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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

GOVERNO DOS AÇORES DIZ QUE COMBATE À EUTROFIZAÇÃO DE LAGOAS REGISTA EVOLUÇÃO FAVORÁVEL

O secretário da Agricultura e Ambiente dos Açores disse ontem que o combate à eutrofização das lagoas das Furnas e das Sete Cidades apresenta uma evolução favorável, volvidos 10 anos de intervenção, que é criticada pelo autarca da Povoação.

“O processo de eutrofização da lagoa das Furnas está controlado fruto de um conjunto de projetos que foram desenvolvidos e que continuarão a ser no âmbito do plano de ordenamento dessa bacia hidrográfica”, declarou Luís Neto Viveiros.

O governante presidiu esta tarde à apresentação pública do segundo relatório de avaliação do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas, localizada no concelho da Povoação, ilha de São Miguel. Contudo, à margem da cerimónia, o presidente da Câmara, Carlos Ávila (PS), declarou aos jornalistas que a autarquia se sentiu “completamente marginalizada” neste processo.

“Oito milhões depois, nós teríamos feito um melhor trabalho na massa de água da lagoa das Furnas”, declarou o socialista Carlos Ávila, que considerou o relatório apresentado “muito pobre”.

O autarca aludia aos 8,2 milhões de euros investidos pelo Governo Regional em 10 anos na Lagoa das Furnas, sete milhões dos quais se destinaram exclusivamente à compra de 300 hectares de terrenos que estavam ocupadas por pastagem. O restante foi investido em bacias de retenção, entre outros projetos.

“Aquilo que se conseguiu até agora foi, de facto, estabilizar o processo de eutrofização. Ao fim de todo este tempo, a qualidade da água mantém-se, não tendo havido avanço”, frisou o titular da pasta do Ambiente na apresentação.

De acordo com Luís Neto Viveiros, o segundo relatório de avaliação foi elaborado com base na implementação de 50% das medidas, desenvolvidas até 2014.

O responsável declarou que ficaram de fora neste relatório as medidas que resultaram da retirada das últimas pastagens das margens da Lagoa das Furnas, o que contribuiu para depositar nutrientes no fundo da bacia hidrográfica.

Luís Neto Viveiros revelou que, uma vez retirada toda a lavoura das margens da Lagoa das Furnas, o executivo vai lançar em breve, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Rural (PDR), um concurso público que visa arborizar um espaço de cerca de 60 hectares correspondente à última pastagem adquirida.

O governante declarou que se pretende agora rever o ordenamento da lagoa, num processo que se espera de participação cívica, mantendo-se algumas medidas e avançando com outras áreas que considera terem sido lacunas registadas, designadamente no âmbito do turismo, ocupação do solo, atividades de venda, lazer e desporto.

Referindo-se especificamente às Sete Cidades, no concelho de Ponta Delgada, Neto Viveiros declarou que no caso da lagoa azul existem “registos mais significativos” do que nas Furnas, o que deriva do desvio dos caudais de água e dos afluentes sólidos.

O diretor regional do Ambiente acrescentou que o governo açoriano vai avançar entretanto para uma fase de recuperação da qualidade trófica da água da lagoa, bem como proceder à obstipação dos nutrientes.

É ainda intenção do executivo, de acordo com Hernâni Jorge, promover uma intervenção estética na lagoa das Furnas com recurso a uma tecnologia baseada em ultrassons.

O autarca da Povoação considera que os técnicos ligados ao projeto “têm tido uma postura de que a lagoa das Furnas é deles”, quando é “essencialmente do povo”.

“Não basta virem dizer que não há participação quando eles não se colocam à disponibilidade da participação dos outros”, concluiu Carlos Ávila.

Fonte: Lusa, 28 Jan, 2015.

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