Era a
menina Felisberta Laureano azeda como limão tangerino… Um dia o Manuel Faúlha
perguntou à menina o que é que ia fazer? Obteve esta resposta…
Primeiro
descubra a cabeça e lá tirou Manuel o boné, ficando com ele suspenso na mão.
Oiça lá Manuel, o serviço que vai fazer é este, mas não esqueça, nesta casa
tudo tem dom e se assim não o fizer vai para o olho da rua. Ouviu?
Ouvi
Srª Dona!
Horas
depois foi o Manuel falar com a menina Felisberta, tira o boné, faz uma ligeira
vénia como quem faz uma cortesia ao rei e…
Menina Dona Felisberta, empreste a dona vassoura e a dona pá do lixo para limpar a caca da dona gata. Mal acabou de o dizer, a menina Felisberta com os azedos de sempre.
Rua!
Rua! Seu impertinente sem vergonha, nunca mais o quero ver que eu não lhe ponha
a vista em cima senão, senão…
Ai de
si se o torno a ver por aqui! Srª Dona caloteira, deve-me 6 tostões. Rua! Rua!
O
Manuel Faúlha não tinha onde “cair morto”, era um filósofo de rua, um homem de
coração lavado!
(in complemento a elucidar Soneto de J. H. de Matos)
Soneto de J. H. de Matos
Pobre
ou rico, vassalo ou soberano
Iguais
são todos e todos parentes,
Todos
nasceram ramos descendentes
Do
antigo tronco, do primeiro humano
Saiba
quem de seus títulos ufanos
Toma
por qualidade os acidentes,
Que
duas gerações há só diferentes
Virtude
e vício, tudo mais é engano
Por
mais que afete a vã genealogia
Introduzir
nas veias a nobreza
Do
melhor sangue que Adão teria
O não
fará desmentindo a natureza
Que
seja sem virtude a fidalguia
Mais
que um triste fantasma da grandeza.
Extraído
do livro Instituições Vinculares e notas genealógicas – de João d`Arruda
Botelho da Câmara, anotadas por Ernesto do Canto.
Benjamim Carmo
Povoação, quarta-feira, 8 de novembro de 2017.
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