Nasceu
na Lomba do Botão, Povoação, aos 5 de setembro de 1915.
Filho
de Manuel Inácio ferreira e de Maria José Raposo, neto paterno de António
Inácio Ferreira e de Maria Matilde e materno de Francisco Raposo de Medeiros e
de Maria Isabel do Carmo.
Foi
batizado na igreja Matriz da Povoação, aos 12 de setembro de 1915, sendo
padrinhos Jacinto Pacheco Balança e Maria das Marcês Pacheco.
Após
concluir o ensino primário na escola da Lomba do Botão, transitou para o
Seminário de Angra no ano letivo 1927-1928. Tendo terminado o curso de
Teologia, foi ordenado sacerdote por Sua Ex.cia Rev.ma, D. Guilherme Augusto
Inácio da Cunha Guimarães, aos 12 de junho
de 1938, Festa da Santíssima Trindade, (113) ”conjuntamente com um grupo de cerca de
vinte colegas no sacerdócio”.
Atividade Pastoral
Atividade Pastoral
Depois
de ordenado sacerdote, foi colocado no mesmo ano de 1938, na Criação Velha,
Ouvidoria da Madalena, ilha do Pico, paróquia onde se manteve durante cinquenta
e um anos, como pastor amigo daquele povo que muito estimava e a quem se
dedicou pastoralmente até ao dia da sua morte.
Como
se refere a ele alguém que o conheceu bem de perto, era “dedicado aos amigos,
jamais procurou deles se «aproveitar» para conseguir algo em proveito próprio.
[…] Fomos colegas de curso. Um companheiro excelente. Incapaz de prejudicar os
outros, embora por vezes não deixasse de discordar das opiniões alheias com
veemência. […] O Padre Raposo era um bom homem. Sempre bem disposto, com um
sorriso que a todos cativava. Nem sei se alguma vez teve uma palavra menos
correta com qualquer interlocutor.
Foi
um autêntico benemérito, em boa verdade, para a Criação Velha. Quando ali
chegou a freguesia vivia em sérias dificuldades económicas. As vinhas estavam
abandonadas porque o vinho nem preço tinha e a sua exportação era difícil. O
Pe. Raposo começou por comprar algumas e iniciou a sua recuperação, começando
por assalariai alguns trabalhadores da localidade, E foi alargando as compras e
desbravando e arroteando os terrenos. Aumentou a produção e deu trabalho aos
trabalhadores locais.
Nunca
esqueceu a terra natal. Dela era apaixonado defensor. […] Os anos foram
decorrendo, a freguesia da Criação Velha começou a prosperar, principalmente
com a criação da Adega Cooperativa e o Padre Raposo passou a vender os seus
terrenos. Tinha chegado a hora de passar o facho a outrem…
Todos
os dias visitava a Vila [da Madalena] onde tinha bons e simpáticos amigos. […]
Passados estes anos todos, toda a gente da Criação Velha recorda o antigo
Pároco. E os que o conheceram dele falam com simpatia e algo de saudade” 114.
Observações
Faleceu
a 28 de novembro de 1989, com setenta e quatro anos, vítima de acidente por
despiste do seu carro, no trajeto de Criação Velha – Madalena do Pico, Vila
aonde se deslocava todos os dias para a amena “cavaqueira” com alguns dos seus
amigos.
O
Jornal O Telégrafo, ao noticiar a sua morte escrevia: “Pessoa muito estimada
não só pelos seus paroquianos como pela população da ilha do Pico, a sua morte
causou consternação geral, dadas as suas qualidades de pessoa de bem e sempre
pronto a atender a quem necessitasse dos seus serviços” (30/11/1989).
Também
o semanário das Lages, O Dever, ao dar notícia da morte inesperada do Pe. José
Raposo, afirma tratar-se de uma “Figura muito conhecida e estimada nesta ilha”,
tendo o seu funeral constituído “uma grandiosa manifestação de pesar”
(1/12/1989, p.2).
Tal
como se prometia nesta edição, na semana seguinte aparece em primeira página um
artigo do Pe. José Idalino Ferreira “No mundo da saudade O Padre José Raposo
Ferreira” (15/12/1989,pp. 1 e 4). Como afirmava, então, o articulista, “O Padre
Raposo lutou pela sobrevivências”, “Soube fazer amigos e muitos que eles eram. Conviveu
com eles, sentando-se em mesas de trato público e às da intimidade familiar que
dignificava com a sua presença e como que a seguir passos que o Divino Mestre
trilho em ordem à humanização de difíceis situações que iam do abuso de riqueza
em Zaqueu, passando pela miséria de uma viúva até chegar à desiludida
Samaritana. Tirou, esse bom padre, dos seus 74 anos de existência, meio século
de vida para com ela e nela edificar um reino que não sendo deste mundo, neste
é apaziguador de consciências perturbadas, horizonte clarificador de
incertezas, incinerador de ódios e paixões, injustiças e subserviências. (…).
Por tudo isto e o muito que ficou por dizer neste declinar do dia vinte e nove
do Mês dos Mortos, o Povo da Criação Velha, em esmagadora maioria, deu calor
humano à sua gratidão, expressa ma consternação que só o silencia sabe
traduzir” (15/12/1989. P.1 e p.4).
Fonte:
Clero da Ouvidoria da Povoação de Octávio Henrique Ribeiro de Medeiros (2ª
Edição revista e atualizada, ano de 2014).
________________________________
113 Ermelindo Ávila,
Pe. José Raposo Ferreira, Diário dos Açores, 27 de dezembro de 2005. P. 7.
114 Ermelindo Ávila,
Pe. José Raposo Ferreira, Diário dos Açores, 27 de dezembro de 2005, p. 7
Povoação, segunda-feira, 7 de janeiro de 2019.
Sem comentários:
Enviar um comentário