O secretário da
Agricultura e Ambiente dos Açores disse ontem que o combate à eutrofização das
lagoas das Furnas e das Sete Cidades apresenta uma evolução favorável, volvidos
10 anos de intervenção, que é criticada pelo autarca da Povoação.
“O
processo de eutrofização da lagoa das Furnas está controlado fruto de um
conjunto de projetos que foram desenvolvidos e que continuarão a ser no âmbito
do plano de ordenamento dessa bacia hidrográfica”, declarou Luís Neto Viveiros.
O
governante presidiu esta tarde à apresentação pública do segundo relatório de
avaliação do Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas,
localizada no concelho da Povoação, ilha de São Miguel. Contudo, à margem da
cerimónia, o presidente da Câmara, Carlos Ávila (PS), declarou aos jornalistas
que a autarquia se sentiu “completamente marginalizada” neste processo.
“Oito
milhões depois, nós teríamos feito um melhor trabalho na massa de água da lagoa
das Furnas”, declarou o socialista Carlos Ávila, que considerou o relatório
apresentado “muito pobre”.
O
autarca aludia aos 8,2 milhões de euros investidos pelo Governo Regional em 10
anos na Lagoa das Furnas, sete milhões dos quais se destinaram exclusivamente à
compra de 300 hectares de terrenos que estavam ocupadas por pastagem. O
restante foi investido em bacias de retenção, entre outros projetos.
“Aquilo
que se conseguiu até agora foi, de facto, estabilizar o processo de
eutrofização. Ao fim de todo este tempo, a qualidade da água mantém-se, não
tendo havido avanço”, frisou o titular da pasta do Ambiente na apresentação.
De
acordo com Luís Neto Viveiros, o segundo relatório de avaliação foi elaborado
com base na implementação de 50% das medidas, desenvolvidas até 2014.
O
responsável declarou que ficaram de fora neste relatório as medidas que
resultaram da retirada das últimas pastagens das margens da Lagoa das Furnas, o
que contribuiu para depositar nutrientes no fundo da bacia hidrográfica.
Luís
Neto Viveiros revelou que, uma vez retirada toda a lavoura das margens da Lagoa
das Furnas, o executivo vai lançar em breve, no âmbito do Plano de
Desenvolvimento Rural (PDR), um concurso público que visa arborizar um espaço
de cerca de 60 hectares correspondente à última pastagem adquirida.
O
governante declarou que se pretende agora rever o ordenamento da lagoa, num
processo que se espera de participação cívica, mantendo-se algumas medidas e
avançando com outras áreas que considera terem sido lacunas registadas,
designadamente no âmbito do turismo, ocupação do solo, atividades de venda,
lazer e desporto.
Referindo-se
especificamente às Sete Cidades, no concelho de Ponta Delgada, Neto Viveiros
declarou que no caso da lagoa azul existem “registos mais significativos” do
que nas Furnas, o que deriva do desvio dos caudais de água e dos afluentes
sólidos.
O
diretor regional do Ambiente acrescentou que o governo açoriano vai avançar
entretanto para uma fase de recuperação da qualidade trófica da água da lagoa,
bem como proceder à obstipação dos nutrientes.
É
ainda intenção do executivo, de acordo com Hernâni Jorge, promover uma
intervenção estética na lagoa das Furnas com recurso a uma tecnologia baseada
em ultrassons.
O
autarca da Povoação considera que os técnicos ligados ao projeto “têm tido uma
postura de que a lagoa das Furnas é deles”, quando é “essencialmente do povo”.
“Não
basta virem dizer que não há participação quando eles não se colocam à
disponibilidade da participação dos outros”, concluiu Carlos Ávila.
Fonte:
Lusa, 28
Jan, 2015.
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