Três
anos depois, o grupo de cidadãos do Movimento Lagoa das Furnas viu a Câmara da
Povoação concretizar uma das suas pretensões, acabar com as taxas para
residentes, que voltam assim a usufruir do local de forma gratuita.
Na
sequência de uma deliberação da Câmara Municipal da Povoação, de fevereiro de
2015, os residentes nos Açores foram confrontados com um pacote de taxas que
incluía o pagamento de entrada na zona das caldeiras da Lagoa das Furnas, da
utilização das denominadas covas para fazer cozidos e do estacionamento, apesar
dos protestos de movimento cívico que se formou na altura.
Agora,
a Câmara Municipal da Povoação reviu a sua posição, tendo feito aprovar em
assembleia municipal a isenção de taxas para residentes, medida que entrou em
vigor esta semana.
O
empresário Luís Quental, um dos fundadores do Movimento Lagoa das Furnas,
congratula-se com a adoção desta medida, uma vez que a autarquia veio “dar
razão” a este grupo de cidadãos, e espera que os residentes voltem desta forma
a frequentar aquele local, que passou a registar uma presença “muito reduzida
de pessoas”.
Luís
Quental sustenta que “foi o Governo Regional que deu uma orientação" ao
município para abandonar as taxas para residentes, como aconteceu em outros
monumentos naturais dos Açores, como a Caldeira Velha, por exemplo.
Para
o empresário ligado ao típico bolo lêvedo das Furnas, “não faz sentido, numa
região com tão elevado número de pobres e de subsidiodependentes, com alta taxa
de beneficiários do Rendimento Social de Inserção e de desemprego, estar a
cobrar o acesso a espaços que são públicos”.
O
empresário lamenta que tenha acontecido no local “tudo o que se previa” e diz
ter “sérias dúvidas que o espaço volte a ter a atratividade que tinha antes da
implementação das taxas”, tendo-se “destruído, assim, valor económico para a
freguesia”.
Com
esta decisão do município, os turistas vêm agravadas as taxas para usufruir da
Lagoa das Furnas, o que, para o Movimento, não irá ser penalizante, uma vez que
estão habituados a pagar nas suas viagens.
Por
seu lado, Rui Vasco, responsável por um dos restaurantes com maior dimensão no
vale das Furnas, considera que a alteração das taxas agora introduzida “vai
prejudicar um pouco, indiretamente”, a restauração local das Furnas, que tem no
cozido a sua estrela gastronómica.
Sendo
contra o pagamento de taxas de entrada e a favor da taxação do estacionamento e
serviços como os sanitários, o empresário defende “organização no local”,
lamentando que os valores resultantes das taxas não estejam a ser aplicados na
Lagoa das Furnas.
António
Arruda, proprietário de outro restaurante nas Furnas, é apologista das taxas
sobre os turistas, que estão habituados a pagar para aceder a monumentos e
locais nas suas viagens, sendo esta uma “mais valia para a Câmara Municipal da
Povoação”, que poderá ainda criar postos de trabalho.
Segundo
o funcionário da Câmara Municipal da Povoação e responsável pela gestão da
Lagoa das Furnas, Milton Tavares, a reação ao novo regime de taxas tem sido
“muito positiva” por parte de locais e turistas, que totalizam cerca de 400
entradas diárias desde 01 de abril, reconhecendo que o grande volume de
entradas é assegurado por pessoas exteriores aos Açores.
De
acordo com a Câmara Municipal da Povoação, a receita das taxas, a par de
"algum do orçamento" do município, será aplicada “em novos
investimentos naquela zona", para a qual se está a projetar, "caso
seja possível, duas vias de entrada para melhor fluir o trânsito, especialmente
nas horas de ponta".
"Muito
em breve será colocado mais equipamento de mobiliário urbano, nomeadamente
bancos de jardim e, num futuro próximo, serão renovadas as casas de banho da
área", refere o município.
Povoação,
domingo, 8 de abril de 2018.
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