretanha. Quem cortou a fita de inauguração foi o Sr. Governador Aniceto dos Santos, e a bênção o Sr. Padre Adriano Moniz. O Sr. Governador foi o convidado para fazer a ligação automática da tensão.
Todo aquele recinto estava bem embelezado, ambiente agradável, cujo copo de água (comes e bebes) ficou a cargo do Café Central de Ponta Delgada e a palestra do ilustre advogado Sr. Dr. Oliveira San-Bento, que saudou todos os presentes e responsáveis pela obra, em especial ao Sr. Eng. José Cordeiro, uma vez que ele aquando da inauguração já tinha falecido, dizendo o seguinte: “Que aquela nova central, obra de Micaelenses que honra a sua ilha, é um monumento mais bem expressivo em sua memória do que a própria estátua erguida junto á sua campa no cemitério de São Joaquim em Ponta Delgada”.
Actualmente quem já não ouviu falar do Senhor Eng. José Cordeiro?
Um grande homem! Por isso, relativamente perto do edifício da EDA, no local da Calheta, Freguesia de São Pedro, Ponta Delgada, está erguida a estátua desse Ilustre Micaelense.
João Costa Bril.
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