Hoje
a imprensa regional, Jornal Correio dos Açores, apresenta na sua rubrica “Os nossos
talentos” o jovem povoacense Hugo Araújo, em entrevista conduzida pelo Dr.
António Pedro Costa.
É
um orgulho para nós povoacense ver apresentados e reconhecidos na imprensa
regional os jovens talentos povoacenses.
Transcrevemos na íntegra
a entrevista conduzida pelo Dr. António Pedro Costa ao jovem talento povoacense
Hugo Araújo no Jornal Correio dos Açores:
Hugo
Araújo encontra-se em Espanha, integrando a Orquestra Sinfónica Mundial JMJ.
Este jovem açoriano, natural da Lomba dos Pós, da Vila da Povoação, é filho de outro
grande músico povoacense, Laurindo Araújo, e foi admitido a participar naquela
Orquestra de nível internacional, sendo um orgulho para todos os povoacenses,
por verem este filho da terra premiado, depois destes anos de dedicação à sua
brilhante carreira musical. Hugo Araújo é o primeiro povoacense e açoriano a
conseguir este feito, graças à sua abnegação no difícil e competitivo mundo da
música clássica.
Correio dos Açores - Conta-nos como despertaste
para a música.
Hugo Araújo - Comecei os meus
estudos no trompete por influência do meu pai. Dei os primeiros passos com ele
e, rapidamente, comecei a desenvolver o meu gosto musical e a delinear objectivos.
Sempre fui uma pessoa muito ambiciosa e o meu maior sonho, enquanto músico, é
ser melhor a cada dia, acreditar no meu trabalho para um dia mais tarde, se possível,
arrecadar um lugar numa orquestra. Também uma das coisas que me fascina é o ensino
nesta arte e sobretudo na prática do trompete
Qual ou quais os
mentores de referência na tua carreira de músico?
Quanto
aos mentores que considero relevantes na minha carreira, gostaria de começar
pelo Dinamarquês Kristian Steenstrup e o Austríaco Martin Angerer. São pessoas com
ideias extraordinárias e com uma capacidade de ensino acima da média. Além de
excelentes músicos, são também pessoas com uma vasta cultura e com uma
experiência muito sólida. Qualquer um deles teve um percurso musical como
qualquer outro estudante de música, mas sem dúvida se destacaram pelo seu
enorme talento e capacidade de ensinar.
Que concerto
destacas neste teu percurso?
O
concerto que mais destaco na carreira de um trompetista é sem dúvida o concerto
de Haydn em Eb para trompete e orquestra. Normalmente é o concerto pedido nas
provas de admissão para as grandes orquestras. Este concerto clássico é de uma
transparência relevante, pois é um concerto muito delicado em que todo o
aspecto mecânico do instrumento, bem como a analogia do gosto musical e fidelidade
à época do concerto é avaliada. Este tipo de Dicotomia é um desafio para um
trompetista, sendo que um júri numa prova de admissão para uma orquestra é
capaz de perceber ou avaliar que tipo de som ou que tipo de articulação mostra
o candidato apenas nas primeiras três notas do concerto.
O que pensas do
papel de uma Orquestra Sinfónica dos Açores?
Na
minha opinião, um agrupamento sinfónico nos Açores era uma mais-valia para o
avanço da cultura musical Açoriana. Ter uma orquestra sinfónica nos Açores é um
projecto que requer tempo, muita dedicação e principalmente pessoas com
experiência no ramo musical e cultural a esse nível. Uma orquestra sinfónica é
vista como
o
topo da carreira de um instrumentista, e havendo um agrupamento desses nos
Açores iria ser para todos os estudantes uma motivação e uma forma de atingir
um objectivo.
Preferes dirigir ou
ser executante de uma orquestra ou de uma Banda
Filarmónica?
Neste
momento sou instrumentista de orquestra e adoro o que faço. Direcção de
orquestra ou filarmónica? Quem sabe um dia!
Qual o sentimento
de integrar a Orquestra Sinfónica da Jornada Mundial da Juventude sediada em
Madrid?
A
minha primeira sensação, ao entrar em Madrid, foi a de todo o meu trabalho ter
sido recompensado e que acreditar num objectivo e no nosso trabalho, é a maior
recompensa que uma pessoa pode ter seja em que área for.
Qual tem sido o
papel das filarmónicas no ensino da música nos Açores?
Eu
diria que o trabalho de qualquer filarmónica é extremamente relevante, porque este
tipo de instituições, na maioria dos casos, são as que mais trabalham na
formação de jovens talentos, nem sempre estas instituições têm condições para
fazer evoluir os nossos jovens, pelo que é preciso muito empenho dos músicos.
Afirmo também que os jovens Açorianos precisam acreditar mais e que todos eles
têm o seu talento. Todos nós temos talento, mas a verdadeira diferença está em
trabalhar esse talento e sobretudo acreditar no nosso trabalho mesmo quando tudo
corre mal.
Quais os
instrumentos de sopro da tua eleição?
Penso
que todos os instrumentos são importantes em qualquer agrupamento musical. Todos
eles têm a sua história, o seu valor, bem como a sua forma de execução. O importante
é tocar com paixão e ter vontade em ser melhor todos os dias e acima de tudo, trabalhar
arduamente para ultrapassar todas as dificuldades.
António Pedro Costa
Percurso do músico Hugo Araújo
Fez
parte das Orquestra Ligeiras da Povoação e Vila Franca do Campo e é trompetista
desde Maio de 2006 da Orquestra Lira Açoriana. Frequentou, diversos estágios com
a Banda Militar dos Açores para aperfeiçoamento de instrumentos de sopro e
percussão, sob a orientação do Tenente e Chefe de Banda Alexandre Lopes Coelho.
Em Maio de 2007, frequentou cursos de Direcção orientado pelo maestro José
Ignacío Petit e mais tarde com o professor e maestro Paulo Martins com a
pareceria da Banda Militar dos Açores. Em março de 2008 ingressou nas fileiras
do exército, onde concluiu o curso geral comum de Praças tendo ingressado na
Banda Militar dos Açores como trompetista tendo já representado Portugal a
nível internacional no festival de Tattoos realizado nas Bermudas em Novembro
de 2009. Foi maestro da Filarmónica Marcial Troféu da Povoação em 2010 e possui
o certificado de formador no sistema de Educação Extraescolar. Ingressou no
Conservatório Regional de Ponta Delgada na Classe do professor Duarte Alves. Em
2011 concorreu à Escola Profissional de Música Metropolitana de Lisboa tendo
seguido o curso profissional de trompete na classe do Professor Filipe Coelho.
Colaborou com o cantor Aníbal Raposo na gravação do CD intitulado de “ A rocha da
Relva” bem como a realização de Videoclipes.
Em maio de 2014 Hugo
Araújo fez a sua primeira Digressão a Paris (França) com a sua classe de
trompetes onde teve aulas com Bruno Nouvion, Antoine Curé e ÈricAubiernuma parceria
com o Conservatório Superior de Paris. Em Dezembro de 2014 Hugo Araújo
concorreu à Orquestra Sinfónica da Jornada Mundial da Juventude Sediada na
Cidade Madrid tendo conseguido um lugar na prestigiada Orquestra e onde
actualmente faz muitos concertos por ano.
Master classes de trompete
Hugo Araújo estudou na
Academia Nacional Superior de Orquestra, Academia esta suportada e projectada
pela Orquestra Sinfónica Metropolitana de Lisboa, onde tem como principais
professores de trompete Sérgio Charrinhoe Rui Mirra, tendo já colaborado inúmeras
vezes com esta Orquestra, sob a orientação de conceituados Maestros como
Michael Zilm, EmilioPomarico, Jean MarcBurfin, Pedro Amaral e Cesário Costa.
Frequentou master classes
de trompete com os professores e solistas internacionais Michael Sachs,Fábio
Brum, Giuliano Sommerhalder, Sérgio Couto, Laurent Filip , GaborTarkovic,
JeroenBerwaerts ,NenadMarkovic, Martin Angerer, FruzsinaHara, Win Van Hesselt,
Steve Mason, Jorge Almeida, António Quitalo, Sérgio Pacheco, João Moreira, Bruno
Nouvion, Antoine Curé, ÈricAubier, Scott Lashbrook,kristianSteenstrup, Chris Kase,Marco
Pierobon, João Mogo, Carlos Sílva, Gonçalo Marques, Tomás Pimentel, Gileno
Santana, Claudio Silva.
António Pedro Costa
In
Correio dos Açores, 25 de janeiro de 2015
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