O Presidente do Governo
defendeu, em Florianópolis, no Brasil, o alargamento do relacionamento entre os
Açores e o Estado de Santa Catarina a novas áreas como a ciência e a
investigação, respondendo, por esta via, ao desafio de reforçar a ligação
bilateral já existente ao nível histórico, cultural e de preservação da
identidade açoriana.
“Estou seguro que, com o
grau de desenvolvimento académico deste grande Estado, a par das inúmeras áreas
que constituem hoje foco de preocupação global, o caminho das parcerias entre
os Açores e Santa Catarina no campo da ciência e investigação pode ainda ser
reforçado e mais proveitoso, estendendo os benefícios daquilo que já fazemos no
campo da história, da cultura e da preservação da identidade a outras áreas”,
afirmou Vasco Cordeiro.
O Presidente do Governo dos
Açores falava quarta-feira, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina,
no primeiro dia da visita oficial que está a realizar a convite do Governador
deste Estado, Eduardo Pinho Moreira.
Recorde-se que, por decisão
da Assembleia de Santa Catarina, 2018 foi designado como o Ano dos Açores em
Santa Catarina, onde, entre 1748 e 1754, desembarcaram os primeiros emigrantes
açorianos.
Na sua intervenção, Vasco
Cordeiro salientou que o Atlântico permanece um espaço central nas
considerações geoestratégicas nacionais e internacionais em dimensões como a
ciência e a investigação, o comércio internacional, a logística e a circulação
aérea e marítima, a defesa, a proteção contra a criminalidade transnacional e a
preservação ambiental e de recursos.
Neste contexto, os Açores
concretizam uma vantagem estratégica óbvia, a começar pela dimensão da sua área
de Zona Económica Exclusiva, com cerca de um milhão de quilómetros quadrados, a
maior da União Europeia, e que alarga as fronteiras da Europa até próximo do
continente americano, recordou o Presidente do Governo.
“Os Açores, das mais
pequenas regiões da Europa em área terrestre, assume, por via do seu Mar, a
dimensão de grande região europeia”, destacou Vasco Cordeiro, ao sublinhar que
é a partir do arquipélago que se está a desenvolver a instalação do Atlantic
International Research Center, relativamente ao qual Florianópolis acolheu, em
2017, a segunda Reunião de Alto Nível, que definiu a sua Comissão Instaladora e
o respetivo calendário de instalação.
O Presidente do Governo
apontou, ainda, o exemplo da constituição do Centro de Defesa do Atlântico
(CeDA), com sede nos Açores, que representa também um desenvolvimento
relevante, não apenas em função da posição histórica de Portugal, mas também
enquanto ator internacional capaz de agregar parcerias no domínio da defesa,
com o intuito de servir objetivos comuns no âmbito das organizações
internacionais de que faz parte, com natural destaque para a NATO.
“Por último, acresce o
papel que os Açores desempenham no âmbito do estudo do aproveitamento do
Espaço, com a instalação de duas antenas na Estação de Rastreio Espacial da
ilha de Santa Maria, da Agência Espacial Europeia, as quais intervêm na fase
crítica de lançamento de satélites a partir da Guiana Francesa, e, ainda, o
facto de, na mesma ilha, estar instalada uma antena da Rede Atlântica de
Estações Geodinâmicas e Espaciais, vocacionada para o estudo das áreas da
Radioastronomia, Geodesia e Geofísica”, disse.
“Se os novos caminhos que
se trilham no Atlântico relativos à exploração de recursos, nomeadamente do mar
profundo, à segurança e ao espaço passam, incontornavelmente, pelos Açores,
acredito serem, também, estas áreas pelas quais podemos mutuamente beneficiar de
uma parceria atuante e proactiva”, preconizou Vasco Cordeiro.
Na sua intervenção perante
os deputados do Estado de Santa Catarina, o Presidente do Governo fez questão
de abordar uma visão de futuro sobre as relações de “afinidade histórica e
cultural entre os Açores e o Estado de Santa Catarina”.
“Futuro, em suma, que se
traduza na reconfirmação pela Política, e através da Política, daquilo que o
sentimento, o coração e a história há muito já encetaram e concretizaram: a
ligação entre os Açores e Santa Catarina”, disse.
“Aqui chegados, 270 anos
decorridos sobre a excitação da chegada e a esperança de uma nova vida, é tempo
de fundar um novo futuro”, destacou Vasco Cordeiro, para quem, ao longo desses
mais de dois séculos, e, em especial nos últimos 40 anos, mercê da Autonomia,
os Açores progrediram como nunca na sua História.
“Temos hoje uma Região
aberta ao mundo, desassombrada, com a segurança que advém, cada vez mais, da
consciência do valor da sua História e do seu Povo, que não se fecha sobre si
mesma, que não se enclausura na finitude do território, mas que tem a ambição
de se afirmar para além do seu espaço territorial”, afirmou.
Segundo disse, este sentido
do trajeto que tem sido feito é essencial para que se possa enquadrar
devidamente “onde nos posicionamos, o que nos espera e o que nós próprios
esperamos do futuro”.
“Por aqui se pode perceber
que os Açores se predispõem a um novo patamar de relacionamento externo,
apresentando-se às suas comunidades espalhadas pelo mundo, mas também a regiões
e a estados com quem têm ligações históricas, afetivas e económicas, como uma
Região moderna, dotada de boas infraestruturas, que é uma das portas de entrada
na Europa, e que tem muitas oportunidades que podem e devem ser aproveitadas em
benefícios de ambas as partes”, destacou o Presidente do Governo.
A convite de Vasco
Cordeiro, a comitiva açoriana integra os Presidentes das Câmaras Municipais de
Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, cidades irmãs de
Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, assim como os deputados à
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, pertencentes à Comissão
de Política Geral, José San-Bento (PS), António Soares Marinho (PSD) e Alonso
Miguel (CDS/PP).
GaCS/PC
Povoação, quinta-feira, 19
de abril de 2018.
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