Diabetes – A importância de uma vida saudável na
prevenção do AVC
Opinião da Dr.ª Liliana Pereira
Neurologista do Hospital Garcia de Orta
Membro da Sociedade Portuguesa do AVC
No âmbito do Dia Mundial da Diabetes,
celebrado anualmente a 14 de novembro, a Sociedade Portuguesa do Acidente
Vascular Cerebral vem desta forma alertar para a importância da diabetes
mellitus como fator de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Um em cada cinco diabéticos vai morrer de
AVC, tornando-o numa das principais causas de morte nestes doentes.
O AVC e a diabetes são duas doenças que têm
muito em comum: estão a aumentar na população, afetam os vasos sanguíneos e
associam-se a outros importantes fatores de risco vascular, como a hipertensão
arterial e a dislipidemia (aumento das gorduras no sangue).
A diabetes é a doença em que o corpo deixa de
produzir insulina, ou esta não tem o efeito desejado. A insulina é a hormona
que controla a glicemia (os níveis de açúcar no sangue), que passam a estar
aumentados.
Comparando com uma pessoa sem diabetes, um
diabético tem mais do dobro do risco de sofrer um AVC isquémico, o tipo de AVC
em que uma artéria do cérebro fica bloqueada e deixa se fazer a circulação para
essa região do cérebro. Isto acontece porque os níveis elevados de açúcar no
sangue danificam as artérias, tornando-as mais duras e progressivamente mais
estreitas, até entupirem. O risco de AVC também aumenta porque há a tendência
para o aumento de peso, que pode levar a aumento da tensão arterial e do
colesterol, outros fatores de risco para AVC.
O diabético vai ter um AVC em idade mais
jovem, maior probabilidade de sofrer de demência por acumulação de pequenos
AVC, e se os níveis de açúcar estiverem altos no momento do AVC, o tamanho da
lesão pode ser maior e as consequências do AVC mais graves.
Controlar a glicémia é muito importante, mas
não é suficiente para reduzir o risco de AVC, nem para melhorar a sobrevivência
após AVC. É fundamental controlar também a tensão arterial, para valores ditos
normais, com a redução do consumo de sal e o uso de medicação anti
hipertensora, se necessário. E o mesmo se aplica ao controlo do colesterol, com
a redução de gorduras da dieta. É possível que mesmo sem ter o colesterol alto
o médico receite medicamentos para o reduzir, porque eles também protegem a
parede das artérias.
Também as escolhas feitas no dia-a-dia podem
ajudar a prevenir um AVC: uma dieta saudável, rica em fruta, legumes, cereais
integrais e lacticínios magros; a prática de exercício físico durante mais de
30 minutos o máximo de número de dias por semana, seja andar, correr, ou
praticar outro desporto; manter o peso próximo do ideal; não fumar; e evitar o
álcool, este aumenta a glicemia e a tensão arterial.
A continuada adoção de medidas estratégicas
preventivas permite reduzir a mortalidade por AVC. Só a divulgação e adoção das
medidas preventivas poderá diminuir também o número de AVC. Se é diabético,
siga os conselhos do seu médico, não seja mais um número para as estatísticas
do AVC.
Bibliografia:
Hewitt J Et al. Diabetes and Stroke Prevention: A Review. Stroke Res
Treat 2012; 2012:673187.
Tuttolomondo A Et al.
Relationship between Diabetes and Ischemic Stroke: Analysis of Diabetes-
Related Risk Factors for Stroke and of Specific Patterns of Stroke Associated
with Diabetes Mellitus. J Diabetes Metab 2015; 6:544.
Canais Oficiais da SPAVC:
Website:
www.spavc.org
Instagram:
spavc_pt
LinkedIn:
Sociedade Portuguesa do AVC
Povoação,
Terça-feira, 7 de novembro de 2017.
Sem comentários:
Enviar um comentário