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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

REVERENDO JOSÉ FRANCO CABRAL FILHO DA FREGUESIA DE ÁGUA RETORTA


Nasceu ma Freguesia de Água Retorta, concelho da Povoação, no dia 6 de abril de 1933, tendo mais quatro irmãos: Manuel Gualdino, João e Marciano. O primeiro ainda vivo, nesta data, e os outros já falecidos.

Filho de Gualdino Cabral [de Medeiros], lavrador, e de Maria [Franco] Cabral, doméstica, residentes na Rua Direita, neto paterno de Boaventura Cabral de Medeiros e de Maria Pacheco e materno de João Cabral Franco e de Ana Cabral.

Recebeu o Batismo na igreja de Nossa Senhora da Penha de França, Água Retorta, administrado pelo Pároco Padre Manuel de Sousa Resendes, aos 16 de abril de 1933, (Assento, n.º 10. fls. 30) tendo como padrinhos Manuel de Resendes Papoula, proprietário e sua mulher Emília Cabral, doméstica, moradores na freguesia de Água Retorta.

Foi crismado na igreja Matriz da Povoação, por Sua Ex.cia Rev.ma D. Guilherme Augusto Inácio da Cunha Guimarães, aos 23 de setembro de 1948.

Depois de concluir a Escola Primária na freguesia de Água Retorta, ingressou no Seminário de Angra no ano letivo 1944/1945. Depois de concluir o Curso de Teologia, foi ordenado sacerdote aos 20 de junho de 1956.

Celebrou a sua “Missa Nova” na igreja de Nossa Senhora da Penha de França, Água Retorta, no dia 15 de julho de 1956. O cálice de prata que lhe foi oferecido pelo padrinho encontra-se naquela igreja paroquial.

Atividade Pastoral

Após a ordenação, foi colocado como Professor no seminário Menor do Santo Cristo, em Ponta Delgada, sendo muitas as gerações de seminaristas que beneficiaram do seu saber e da sua amizade, incluindo eu próprio nos anos letivos 1958/1959 e 1959/1960. Pode dizer-se que toda a sua vida, enquanto exerceu o múnus sacerdotal, foi consumada na formação dos seminaristas.

Do Padre José Franco, guardo boas recordações, quer como professor, quer como pedagogo, quer mesmo como desportista. Eram bem renhidas as partidas de futebol disputadas com ele de um lado (eu era o garda-redes da sua equipa) e o Pe. Agostinho Tavares do outro. Sempre que falhava um golo, era o joelho que “pagava”. Às vezes dava vontade de rir, outras, porém, nem tanto, pois era uma oportunidade perdida para a nossa equipa, enquanto que o Pe. Agostinho me “gozava” como guarda-redes e não falhava.

Ainda hoje, passados quase cinquenta anos, recordo a lição que aprendi dele. Na altura, achei que o “vexame” por que me fez passar – a mim e a outro colega – excedia, em muito, o “crime” cometido. Mas a explicação que ele deu na altura convenceu-me. Não tinha sido nada de especial, pensávamos, mas ele aproveitou a ocasião. Naquela semana, estava eu e outro colega de serviço à Capela. Era normal. Então, aproveitamos a oportunidade para “ir às Nêsperas”. Dito e feito. O pior foi que a nossa aventura chegou ao seu conhecimento. Ele, para nos dar a lição, reuniu todos os colegas, ordenou que se perfilassem em duas alas e fez-nos passar pelo meio. Depois rematou: é para aprenderem que não devem apropriar-se daquilo que é de todos.

Se muitos dos poderosos deste mundo seguissem esta lição, tudo seria diferente, pois não falta alimento para a humanidade, mas sim uma boa distribuição. E o que o Padre José Franco queria que ficasse da lição é que as nêsperas eram de todos e não apenas nossas. Valeu!

Este episódio não prejudicou a nossa amizade. Bem pelo contrário. Alguns anos mais tarde, sendo eu aluno do Seminário de Angra, encontramo-nos no Seminário Menor. Ele veio ter comigo para me dizer que iria ser servido polvo no almoço daquele dia. Como ele se lembrava que eu não gostava de polvo quando estava no seminário menor perguntou: “queres que te dê pão com manteiga para o almoço”? Mal sabia ele que eu já “tinha crescido” e já gostava de polvo, de azeitonas, de bacalhau, etc. Mas apreciei o gesto e, sobretudo, o facto dele ainda se lembrar dos nossos (des)“gostos” do tempo em que éramos seus alunos.

Anos Mais Tarde (104)

Depois de ter deixado o exercício das Ordens, casou no Porto, em 1975, com Lúcia Cabral, tendo uma filha Andrea Isabel. Na opinião da esposa, “foi um excelente profissional e marido e pai excecional”.

Entre 1975 e 1978, foi professor de Literatura Portuguesa e de Educação Física na Escola Secundária de Vila Nova de Foz Côa, na qual desempenhou o cargo de Vice-Presidente. Em 1976/1977 foi treinador da equipa de futebol local.

Tendo emigrado para os Estados Unidos, exerceu uma atividade muito notória como “psicólogo” no Corrigan Mental Health Center. A maioria dos seus pacientes eram portugueses, ou de descendência portuguesa, mas também os havia de outras nacionalidades. Trabalhou ainda no Citizens for Citizens (CFC) e na PYCO, uma organização portuguesa onde fazia terapia de grupo (mulheres) e também casais.


Foi professor (no turno da noite) de Português e Inglês no Bristol Community College (BBC) nos anos 80.

Apesar de todos os seus afazeres, ainda encontrava tempo para se envolver no desporto (LASA) e para escrever artigos sobre desporto e saúde mental, no Semanário O Jornal.

Em 1990, foi hospitalizado no Nacional Institutes of Health (N:I:HJ, em Bethesda, Maryland, fazendo parte de um processo de Investigação devido ao problema cardíaco que tinha (Hypertrofia cardio-myopathy), tendo-lhe sido implantado um pacemaker especial, o qual veio melhorar, em muito, a sua qualidade (e quantidade) de vida.

Apesar de já não ter o rim esquerdo, pois fora-lhe extraído em 1990 (cancro), tudo parecia correr bem. No entanto, em 1993, apareceu-lhe cancro no estômago que o vitimou em duas semanas e meia, tendo vindo a falecer no dia 3 de setembro de 1993.  

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104 Com base em informações gentilmente fornecidas pela viúva, D. Lúcia Cabral, a quem reconhecido agradeço.

Fonte: Clero da Ouvidoria da Povoação de Octávio Henrique Ribeiro de Medeiros (2ª Edição revista e atualizada, ano de 2014).

Povoação, quarta-feira, 9 de janeiro de 2019.


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